Apenas 10% dos portugueses dizem pagar por notícias online
A franja de 10% de portugueses que afirmam pagar por notícias online espelha uma diferença negativa de oito pontos percentuais face à média global. Potencial de expansão também parece limitado.
Portugal surge na cauda da Europa no que dizem respeito a pagar por notícias online. “Portugal continua a apresentar uma das taxas mais baixas de pagamento por notícias em formato digital entre os 48 países analisados no Reuters Institute Digital News Report 2025, com apenas 10% dos portugueses a afirmarem ter pago por notícias online no ano anterior — uma quebra de 2 pontos percentuais face a 2024″, aponta-se no relatório.
Esta tendência “confirma o cenário de estagnação observado nos últimos anos, em linha com o que se verifica também em vários mercados europeus, incluindo países tradicionalmente mais fortes em subscrição digital, como a Suécia ou a Noruega”, lê-se ainda.
A franja de 10% de portugueses que afirmam ter pago por notícias online espelha uma diferença negativa de oito pontos percentuais face à média global de 18%, ligeiramente acima de 2024 (+1 pp.), com a Suíça a destacar-se como uma das poucas exceções a esta tendência de estagnação, ao registar um crescimento expressivo (+5 pp.)”.
Em Portugal, um terço opta pela opção de subscrição contínua de notícias digitais, “embora tenha aumentado a proporção daqueles que acedem a notícias através de serviços que incluem este conteúdo de forma indireta (33%)“. O pagamento por pacotes combinados de impresso e digital também cresceu (23%), assim como o pagamento isolado por artigo ou edição (20%).
“A doação para apoiar marcas ou serviços jornalísticos mantém expressão residual (10%), embora tenha aumentado ligeiramente”, refere o relatório. Mais de dois terços (70%) dos que pagam por notícias digitais “mantêm esse compromisso de forma contínua, o que sugere fidelização entre a base de subscritores existentes”.
Contudo, o potencial de expansão continua limitado: “66% dos não pagantes afirmam não ter interesse em qualquer das condições propostas para virem a pagar por notícias online, o que reforça a persistência de barreiras culturais e económicas à monetização digital de notícias em Portugal”.
O Expresso e Público “destacam-se como as marcas que os portugueses mais subscrevem de forma regular (Expresso de forma acentuada, com 39% face aos 26% do Público), seguindo-se o Observador (19%) e Correio da Manhã (18%)”, refere o DNRPT25, sendo que este indicador não pretende ser uma fonte fiável sobre o desempenho na circulação digital paga.
Televisão mantém-se como a principal fonte de acesso a notícias em Portugal
A televisão continua também, segundo o relatório deste ano, a ser a “principal fonte de acesso a notícias em Portugal, sendo utilizada por 67% dos portugueses e assumindo-se como a principal via de acesso para 53% da população“. Portugal, aliás, destaca-se na utilização da televisão como principal fonte de notícias, ficando apenas atrás do Japão.
E apesar de a internet igualar a televisão em termos de utilização geral (67%), “apenas 19% a apontam como fonte principal, confirmando a persistência da hegemonia da televisão, sobretudo entre os mais velhos“.
Já nos jovens entre os 18 e 24 anos regista-se uma propensão para o digital: mais de quarto (26%) privilegia a Internet (sem redes sociais) e 24% as redes sociais como vias principais de acesso a notícias.
A rádio e a imprensa “mantêm papéis mais marginais (7% e 4%, respetivamente), enquanto os podcasts e os chatbots de IA [inteligência artificial), introduzidos pela primeira vez na medição em 2025, revelam uma utilização residual como fonte principal (1% cada), apesar de 6% e 4% dizerem ter usado estas opções na semana anterior, respetivamente”.
Os motores de busca (28%) lideram como porta de entrada para as notícias, seguidos pelo acesso direto a sites (19%) e pelas redes sociais (20%), “um padrão que contrasta com o cenário global, onde as redes sociais lideram”.
Por sua vez, o consumo de notícias locais e regionais em Portugal este ano “confirma a relevância deste segmento para uma parte significativa da audiência”, com algumas diferenças marcantes entre perfis sociodemográficos.
No geral, “38% dos portugueses dizem ter interesse por notícias locais e regionais, com maior prevalência entre homens, pessoas mais velhas, com rendimentos mais altos, maior escolaridade e com posicionamento político declarado”. Entre os temas mais procurados estão a cultura local (38%), informações sobre serviços locais (35%) e notícias locais (34%).
Estes dados revelam que, “apesar da atenção que o crime ou a política local possam atrair, os conteúdos mais procurados estão associados à vida cultural, à utilidade prática e ao quotidiano das comunidades”, seguida da política local/administração (27%).
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