Impresa valoriza 97% em sessão histórica da bolsa nacional

Luís Leitão,

À boleia da entrada de potenciais novos investidores, as ações da Impresa escalaram para máximos de mais de três anos, com cerca de 17,8% do capital negociado em bolsa a trocar de mãos.

As ações da Impresa protagonizaram nesta segunda-feira a maior valorização diária da sua história de 25 anos em bolsa, com uma subida espetacular de 96,8% para 24,8 cêntimos — o valor mais elevado desde 4 de abril de 2022.

A acompanhar a escalada das ações da empresa dona da SIC e do Expresso esteve também uma elevada liquidez dos títulos, com cerca de 14,5 milhões de ações a trocarem de mãos, o equivalente a 17,8% do free float da empresa.

Esta movimentação sem precedentes colocou a capitalização bolsista da Impresa em 41,66 milhões de euros (face aos 21,1 milhões com que fechou na sexta-feira), conferindo com isso um aumento do património de Francisco Pinto Balsemão, fundador da Impresa, em 7,4 milhões de euros (sendo que 86% deste ganho patrimonial foi alcançado durante o período da manhã, num reflexo da intensidade da procura pelos títulos).

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O desempenho dos títulos na Euronext Lisboa resulta diretamente das negociações em curso entre a Impregerholding controla 50,31% da Impresa e que é maioritariamente detida pela família Balsemão – e o gigante italiano MediaForEurope (MFE), controlado pela família Berlusconi.

O grupo italiano, que fatura cerca de 3 mil milhões de euros e tem operações em Itália, Espanha e Alemanha, está a avaliar uma entrada no mercado português através da aquisição de uma participação na estrutura acionista da Impresa, como noticiou o ECO.

Segundo fontes próximas do processo, o negócio poderá envolver a aquisição de 75% da Impreger, o que significaria uma mudança de controlo acionista e a consequente obrigatoriedade de lançar uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre a totalidade das ações da Impresa SGPS, nos termos dos artigos 186º e seguintes do Código de Valores Mobiliários.

Mas a euforia desta segunda-feira em redor dos títulos da Impresa não deve fazer esquecer a trajetória de destruição de valor que caracteriza a empresa em bolsa. Desde o IPO realizado em 6 de junho de 2000, quando as ações fecharam o primeiro dia nos 5,7 euros, os títulos acumulam uma desvalorização de 95,6%.

A entrada da MFE representa potencialmente o fim do controlo nacional absoluto da família Balsemão sobre a Impresa, mas também a sua salvação financeira. Com uma solidez que contrasta com a fragilidade da empresa portuguesa, o grupo da família Berlusconi possui os recursos necessários para uma recapitalização efetiva e para devolver estabilidade ao grupo que detém duas das principais marcas mediáticas portuguesas.

As negociações estão na reta final, segundo fontes próximas, e poderão estar concluídas muito brevemente. A sessão desta segunda-feira ficará para a história como o dia em que os mercados anteciparam essa transformação, numa valorização que dificilmente se repetirá na praça portuguesa.

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