SJ critica comunicado que pode ser interpretado “como ameaça aos jornalistas” da TSF
O SJ afasta dos jornalistas a responsabilidade pela sustentabilidade da empresa. "Se quem é responsável pelo negócio não faz negócio é culpa de quem gere, não dos jornalistas", aponta o sindicato.
O Sindicato dos Jornalistas criticou esta segunda-feira a nota de imprensa sobre a nomeação da nova direção de informação da TSF, dizendo que pode ser interpretada “como uma ameaça aos jornalistas da TSF” e do Global Media Group (GMG).
A nova direção da TSF entrou hoje em funções, sendo constituída por Rui Gomes (diretor-geral), Rosália Amorim (diretora de informação) e Artur Cassiano (subdiretor de informação).
O comunicado emitido no passado dia 28 surgiu depois de ter sido conhecido que o Conselho de Redação da TSF tinha rejeitado a nomeação de Rosália Amorim para diretora de informação da rádio, após uma reunião decorrida na quarta-feira, 25, onde tinham sido levantadas dúvidas quanto à sua capacidade de manter uma política editorial independente.
Agora, o Sindicato dos Jornalistas criticou a nota de imprensa, considerando que “se pode interpretar como uma ameaça aos jornalistas da TSF, bem como aos jornalistas de todo o grupo”.
“Não pode o Sindicato dos Jornalistas (SJ) deixar de ver aqui uma ameaça da administração à redação, com a referência a uma ‘última tentativa’, além de configurar uma desconsideração ao trabalho que tem vindo a ser feito pela redação, em condições anormais e com uma equipa esmagada“, refere o sindicato em comunicado hoje divulgado.
O SJ diz não aceitar “uma chantagem deste nível” e afasta dos jornalistas a responsabilidade pela sustentabilidade da empresa. “Os jornalistas dão notícias; se quem é responsável pelo negócio não faz negócio é culpa de quem gere, não dos jornalistas”, reforça o organismo.
O SJ lamentou o período da emissão desta nota de imprensa “quando há já um ambiente difícil na redação” e quando o Diário de Notícias também aguarda uma nova direção.
“O jornalismo sério e independente, como o que a TSF tem feito, faz-se de resistência a ameaças e a pressões, e é isso que o SJ sabe que continuará a ser feito pela redação”, conclui o sindicato.
No comunicado em que anunciou a nova direção, a administração do GMG disse estar certa “da capacidade desta nova liderança na concretização dos principais objetivos definidos para a TSF, e que passam por um novo ciclo de reforço de investimento em recursos humanos, infraestruturas e inovação, fator essencial para o crescimento e afirmação de uma marca histórica de rádio em Portugal”.
“Nos últimos 10 anos, a TSF – Rádio Jornal Notícias acumulou sucessivos passivos, na ordem dos 10 milhões de euros. Só este ano e até setembro o prejuízo cifra-se em 1,3 milhões de euros, valor esse idêntico ao encerramento de contas de 2022, existindo a previsão que até final deste ano possa atingir um valor de cerca de dois milhões de euros”, aponta a administração.
“Apesar desta situação, a atual administração da GMG pretende apostar no forte relançamento da marca e do projeto. É missão da atual equipa de direção desenvolver as necessárias mudanças a todos os níveis para concretizar esta aposta do grupo e assim quebrar este ciclo de anos sucessivos de prejuízos”, prosseguiu.
Em 20 de setembro, os trabalhadores da TSF estiveram pela primeira vez em greve nos 35 anos de existência da rádio, tendo reivindicado a defesa de aumentos salariais, pagamento pontual de vencimentos e a manutenção da direção de Domingos Andrade, com os delegados sindicais a darem conta de uma adesão total.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.