Altice antecipa riscos do verão e deixa recados à Anacom e Nos

A Altice está a antecipar os riscos do verão e, em mensagem enviada há minutos aos colaboradores, Alexandre Fonseca explica as medidas já tomadas ou a adotar, quer ao nível técnico, quer ao nível dos recursos humanos, para os meses que aí vêm. Na mensagem a que o ECO teve acesso, o gestor não deixa de enviar recados implícitos à Nos e Anacom quando refere que, em 2017, depois dos incêndios de Pedrógão Grande, a Altice não olhou “a meios e a custos (…) tendo sido essa atuação sido bem distinta de de outros entidades, que tinham obrigações efetivas, e nunca em momento algum as cumpriram”. A Anacom é o regulador setorial e a Nos, recorde-se, era o operador de serviço público universal de telefone fixo.

Nesta mensagem, Alexandre Fonseca “regressa” a junho de 2017. “Fizemos tudo o que estava ao nosso alcance. A Altice Portugal esteve presente (…) mobilizando todos os meios, sem restrições, para garantir as comunicações e a proteção de pessoas e bens”. Depois dos incêndios, a Altice investiu cerca de 30 milhões de euros para recuperar as infraestruturas de comunicações nos cerca de 50 concelhos afetados.

“A experiência obrigou-nos a melhorar ainda mais”, escreve Alexandre Fonseca. “Com o verão a aproximar-se, quero partilhar as diversas medidas preventivas e excecionais, desenvolvidas pelas nossas áreas operacionais em articulação com outras direções”, acrescenta.

Do ponto de vista técnico, a Altice comunica aos seus colaboradores “a criação de reservas sazonais de drop [redundância] de cobre (500 km), de fibra ótica (1500 km), cabos aéreos de cobre, fibra ótica, postes, entre outros, para instalação rápida em caso de incêndio. Ainda a distribuição de equipamentos AVAC/FH ETH pelos locais do país com maior probabilidade de incêndio e o fornecimento de telefones satélite, por região, para ser usado em caso de ausência completa de comunicações, entre outras medidas.

Alexandre Fonseca sinalizou também as medidas tomadas ao nível dos recursos humanos. “Identificação de técnicos adequados disponíveis para serem chamados em regime de chamada acidental, para reforço de prevenção”, e ainda a “articulação de férias das equipas à maior probabilidade de incêndio em determinadas zonas”.

A mensagem de Alexandre Fonseca aos colaboradores surge também na sequência (e resposta) de um processo polémico em torno da rede Siresp, cujo capital passou para as mãos do Estado por um valor de sete milhões de euros, à própria Altice e à Motorola. A operadora foi visada nas críticas, desde logo pelo próprio primeiro-ministro na sequência dos incêndios, e respondeu sempre com dados que desmentiam responsabilidades da companhia nas falhas da rede Siresp.

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