CNN perde dois milhões de euros em 2022. Impresa ainda perde dinheiro com a Opto, que “já fatura na casa dos seis dígitos”
Audiências, TDT e receitas publicitárias foram três dos temas abordados pelos responsáveis da Impresa, Media Capital e RTP no fecho do primeiro dia do Digital Business Congress, da APDC.
A CNN perdeu dois milhões de euros em 2022. A revelação foi feita esta tarde por Pedro Morais Leitão, CEO do grupo Media Capital, no debate o Estado da Nação dos Media, que fechou o primeiro dia do congresso da APDC.
“Tem que se ter paciência. É uma aposta ousada, mas achamos que vai dar frutos”, referiu a propósito do canal, dado como exemplo da importância das parcerias com players internacionais [neste caso a Warner Media], que não as já tradicionais plataformas de streaming. “O streaming também vai chegar à informação, é uma tendência que já estamos a antecipar”.
A novidade sobre os números da CNN foi bem recebida por Francisco Pedro Balsemão, CEO da Impresa, na opinião de quem “pelos vistos a entrada na CNN não teve impacto económico”. “Não perdemos dois milhões no ano passado”, comenta o responsável, que se diz “mais motivado por saber que estamos no bom caminho”.
A entrada da CNN, e num tom mais sério, foi caracterizada como “muito bem feita” pelo CEO da Impresa, e deixou “as tropas com vontade de fazer mais e melhor”. “Vamos ter novidades no final do ano”, avança, sem detalhar pormenores.
O sistema de medição de audiências e a TDT, que representa um custo excessivo na opinião destes dois responsáveis, foram outros dos temas em análise.
No limite, “a TVI pode deixar de ser generalista para sair da TDT”, diz Pedro Morais Leitão, depois de adiantar os números envolvidos. Em conjunto, estes três operadores “gastam oito milhões para transmitir para 150 mil pessoas”, afirma, referindo-se à SIC, TVI e RTP e à população que utiliza o serviço da televisão digital terrestre.
Sendo a saída da TDT uma impossibilidade legal para os canais generalistas, tanto Francisco Pedro Balsemão como Nicolau Santos, presidente da RTP, concordaram que o valor pago é excessivo.
Não querendo ser “despedido em direto”, o presidente do operador público admitiu, contudo, que podem existir outras formas de atender à população a quem serve a TDT. “Quase que dar um computador a cada pessoa seria mais barato e eficiente”, constata. “Mas não me comprometo com nenhuma resposta sobre o tema”, acrescenta Nicolau Santos.
Sobre o sistema de medição de audiências, o tom mais critico foi o do presidente da RTP, que levou o tema para o debate. “Saber o que existe em termos de audiências tem que abarcar a nova realidade. Disponibilizamos conteúdos em várias plataformas, o que fazia sentido era medir as audiências em termos globais”, defende o presidente da RTP.
Questionados sobre se confiam no sistema de medição de audiências, tanto Pedro Morais Leitão como Francisco Pedro Balsemão responderam que sim. “Confio plenamente”, afirmou o CEO da Media Capital. “O sistema que temos, decidido na CAEM, foi escolhido e aprovado por todos e é o sistema que o mercado acredita ser o melhor. Tem idiossincrasias, mas é o melhor que temos e convém que seja reconhecido por todos”, acrescentou o CEO da Impresa.
“Gostávamos de ter um sistema de medição multiplataforma, não existe no mundo”. “Se os anunciantes conhecerem um bom sistema, estamos todos interessados”, reforçou o CEO da Media Capital, que regressou ao congresso após 16 anos, na altura tendo estado presente como responsável pela área digital do grupo. Na opinião de Pedro Morais Leitão o sistema tem, contudo, dois problemas: está a ignorar o uso do telemóvel e inclui os lares com televisão paga, que são hoje 5%.
E o telemóvel é precisamente um dispositivo para o qual os media deviam olhar com mais atenção. “Na frente móvel há muito a fazer. O negócio dos media devia estar nos telemóveis, nas assinaturas. Porque não um operador virtual agregando conteúdos de todos?”, questiona.
Com a fragmentação de audiências como uma realidade a nível global, e quando “ainda ninguém inventou a fórmula mágica”, como refere Francisco Pedro Balsemão dando como exemplo a inversão da estratégia do Netflix (com publicidade e a limitar as partilhas) ou o Disney, o responsável revelou que o grupo ainda perde dinheiro com o Opto, “mas já faturamos na casa dos seis dígitos”.
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