America’s Cup – Barcelona como cidade sede da próxima edição

O CEO da organização da America’s Cup, Grant Dalton, explicou na sua última visita a Madrid os motivos de trazer o evento de volta à Europa, escolhendo Barcelona como cidade-sede da próxima edição, que ocorrerá entre os meses de agosto e outubro de 2024.

O responsável máximo da America’s Cup Events (ACE) e da equipa detentora do título, Emirates Team New Zealand, destacou que a “unidade institucional” e o compromisso da capital catalã com a sustentabilidade e a diversidade foram alguns dos fatores que pesaram a favor da candidatura. Ele também ressaltou a rápida adaptação da tripulação e equipe em terra, que, segundo revelou, unanimemente optariam por repetir a sede se o sindicato neozelandês conseguisse revalidar sua coroa no próximo ano.

“Se perguntássemos a eles, todos diriam Barcelona. Todas as equipas adoram viver em Barcelona, sua cultura, gastronomia e clima”, afirmou sem hesitar o principal responsável da equipa neozelandesa, que sonha em “recuperar o legado de Barcelona’92”. Assim como ocorreu com os Jogos Olímpicos, todas as administrações da cidade também chegaram a um acordo: “É a primeira vez que todas se reúnem desde 1992. É incrível.” Segundo Dalton, esse “espírito olímpico” ainda permanece vivo entre a população graças à lembrança inesquecível de um programa de voluntariado, que serviu de inspiração. “Já temos mais de 3.000 voluntários cadastrados e isso será muito importante para preservar o legado da America’s Cup”, acrescentou.

Outra forma de perpetuar o evento na memória coletiva da cidade é através da sustentabilidade, especialmente com a implementação dos barcos de apoio com foils propulsados a hidrogênio Chase Zero, desenvolvidos pela Emirates Team New Zealand em colaboração com a Toyota. Um projeto de acordo com a aposta de Barcelona em impulsionar a economia azul, entre outros motivos que pesaram na sua decisão, mesmo mais do que razões desportivas.

“Sempre é preciso olhar além do título”, confessou Dalton, que aspira a “fazer esse desporto crescer”, mesmo que para isso tenha que tomar uma decisão “difícil”, como abrir mão de defender o troféu em águas do seu país. Pois Barcelona é, segundo suas palavras, uma “cidade que se deixa amar, com excelentes condições para velejar e pessoas incríveis, uma das cidades mais famosas do mundo, a joia do Mediterrâneo”.

TALENTO

Em consonância com o compromisso da capital com a diversidade, o CEO da ACE defendeu a inclusão das mulheres na America’s Cup, acima de qualquer quota de género, e defendeu a criação do primeiro evento feminino na história centenária do troféu mais antigo do planeta, a Puig Women’s America’s Cup, que reunirá em Barcelona, entre 4 e 16 de outubro de 2024, uma dúzia de tripulações compostas exclusivamente por mulheres.

Dalton defendeu um formato de competição “apenas para mulheres” a bordo dos monocascos com foils AC40, onde podem mostrar “seu talento” e também ter a oportunidade de chegar à America’s Cup. “Não acredito em quotas. Seria degradante pensar que alguém está ali porque é uma quota”, afirmou o laureado velejador neozelandês, que se mostrou “orgulhoso de ser o primeiro organizador” a apostar em uma competição feminina na America’s Cup. E fazê-lo “adequadamente”, com “cobertura ao vivo” na televisão e a presença de uma equipa espanhola que influenciará o “sucesso” do evento. “Especialmente se elas ganharem”, concluiu.