Redes sociais são principal fonte de informação em Portugal
71,3% aponta a 'política' como sendo a área mais visada na desinformação, enquanto 59,2% destaca a 'guerra e os conflitos armados' como o assunto mais frequentemente alvo de fake news, diz Iberinfier
Oitenta e sete por cento dos inquiridos num estudo do observatório Iberinfier diz ter acesso às notícias através das redes sociais, deparando-se 37% com desinformação várias vezes por dia e tendo 97% detetado desinformação no último mês.
Tendo por base 530 questionários válidos no âmbito de um estudo sobre o impacto da desinformação em Portugal desenvolvido em 2022 pelo Observatório Ibérico de Media Digitais (Iberifier), verifica-se que 77,6% da amostra aponta a ‘fraca qualidade do jornalismo’, nomeadamente os ‘erros factuais’ e a ‘cobertura simplista’, como o tipo de desinformação que mais identificaram no último mês.
Já 72,1% sublinha o problema dos ‘factos parcialmente manipulados’, 48,5% destaca as ‘manchetes que parecem notícias, mas são publicidade’, 29,7% refere o ‘recurso ao termo fake news (por políticos, por exemplo) para desacreditar média que não lhes agradam’, 20,9% menciona as ‘notícias completamente falsas com objetivos políticos ou comerciais’ e 12,9% aponta os ‘artigos de teor humorístico que se assemelham a notícias (sátiras)’.
Entre os inquiridos pelo Iberifier, 71,3% aponta a ‘política’ como sendo a área mais visada na desinformação, enquanto 59,2% destaca a ‘guerra e os conflitos armados’ como o assunto mais frequentemente alvo de ‘fake news’ e 50,8% refere os ‘temas económicos’ como os mais afetados.
Quando questionados sobre as áreas em que a desinformação mais os preocupa, 84,0% elege a que tem origem no Governo, políticos e partidos e 79,0% refere a que é disseminada pelos comentadores nas redes sociais, enquanto 75,0% menciona a que parte dos jornalistas ou dos media e 72,0% a proveniente de governos ou políticos internacionais.
No que se refere às plataformas de disseminação da falsa informação, 83,8% manifesta apreensão com a difusão feita através das redes sociais (como o Facebook, Twitter, Instagram ou YouTube), 68,6% aponta a divulgada nos sites ou apps dos social media, 59,9% está preocupado com a desinformação veiculada em motores de busca (como o Google ou Bing) e 53,0% menciona as aplicações de mensagens instantâneas, como o Whatsapp ou o Telegram.
Do inquérito resulta ainda que 72,0% dos inquiridos deixou de confiar num meio de comunicação após ter detetado que este veiculou desinformação ou notícias falsas, 23,8% diz que, na maior parte das vezes, não se pode confiar nas notícias e 77,2% declara que não pode confiar na maior parte da informação das redes sociais. Já 26,9% dos inquiridos considera que, na maior parte das vezes, os media não são confiáveis, 26,8% afirma o mesmo relativamente aos jornalistas e 55,9% diz que as notícias constantes dos motores de busca não são, na sua grande parte, fidedignas.
Relativamente às fontes em que mais confiam para obter informação ou saber mais sobre um tema, 78,7% escolhe os cientistas e 56,2% os jornalistas, seguidos dos médicos (39,6%), dos ativistas (14,7%) e dos comentadores (11,9%). Quanto aos meios de comunicação aos quais mais recorrem para obter informação, 67,6% dos inquiridos refere a SIC Notícias, 61,6% o jornal Público, 61,3% a RTP1 e 53,1% o jornal Expresso. Segue-se a CNN Portugal (45,8%), a RTP 3 (41,4%), a SIC (40,8%), o Observador (39,1%) e a rádio TSF (34,0%).
Promovido pela Comissão Europeia e associado ao Observatório Europeu de Media Digitais (EDMO), o Iberifier é um observatório de media digitais em Portugal e Espanha cujo objetivo é o combate à desinformação. O projeto é coordenado pela Universidade de Navarra, Espanha, mas tem como principal parceiro o ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa. No total, integra 12 universidades, cinco organizações de verificação e agências de notícias (entre as quais a agência Lusa) e seis centros de investigação multidisciplinares.
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