Risco de pobreza caiu em 2015, mas manteve-se igual para quem trabalha
O risco de pobreza baixou em 2015, mas entre a população idosa está mais alto. E continua a haver 10,9% de trabalhadores ameaçados pela pobreza.
O risco de pobreza baixou em 2015 para 19%, dos anteriores 19,5%, revelou esta quinta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE). Contudo, entre os idosos o risco de pobreza aumentou e continua a haver quase 11% da população trabalhadora que se enquadra neste indicador.
Segundo o INE, a taxa de pobreza em 2015 correspondia à proporção de habitantes com rendimentos monetários líquidos inferiores a 5.268 por ano, o equivalente a 439 euros por mês. Desta vez, ao contrário do que aconteceu em 2014, a linha de pobreza subiu.
O organismo explica que as fatias da população mais vulneráveis em 2015 foram, uma vez mais, as famílias compostas por dois adultos e pelo menos três crianças, e as famílias só com um adulto e pelo menos uma criança dependente.
Entre as crianças, (população com menos de 18 anos), o risco de pobreza baixou 2,4 pontos percentuais, para 22,4%. Contudo, entre os idosos houve um movimento oposto, com um aumento dos anteriores 17% para 18,3%. Os reformados sentiram esta subida: de 14,4% para 16%.
Risco de pobreza só subiu entre os idosos (%)
![Fonte: INE](https://ecoonline.s3.amazonaws.com/uploads/2016/12/risco-de-pobreza-01.png)
Também a população trabalhadora continua ameaçada pela pobreza. Tal como em 2014, continuou a verificar-se risco de pobreza em 10,9% dos empregados. Entre quem está desempregado, este risco sobe para 42%, um número igual ao registado em 2014.
A taxa de intensidade de pobreza, que mede a insuficiência de recursos da população em risco de pobreza, caiu 2,4 pontos percentuais face a 2014, para 26,6%.
Sem transferências sociais, 46,3% estaria em risco da pobreza
Se as famílias contassem apenas com rendimentos de trabalho e transferências privadas, 46,3% da população residente em Portugal estaria em risco de pobreza em 2015, ainda assim abaixo do valor do ano anterior (47,8%).
Só os rendimentos de pensões de reforma e sobrevivência contribuíram para uma redução de 21,2 pontos percentuais do risco de pobreza, “resultando assim numa taxa de risco de pobreza após pensões e antes de transferências sociais de 25,1%”, revela o INE.
Já as transferências sociais relacionadas com doença e incapacidade, família, desemprego e inclusão social contribuíram para uma redução em 6,1 pontos percentuais, menos do que no ano anterior. É depois de todas estas transferências que a taxa de risco de pobreza atinge os 19%.
Desigualdade na distribuição de rendimentos
Em 2015, o rendimento líquido dos 10% mais ricos era 10,1 vezes superior ao rendimento dos 10% mais pobres. Ainda assim, a distância reduziu-se (10,6 em 2014).
O coeficiente de Gini, que leva em conta a diferença de rendimentos entre toda a população, caiu ligeiramente para 33,9%.
Os dados do INE, neste caso já para 2016, indicam também que há menos pessoas (21,6%) em situação de privação material, ou seja, que não têm acesso a pelo menos três de nove itens relacionados com as necessidades económicas e de bens duráveis das famílias. A taxa de privação material severa (nos casos em que não há acesso a quatro itens) também caiu de 9,6% em 2015 para 8,4% em 2016.
Se, por exemplo, 51,3% das pessoas viviam, em 2015, em agregados sem capacidade para pagar uma semana de férias por ano fora de casa, em 2016 esta percentagem baixa para 47,2%.
Por fim, o INE indica ainda que, em 2015, 9,1% da população com menos de 60 anos vivia em agregados com intensidade laboral per capita muito reduzida (ou seja, em agregados em que a população entre 18 e 59 anos, excluindo estudantes, trabalhou em média menos de 20% do tempo possível).
(Notícia atualizada às 12h35 com mais informação)
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Risco de pobreza caiu em 2015, mas manteve-se igual para quem trabalha
{{ noCommentsLabel }}