A demissão da direção de informação da RTP, a reestruturação e o plano estratégico
Além de demitir a direção de informação, a RTP avançou também com uma reestruturação, sendo eliminadas 11 direções. Veja as alterações e recorde o plano estratégico da empresa.
No dia em que é conhecida a demissão da direção de informação da RTP liderada por António José Teixeira, a administração anunciou também internamente, como avançou o +M, uma reestruturação na empresa. O organograma da RTP vai passar assim a estar organizado em quatro grandes áreas: corporativa (10 direções), operações (quatro direções), conteúdos temáticos (sete direções) e conteúdos programáticos (sete direções). São assim eliminadas 11 direções, passando-se de 39 para 28.
Nesta nova organização, a RTP passa a ter 23 diretores (com cinco direções em acumulação), que comparam com os atuais 30 diretores e diretores adjuntos a reportar ao conselho de administração.
No seu “Projeto Estratégico 2024-2026“, a RTP já identificava como “fatores críticos de sucesso” uma “nova organização e novos processos”, o que passa por “rever o organograma, para maior capacidade de decisão, agilidade e reduzir silos”, pela criação de comités multidisciplinares permanentes, focados na transição digital (editorial de informação, para maiores sinergias e capacidade multiplataforma, conteúdos temáticos, para adequar os conteúdos às plataformas de consumo, produção e tecnologia, para novos processos produtivos e ferramentas, recursos humanos, para novas formas de trabalhar e novas competências).
Nomeadamente, e ainda dentro da informação, o Plano Estratégico previa a criação de um Comité Editorial de Informação, com o objetivo de “definir uma abordagem sinérgica e integrada na produção de informação para multiplataforma, mantendo a capacidade de desenvolver os formatos específicos das plataformas de televisão, rádio e digitais”.
O mesmo documento, que observava que “ter uma informação de elevada qualidade e confiança é o principal motor do Serviço Público de Media”, previa ainda a ampliação da redação para “facilitar novos processos e sinergias multiplataforma”, e a revisão dos processos administrativos “para tomada de decisão mais ágil”.
Além disso, apontava já para a renovação da “imagem da informação, multiplataforma” e para “novos estúdios de televisão”, assim como vaticinava a revisão da “estratégia global de marcas RTP, particularmente na informação, e respetiva comunicação e métricas de avaliação”.
Outra das medidas referidas no documento é a do desenvolvimento de “mais processos internos e barómetros e estudos externos de avaliação da qualidade dos conteúdos, nomeadamente do rigor, independência, sobriedade, pluralismo e confiança na informação”, assim como identificar e implementar “medidas de melhoria”.
No documento adiantava-se também que a RTP iria “acelerar o processo de transformação digital“, sendo que para agilizar o processo seriam “simplificadas as estruturas de direção da RTP, conferindo assim às primeiras linhas de direção uma maior capacidade de coordenação e implementação dos projetos de desenvolvimento e eficiência”.
No âmbito da renovação e qualificação dos trabalhadores, o plano elegia também como fatores críticos de sucesso o lançamento de um plano de saídas e novas contratações “com competências digitais”, a realização de um programa de formação “multiplataforma, inteligência artificial e funções técnicas” e manutenção da paz social, com “maior participação, mecanismos de motivação e maior transparência na comunicação”.
Recorde-se que a primeira fase do plano de saídas voluntárias da RTP, cujas candidaturas terminaram a 18 de abril, contou com mais de 130 candidatos, um número que se situou “acima do previsto”. O custo previsto para esta fase situava-se na ordem dos 5,5 milhões de euros. Uma segunda fase de saídas voluntárias está prevista para o final do ano, mas dependerá de financiamento.
Para implementar um plano “tão ambicioso de transformação empresarial, com investimentos elevados de renovação tecnológica e na renovação do quadro de pessoal, é necessário contar com o apoio do acionista” — ou seja, o Estado –, lê-se ainda no “Projeto Estratégico 2024-2026”, que se divide entre seis pilares estratégicos (informação, inovação, organização multiplataforma, literacia mediática, proximidade à sociedade e gestão responsável).
Recorde-se que no início de março a estação celebrou com o Governo um novo contrato de concessão do serviço público de media. O documento passou a permitir à administração da RTP proceder ao lançamento e ao encerramento de serviços de programas televisivos e radiofónicos, mas acolhendo os pareceres da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) e do Conselho Geral Independente, prevê o parecer prévio, mas não vinculativo, do Conselho de Opinião.
Em relação à publicidade, manteve-se a recomendação de que a RTP1 “deve ser tendencialmente” não financiada por publicidade televisiva comercial, “não podendo esta, em qualquer circunstância, exceder 12 minutos em cada período de 2 horas”. Ou seja, em vez dos anteriores seis minutos por hora, a estação mantém os 12 minutos para o espaço de duas horas, mas com liberdade para os distribuir de outra forma.
O novo contrato de concessão do serviço público de media foi encarado como um “sinal de confiança” em quem gere a RTP pelo então ministro com a tutela da comunicação social, Pedro Duarte, na cerimónia de assinatura do contrato. O ex-ministro dos Assuntos Parlamentares defendeu que para haver independência na informação e programação, “é importante que também haja independência nos próprios meios de gestão, recursos alocados e na capacidade da empresa se organizar de uma determinada maneira”.
A RTP fechou 2024 com resultados líquidos positivos pelo décimo quinto ano consecutivo, no valor de 341 mil euros. Em 2023 o lucro tinha sido de 2,5 milhões.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.