Entrada da MFE na Impresa é benéfica “sobretudo se introduzir uma maior racionalização nas estratégias comerciais das empresas”
"Quanto mais competitivo o mercado for, melhor. Se a entrada dos italianos [da MFE] na Impresa significar isso, é bom para o mercado", diz o Moniz, à margem da apresentação nas novidades da CNN.

O facto de capital estrangeiro se interessar por Portugal “é sinal que as empresas têm potencial“, entende José Eduardo Moniz, diretor-geral da TVI, questionado sobre a provável chegada da MediaforEurope (MFE) a Portugal. O grupo italiano, recorde-se, está a negociar a entrada na Impresa, o que deve ser feito por um aumento de capital que lhe dará uma posição de até 33% da dona da SIC e do Expresso.
“Acho que quanto mais competitivo o mercado for, melhor. Se a entrada dos italianos na Impresa significar isso, acho que é bom para o mercado. É benéfico sobretudo se introduzir uma maior racionalização nas estratégias comerciais das empresas“, disse ao +M, à margem da apresentação de novidades da CNN para os próximos meses.
Na sua intervenção no evento, que teve lugar nos estúdios da CNN, José Eduardo Moniz começou por sublinhar que “não é fácil para qualquer canal chegar a este panorama tão competitivo e afirmar-se imediatamente como líder”, apontando que a CNN continua “na luta” e que acredita que “vai continuar a marcar o passo e a ser a referência”.
“A nossa ambição é muito grande, não se limita ao que temos vindo a fazer. Vão haver surpresas daqui a algum tempo que atestam a capacidade do grupo Media Capital, no sentido de dar crescimento às suas atividades e se afirmar como player de relevância num contexto que não seja apenas nacional. Estamos a trabalhar para isso e esperamos que haja notícias sobre o assunto daqui a algum tempo“, acrescentou.
Já Nuno Santos, diretor da CNN, diz-se orgulhoso do percurso feito pelo canal desde o seu lançamento há quatro anos, a 21 de novembro de 2021, mas coloca os olhos no futuro. “Quatro anos depois estamos satisfeitos com o percurso feito. Mas o que nos interessa é o que temos para fazer, não é o que fizemos. Claro que nos deixa satisfeitos e orgulhosos, mas se vivermos do que fizemos isso não nos leva a parte nenhuma“, afirmou.
No entanto, “quando a CNN chegou e se afirmou como líder de mercado, o contexto competitivo era outro“, concede, recordando que o canal de notícias da Media Capital não enfrenta só a SIC Notícias, como também o Now (canal de notícias da Medialivre lançado em junho de 2024) e a recém-relançada RTP Notícias, o que “traz competitividade e a obrigação de sermos melhores, mais criativos, mais rápidos e mais responsáveis“.
As notícias, a produção de vídeo e a “necessidade de estar em direto”, são o foco do canal, sublinhou ainda o também diretor de informação da TVI. “A CNN é o canal do que está a acontecer e não sabemos hoje o que vai estar a acontecer amanhã e, desse ponto de vista, o principal desafio é reforçar a nossa capacidade de termos mais equipas no terreno e estarmos mais presentes nos momentos que são relevantes“.
Quanto às novidades, umas arrancam ainda antes do final do ano, mas outras apenas chegam à grelha da CNN em janeiro/fevereiro, por se estar em período de eleição presidencial. Estas são inclusive as eleições presidenciais “mais importantes em 40 anos” (desde as de 1986, que elegeram Mário Soares), segundo Nuno Santos, que sublinha ainda a atual existência de um panorama do ponto de vista mediático e competitivo “radicalmente diferente”.
E este novo panorama obriga a “mil cuidados no acompanhamento dos candidatos, na forma como tratamos equitativamente cada uma das candidaturas e na maneira crítica que temos de ter na forma como olhamos para o que está a acontecer“, disse.
Entre as novidades apresentadas destaca-se um novo “Jornal“, conduzido por Ana Sofia Cardoso, e que se distingue “na forma, mais informativa, mais dinâmica, com maior diversidade de notícias e um painel residente de analisas — e não comentadores — que descodificam os temas do dia”, descreve-se em comunicado.
Além disso, a CNN aposta também no novo programa de informação “CNN 360“, com transmissão aos sábados e domingos, a partir das 22h, que conta “com um tema central, reportagem dedicada e com marca própria em termos editoriais”. O pivot será Francisco David Ferreira.
Em “Caiu na Rede” Filipe Santos Costa vai olhar para a atualidade “não a partir dos media convencionais, mas da comunicação paralela e por vezes tão ou mais relevante” que acontece nas redes. “Não é um programa de insólitos, mas não fugirá a momentos nunca antes vistos”.
Vai também ser relançado o “Top Story“, um segmento de informação com que a CNN pretende marcar o dia às 9h da manhã, mostrando os diferentes ângulos e perspetivas do assunto no topo da agenda.
Não tanto no jornalismo “puro e duro”, o canal de notícias da Media Capital aposta também no lançamento do “CNN Travel“, em parceria com a agência Abreu, que pretende “inspirar os espectadores a conhecerem diferentes culturas, paisagens e experiências à volta do mundo”. Já com a segunda temporada de “The art of tasting Portugal“, a CNN pretende lançar um olhar sobre a gastronomia e costumes dos diversos territórios do país.
A partir do início do ano a CNN vai também contar com dois novos analistas, que Nuno Santos considera que vão ser “muito relevantes e distintivos no mercado”, embora não tenha querido avançar nomes.
“Dissemos há um ano que queríamos liderar em canal aberto [ideia reforçada em setembro], somos líderes em canal aberto. E somos muito competitivos. Mesmo quando não somos líderes, estamos apenas ligeiramente atrás do nosso competidor. Mas, objetivamente, ao dia de hoje, somos líderes, o que implica um grande esforço das equipas, distinção face aos concorrentes, e ter uma ideia muito clara sobre o que queremos para a informação na TVI. E no cabo, também somos líderes e queremos continuar a ser líderes”, disse ainda Nuno Santos no final da apresentação.
“Ao mesmo tempo queremos desenvolver produtos para o digital, onde queremos ter mais informação económica, mais aprofundamento de alguns segmentos de informação, porque a ideia de que no digital as pessoas só veem coisas muito rápidas, não corresponde à realidade. Queremos também ter mais vídeo. Esses são os eixos principais da nossa atuação nos meses que se seguem e ao longo de todo o ano de 2026“, concluiu o diretor da CNN.
Em outubro, a CNN manteve o share de 2,6%, à frente dos concorrentes SIC Notícias (2,2%), Now (1,9%) e RTP Notícias (1%). Já a TVI recuperou a liderança das audiências, tendo terminado o décimo mês do ano com um share de 15,9%, o que se traduziu numa vantagem de 1,6 pontos percentuais (pp) em relação à SIC.
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