“O objetivo na TVI é sermos líderes na informação”, diz Nuno Santos
A TVI quer apostar no entretenimento e em projetos de ficção com duração mais curta, mas também assumir a liderança na informação. Descubra algumas das principais novidades e apostas para 2025/2026.
“No caso da TVI o nosso objetivo é sermos líderes na informação. No ano passado desafiámos muitas vezes o líder [SIC], ultrapassámo-lo algumas vezes, mas não fomos os líderes na informação. E o nosso objetivo é sermos líderes“, disse Nuno Santos, diretor de informação da TVI e diretor da CNN Portugal, num evento de apresentação de novidades para a nova temporada da estação do grupo Media Capital.
Já no que diz respeito à CNN, canal da Media Capital, o objetivo é “manter e consolidar a liderança enquanto canal de informação“, acrescentou em declarações à margem do evento, ao +M.
Em agosto, a CNN Portugal reforçou a liderança entre os canais de informação, crescendo 0,2 pontos percentuais para 2,9% de share, tendo ficado sete décimas à frente do News Now (2,2% de share), que no último mês ultrapassou a SIC Notícias (2,1%).
Numa avaliação a este cenário, Nuno Santos diz que o grupo “analisa todos os momentos de mercado com muita atenção“, sublinhando no entanto que “é preciso olhar para alguns resultados com alguma atenção mas também com a cautela que o verão sempre aconselha“. “Vamos ver agora como tudo se alinha em setembro, outubro e por aí fora”, acrescenta.
Em relação ao atual panorama da TVI, José Eduardo Moniz, diretor-geral do canal, diz que “o trabalho é feito todos os dias da mesma maneira com o objetivo de servir os espectadores e anunciantes da melhor maneira possível e da forma mais competente possível“.
A TVI, recorde-se, perdeu a liderança das audiências para a SIC em abril, não a tendo conseguido recuperar desde então. Em agosto, o share conseguido pela estação da Media Capital ficou 0,2 pontos percentuais (pp) abaixo do da rival do grupo Impresa. De acordo com a análise da Dentsu/Carat para o +M, a TVI registou um share de 14%, tendo sido vista por uma média de 291,8 mil pessoas.
Quanto a possíveis objetivos em termos de audiências, o diretor-geral da TVI diz que não se move pelos “mesmos raciocínios” do passado, defendendo que os conceitos que existiam em matéria de televisão “têm de ser reequacionados, porque a realidade das televisões e do consumo de conteúdos audiovisuais mudou”.
“Não podemos continuar a olhar para as coisas com os mesmos parâmetros. Alguém ser líder de audiência é muito relativo. Já não é assim que, pelo menos eu pessoalmente, encaro o assunto“, disse também em relação ao V+ TVI, canal lançado em agosto do ano passado em substituição do TVI Ficção, mas que ainda não conseguiu atingir os níveis de share do seu antecessor.
Numa comunicação entregue à Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) a Media Capital chegou a antecipar “um crescimento significativo de audiências” após o alargamento do âmbito do canal, “permitindo ao share de audiências crescer do atual nível, próximo dos 1,4%, até atingir um patamar superior aos 5% em 2030”. No último mês o canal do grupo registou um share de 0,7%.
Sobre o tema, José Eduardo Moniz disse ao +M que o mais recente canal da Media Capital “está a recuperar aos poucos” e que “dentro de alguns meses vai alcançar as audiências que tinha [o antigo canal] e passar para a frente”. “Não tenho dúvidas sobre isso”, afirmou.
Nas novidades em termos de ficção para a próxima temporada da TVI destacam-se as séries “Lisbon Noir” e “Ninguém como Tu”, assim como as novelas “Amor à Prova” e “Terra Forte”. Nesta matéria, José Eduardo Moniz reforçou que a estação tem um “objetivo determinante” para os próximos tempos, que passa por uma diminuição da extensão das produções, particularmente das novelas.
“Queremos que o espectador português não tenha de esperar um ano pelo fim de uma história, o que significa que queremos encurtar a duração das nossas produções de ficção“, afirmou ao +M.
Dentro do entretenimento, a nova grelha da TVI vai ainda apostar numa nova temporada de “Secret Story”, no game show “Ora bolas” apresentado por Maria Cerqueira Gomes, nos programas “Momento Certo” e “A Sentença” apresentados por João Patrício, no “Dois às 10” de Cláudio ramos e Cristina Ferreira, em “Funtástico”, com Manuel Luís Goucha, no concurso “Ganha Já” apresentado por Nuno Eiró, e no programa “Em Família”, que conta com Mónica Jardim e Idevor Mendonça.
Ainda em matéria de informação, Nuno Santos destacou dois eventos num futuro próximo, as Eleições Autárquicas e Presidenciais, no âmbito das quais os canais da Media Capital estão a preparar uma cobertura “bastante ambiciosa” com equipas no terreno, sondagens “com uma visão um pouco distinta do que é hábito e mais fina” e com um “modelo de apresentação e de comunicação com os espectadores que vai ser bastante surpreendente”, disse, sem querer adiantar mais pormenores.
Vai ainda ser feita uma aposta em debates com os candidatos de Lisboa e do Porto na semana de 22 de setembro, assim como com os de outras cidades que “de um ponto de vista editorial são as mais interessantes”.
“Mas não olhamos para o jornalismo como um palco apenas português, pelo que não deixaremos, numa fase muito angustiante e inquieta do mundo, de estar nos vários sítios onde as coisas estão a acontecer“, acrescentou o diretor de informação da TVI.
Está também a ser preparado um “conjunto de mudanças” alinhadas com o quarto aniversário da CNN, que se celebra em novembro, estando a redação também a ser organizada “de forma a que sejam criados jornais que estejam mais próximos dos espectadores“, disse o responsável à margem do evento que ocorreu poucos meses depois da compra dos jornais Sol e I por parte da Media Capital.
A nova grelha, aliás, foi também apresentada no evento sob a forma de uma edição especial do jornal Sol “numa espécie de brincadeira”. O grupo tem estado a trabalhar ao nível da redação para poder “criar sinergias com a equipa do Sol e de encontrar as melhores formas de tornar o jornal mais forte”, detalhou o responsável, avançando que o mesmo “vai ser relançado oportunamente“. “Consideramos que o Sol é uma marca que pode valorizar o grupo“, afirmou.
Numa altura em que os canais da Media Capital têm transmitido os jogos em casa do Moreirense, após um acordo celebrado com o clube minhoto — já após a TVI ter transmitido 12 dos 63 jogos do Mundial de Clubes da FIFA entre junho e julho — o diretor-geral da TVI José Eduardo Moniz defendeu a ideia de que o desporto “faz parte integrante da programação de uma televisão generalista” e que o canal “está a trabalhar nesse sentido”, sem adiantar se poderão estar em cima da mesa mais acordos do género.
Sobre este tema, Daniel Oliveira, diretor geral de entretenimento da SIC, disse também esta quarta-feira que a SIC “está sempre à procura de investimentos que sejam racionais com a realidade portuguesa e o contexto português”, pelo que o canal poderá considerar a possibilidade de também investir nesta área “quando surgirem boas oportunidades e que tenham enquadramento financeiro”.
A posição foi defendida esta quarta-feira, quando a também apresentou as novidades para a nova temporada, tendo Daniel Oliveira defendido que o desafio da estação “é diário e permanente, independentemente dos resultados”.
Questionado sobre a posição do canal em relação à sua liderança, Daniel Oliveira disse que a SIC “trabalha todos os dias com o mesmo propósito, que é ter mais um espectador que no dia anterior e cativar os que já estão com o canal”, sendo esse “um desafio diário independentemente desse resultado e da liderança“.
A Media Capital — dona da TVI, CNN Portugal, V+ TVI, TVI Reality e dos jornais Sol e I — fechou o primeiro semestre com lucros de 14 mil euros, uma recuperação face ao prejuízo de 2,67 milhões registado nos primeiros seis meses de 2024.
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