Governo quer “investidores de escala” no transporte aéreo para a venda da TAP

Governo afasta investidores com mero interesse financeiro da privatização da TAP. Portugália e Cateringpor também vão integrar ativos a alienar.

O Governo quer vender a TAP a um investidor com escala no transporte aéreo ou um consórcio por ele liderado, afirmou o ministro das Finanças depois da reunião do Conselho de Ministros em que foi aprovada a venda de, pelo menos, 51% da companhia. Portugália e Cateringpor também vão integrar o perímetro de ativos a privatizar.

“Queremos investidores de escala no setor aeronáutico que deem prova da sua idoneidade e dos meios financeiros para a aquisição”, sublinhou Fernando Medina. “Nós não pretendemos atrair investidores financeiros puros que venham a entrar na TAP para posteriormente a alienar ou alienar partes — e retirar o contributo estratégico para o país”, acrescentou.

Não pretendemos atrair pools de investimento financeiro que venham a entrar na TAP para posteriormente a alienar ou alienar partes – e retirar o contributo estratégico para o país.

Fernando Medina

Ministro das Finanças

Em conferência de imprensa, o ministro das Finanças destacou que a privatização obedece a cinco objetivos estratégicos:

  • Crescimento da TAP
  • Crescimento do hub nacional no aeroporto de Lisboa
  • Assegurar investimento e emprego em atividades de alto valor no setor da aviação
  • Crescimento das operações ponto a ponto e que aproveitem capacidade não aproveitada nos aeroportos nacionais, com destaque para o Porto
  • Preço oferecido

O ministro das Infraestruturas rejeitou que as condições impostas venham a prejudicar o interesse na operação. “Não são limitações para o comprador. Sinalizam dimensões que são importantes e que as empresas de aviação valorizam. Não é fator que pudesse desvalorizar a TAP, antes pelo contrário”, considerou João Galamba.

 

Portugália e Cateringpor também entram na privatização

O governante confirmou, por outro lado, que a Portugália vai integrar os ativos que farão parte da privatização, como avançou o ECO. De entre as sociedades que fazem parte da TAP SGPS, vão transitar para a TAP SA também a Cateringpor e a Cuidados Integrados de Saúde.

As avaliações da companhia aérea pedidas à EY e ao Banco Finantia já foram entregues, revelou Fernando Medina, sem adiantar valores. O ministro das Finanças desvalorizou este exercício, obrigatório por lei. “O valor de uma companhia aérea resulta de uma avaliação contabilística de uma empresa e do valor que o adquirente valorizar a empresa, no que ela seja complementar da sua atividade”, disse o ministro das Finanças, preferindo colocar o foco no preço que venha a ser oferecido e que já terá em conta as sinergias para o comprador.

Sobre o montante que o Estado poderá recuperar da injeção pública de 3,2 mil milhões na TAP, Fernando Medina remeteu a resposta para mais tarde no processo, quando já forem conhecidas as propostas.

Não está definido ainda hoje se será 51%, se será 60%, 80% ou 100%, como admitiu o senhor primeiro-ministro. Será definido numa fase posterior e conforme decorra a privatização.

Fernando Medina

Ministro das Finanças

O Governo vai por à venda “pelo menos” 51% da transportadora. A percentagem exata só será fixada mais tarde, mediante as ofertas recebidas. “Não está definido ainda hoje se será 51%, se será 60%, 80% ou 100%, como admitiu o senhor primeiro-ministro. Será definido numa fase posterior e conforme decorra a privatização”, disse o ministro das Finanças.

Será a percentagem que assegure “segurança no cumprimento dos objetivos estratégicos”. A defesa destes tanto poderá acontecer através da manutenção de uma percentagem da companhia, com direitos especiais, ou um acordo parassocial assinado com o novo acionista.

Com a aprovação do decreto de privatização, “inicia-se um processo de consulta ao mercado, de diálogo com potenciais investidores”. “No final do ano, princípio do próximo, [haverá] o caderno de encargos que definirá de forma mais fina a ponderação dos fatores estratégicos”, acrescentou Medina.

Já há três investidores, com escala, que se perfilam: Lufthansa, Air-France KLM e grupo IAG. “É Algo que vemos com agrado e como um sinal positivo para o sucesso desta operação, Prosseguiremos o diálogo com essas companhias aéreas agora dentro do processo de privatização”, disse o ministro das Finanças.

O Conselho de Ministros deu esta quinta-feira o primeiro passo para a venda de até 100% da TAP, com a aprovação do decreto-lei de reprivatização. A companhia aérea será alienada através de um processo competitivo de venda direta.

A empresa vai voltar a ter donos privados depois de em 2020 o Governo ter avançado para a nacionalização da companhia, cuja sobrevivência ficou posta em causa pelo impacto da pandemia no transporte aéreo. A entrada do Estado ditou a saída da Atlantic Gateway, de David Neeleman e Humberto Pedrosa, que tinham ganho a reprivatização de 2015, feita pelo Governo PSD/CDS.

(Notícia com última atualização às 14h55)

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