“Industriais de terceira categoria”? Empresários do calçado atiram-se ao ex-ministro Manuel Pinho
Setor do calçado repudia “declarações despropositadas e injustificadas” do ex-ministro da Economia no julgamento do caso EDP, que “colocam em causa a honorabilidade e reputação” dos empresários.
Os industriais do calçado não gostaram nada de ouvir as “declarações despropositadas e claramente injustificadas” proferidas pelo ex-ministro da Economia, Manuel Pinho, que para convencer a juíza de que não era próximo de Ricardo Salgado, argumentou que “em quatro anos e meio [se reuniu] mais com qualquer industrial do calçado de terceira categoria” do que com o ex-banqueiro.
As palavras foram proferidas na primeira sessão do julgamento do caso EDP pelo antigo ministro de José Sócrates entre 2005 e 2009 e que, segundo a associação do setor (APICCAPS), que reagiu esta quarta-feira através de um comunicado publicado no site da organização, “colocam em causa a honorabilidade e reputação que os empresários de calçado foram conquistando no plano internacional”.
“Para todos os efeitos, Manuel Pinho é o primeiro ex-governante a ser julgado por corrupção em Portugal, responde por acusações de corrupção e branqueamento de capitais que lhe são imputadas pelo Ministério Público”, faz questão de lembrar a associação da indústria do calçado, que, “fruto do esforço e dedicação de mais de um milhar de empresários”, exporta mais de 95% da produção para 173 países e em 2022 vendeu mais de 2.000 milhões de euros no estrangeiro.
Na mesma nota, a APICCAPS contabiliza que o setor contribui anualmente com um saldo positivo de 1.300 milhões de euros para a balança comercial, “desempenhando um papel de grande relevância na economia nacional”. Lembra ainda a Manuel Pinho que as mais de 1.100 empresas do setor são responsáveis por cerca de 40.000 postos de trabalho e que “apresenta planos estratégicos regulares desde 1978, motivando que seja apresentado como um ‘caso de estudo’ em faculdades em todo o país”.
O julgamento do caso EDP, que começou na terça-feira depois de dois adiamentos na semana passada devido à greve dos funcionários judiciais, prossegue na sexta-feira com a continuação das declarações de Manuel Pinho, que está em prisão domiciliária desde dezembro de 2021 e é acusado de corrupção passiva para ato ilícito, corrupção passiva, branqueamento e fraude fiscal.
A sua mulher, Alexandra Pinho, está a ser julgada por branqueamento e fraude fiscal – em coautoria material com o marido -, enquanto o ex-presidente do BES, Ricardo Salgado, responde por corrupção ativa para ato ilícito, corrupção ativa e branqueamento de capitais.
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