Plano de insolvência da dona da Visão discutido esta terça-feira pelos credores. Segurança Social pede adiamento
A Segurança Social, um dos principais credores, vai pedir o adiamento da votação do plano de insolvência da dona da Visão para poder avaliar a nova versão apresentada por Luís Delgado.
A assembleia de credores da Trust in News (TiN) discute esta terça-feira o plano de insolvência da empresa, que prevê uma injeção de até 1,5 milhões de euros, numa diligência marcada no Tribunal de Sintra.
No entanto, a Segurança Social (um dos principais credores) vai pedir o adiamento da votação do plano de insolvência da dona da Visão e de outras publicações como a Exame ou Jornal de Letras, segundo avançou o Expresso e confirmou o +M, uma vez que Luís Delgado, acionista único da empresa, entregou uma nova versão do plano na sexta-feira, dia 2 de maio. Autoridade Tributária, Impresa e Novobanco completam o conjunto de principais credores.
A Segurança Social pretende assim analisar e votar por escrito a nova versão do plano entregue por Luís Delgado, com o objetivo de acomodar as exigências dos credores, como a do pagamento dos impostos referentes a dezembro. Este é o único atraso no pagamento de impostos desde a declaração de insolvência, a 4 de dezembro, o qual Luís Delgado se comprometeu a fazer em tempo útil.
O plano da TiN prevê a injeção de um valor de até 1,5 milhões de euros pelo acionista único, Luís Delgado, o encerramento da delegação do Porto e busca de soluções para publicações deficitárias.
Segundo o documento, a que a Lusa teve acesso, a TiN, que detém publicações como a Visão e a Exame, propõe aos credores um “compromisso de aporte de até 1,5 milhões de euros, faseadamente, e em função das necessidades da empresa para reforçar a tesouraria”, por parte do acionista único.
O plano mantém ainda a intenção de suspender, licenciar ou vender publicações deficitárias como TV Mais, Telenovelas, Caras Decoração, Prima, Visão Saúde, Visão Surf e This Is Portugal, sendo que, “com exceção da Telenovelas, todas as outras publicações já estão suspensas”.
“A TIN está empenhada a tentar encontrar estas soluções (venda/licenciamento) no mais curto espaço de tempo, ainda em 2025”, indicou.
“Pretende ainda um ajuste na periodicidade, se necessário, de algumas revistas, mantendo apenas as mais rentáveis”, além da redução de 70% do espaço físico (50% já foi reduzido) e o “encerramento da delegação no Porto”.
Será ainda reduzido “o quadro de funcionários, proporcional à suspensão publicações, com reestruturação interna” e “os custos com pessoal não poderão ultrapassar os 250 mil euros/mês, objetivo alcançável, com o apoio e intervenção do administrador da insolvência”, referiu.
Quanto ao pagamento das dívidas proposto, será faseado, no caso da Autoridade Tributária e Segurança Social em 150 prestações, além de um “plano de pagamento de 12 a 15 anos para credores comuns e garantidos” e da “possibilidade de permuta de publicidade para pagamento de parte das dívidas”.
Para aumentar receitas, o plano prevê o “aumento de assinaturas digitais e melhoria da plataforma de ‘e-commerce’”, parcerias “estratégicas com outros grupos editoriais”, a “exploração de novos formatos de conteúdo, como ‘podcasts’ e vídeos”, e o “licenciamento de marcas para gerar receita adicional”.
Quanto ao impacto desta reestruturação, a empresa aponta uma “melhoria gradual da rentabilidade, com um retorno a resultados positivos esperado a médio prazo”, evitando-se assim a liquidação da empresa e “preservando postos de trabalho e ativos”. Ficará, segundo o plano, ajustado “o modelo de negócio para um formato mais sustentável, alinhado às tendências digitais”, garantindo ainda o “pagamento aos credores, comparativamente a um cenário de liquidação, onde muitos não receberiam seus créditos”.
O plano prevê também a “criação imediata de uma ‘Task Force’ com dois diretores editoriais, diretora comercial, diretora financeira e diretor de recursos humanos, com a tarefa de reanalisar todos os custos e contratos passíveis de serem renegociados ou cessados, sem qualquer penalização para a empresa, e apresentar medidas e sugestões para aumentar as receitas, tendo em conta os recursos existentes” e os melhores exemplos nacionais e internacionais. As sugestões deste órgão “serão implementadas após aprovação da gerência e do administrador da insolvência”.
A proposta para a continuidade da TiN, mediante a apresentação de um plano de insolvência, tinha sido aprovada em assembleia de credores, em 29 de janeiro, mantendo-se os títulos em atividade.
Fundada em 2017, a Trust in News é detentora de 16 órgãos de comunicação social, em papel e digital.
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