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Regulador norte-americano aprova fusão da Omnicom e IPG mas com restrições

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A FTC só deu aval ao negócio depois de ter feito um acordo com a Omnicom e IPG para assegurar que o investimento publicitário não é limitado a alguns media por questões políticas ou ideológicas.

A Comissão Federal de Comércio dos EUA (FTC, na sigla em inglês) deu luz verde à fusão entre a Omnicom (OMG) e o Interpublic Group (IPG). A operação, avaliada em 13,5 mil milhões de dólares, levará à criação da maior agência de publicidade do mundo.

Esta autorização, no entanto, foi concedida na base de um acordo celebrado entre as duas holdings e a FTC, que proíbe a nova entidade de se articular com outras empresas para limitar o investimento publicitário em determinados media, publishers ou plataformas tendo por base “pontos de vista políticos ou ideológicos”.

A objeção do regulador ao negócio, que foi conhecido em dezembro, prendia-se então com o receio de desvio do investimento publicitário de alguns media, consoante as suas inclinações políticas, uma prática que a FTC considera anticoncorrencial. A aquisição da IPG por parte da Omnicom, negócio que gerará uma maior consolidação, poderia aumentar o potencial deste receio se tornar realidade. No seu comunicado, a FTC sublinha que as agências têm “um histórico de coordenação”.

“A coordenação entre agências de publicidade para suprimir o investimento publicitário em publicações com pontos de vista políticos ou ideológicos diferentes ​​ameaça distorcer não apenas a concorrência entre as agências de publicidade, mas também a discussão e o debate públicos. Este acordo impede a coordenação ilegal que tem como alvo pontos de vista políticos ou ideológicos, preservando, ao mesmo tempo, a capacidade de cada anunciante para escolher onde os seus anúncios serão exibidos“, refere Daniel Guarnera, diretor do departamento de concorrência da FTC, citado em comunicado.

Este desafio regulatório não prolongou significativamente o timing do negócio, embora venha sublinhar como a política também tem impacto no setor da publicidade. A Omnicom e a IPG dizem que o acordo deverá ser concluído no segundo semestre.

“Continuamos ansiosos para obter as aprovações regulatórias restantes e concluir a transação no segundo semestre deste ano, em linha com as expectativas que tínhamos quando anunciámos esta transação”, lê-se em comunicado.

Concluída a transação, os acionistas da Omnicom ficam com 60,6% da empresa combinada e os investidores da Interpublic os restantes 39,4%. Ambas as empresas estão presentes em Portugal. Através do acordo, ficarão juntas sob o mesmo teto agências como a BBDO, TBWA, Fleishman Hillard, OMD e PHD com agências como a McCann, Weber Shandwick, FCB ou Mediabrands.

Este é o maior acordo no setor desde a anunciada fusão da Publicis e da Omnicom, em 2013, que também teria criado o maior grupo de publicidade do mundo, e que foi cancelado após meses de negociações.

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