Media

Cofina tem novos donos. Acionistas aprovam MBO

Carla Borges Ferreira,

Venda da Cofina Media aos quadros do grupo (MBO) em consórcio com Cristiano Ronaldo foi aprovada por unanimidade pelos acionistas assembleia-geral.

É oficial. A Cofina Media vai passar para a equipa de gestão da empresa que integra o Management Buy Out (MB), em consórcio com Cristiano Ronaldo e três dos atuais acionistas, por um valor de 56,8 milhões de euros (equity value). A decisão foi aprovada esta quinta-feira em assembleia-geral de acionistas, dando luz verde à recomendação do conselho de administração da Cofina SGPS.

A assembleia-geral contou com a participação de 71,28% dos direitos de voto da Cofina, sendo que praticamente 100% dos acionistas representados votou favoravelmente a venda integral da Cofina Media. Já a venda à Expressão Livre (veículo criado pelo grupo de quadros e Cristiano Ronaldo) foi votada por apenas 30,30% dos direitos de voto, com a totalidade a dar luz verde à operação.

Os novos donos do Correio da Manhã, da CMTV, do Jornal de Negócios, do Record ou da Sábado passam então a ser Luís Santana e Ana Dias, diretor-geral e chief financial officer da Cofina Media, Octávio Ribeiro – que regressa assim ao grupo que liderou editorialmente até junho de 2021 -, Isabel Rodrigues e Luís Ferreira, chief marketing & digital officer e diretor-geral comercial do grupo, Carlos Rodrigues, diretor do Correio da Manhã e da CMTV e diretor-geral editorial da Cofina, e o advogado Carlos Cruz.

A estes juntam-se Domingos Vieira de Matos, Paulo Fernandes e João Borges de Oliveira, os três acionistas da Cofina SGPS – que em conjunto detém cerca de 41% do grupo – que seguem para esta nova fase da Cofina Media e ainda Cristiano Ronaldo, a grande surpresa desta operação, e que entra assim no negócio dos media.

A participação de cada um dos acionistas, no entanto, não é ainda conhecida.

Na Expressão Livre SGPS, veículo criado para a compra da Cofina Media, o internacional português é representado por Miguel Paixão dos Santos. No conselho de administração surge ainda Mário Leite da Silva, e Filipa de Alarcão, esta última em representação de João Borges de Oliveira, que não integra os órgãos sociais da nova empresa. Já esta semana foi constituída a Expressão Livre II – SGPS, S.A., entidade com os mesmos órgãos sociais.

A decisão desta quinta-feira formaliza o desfecho do negócio que começou a ser ventilado na primavera, quando o ECO e o Jornal Económico avançaram que Luís Santana e o antigo diretor do Correio da Manhã, Octávio Ribeiro, estavam a preparar uma operação de management buyout (MBO) para garantir o controlo acionista do grupo dono do Correio da Manhã e da CMTV, Record, Jornal de Negócios e Sábado.

A Media Capital entrou formalmente na guerra pelo controlo da empresa em julho, tendo sido o final pré definido a 22 de setembro, quando o conselho de administração recomendou a venda da Cofina Media a três dos acionistas de referência e aos gestores do grupo, numa operação apoiada financeiramente por Cristiano Ronaldo.

Constituído por duas grandes áreas, imprensa e televisão, a Cofina fechou o primeiro semestre de 2023 com lucros de 2,2 milhões de euros, uma quebra de 31,4% na comparação homóloga. O EBITDA foi de 5,9 milhões de euros, uma descida de 10,3%, e o EBIT de 4.3 milhões, menos 9,7% do que no período homólogo.

Os resultados financeiros do primeiro semestre foram negativos em 900 mil euros, que comparam com o meio milhão negativo do primeiro semestre de 2022. A variação nos resultados financeiros é justificada, explicava no final de julho a Cofina, sobretudo “pela variação da taxa de juro que tem vindo a aumentar nos últimos tempos”.

Por segmentos, as receitas da CMTV representam 11 milhões de euros, um crescimento de 13,6%. Destas, 6,7 milhões são de publicidade, que cresceu 20,4%. Os custos operacionais situaram-se nos 8,4 milhões (+20,1%), “devido não apenas à inflação generalizada dos custos, mas também ao acréscimo dos custos comerciais por via do aumento das receitas de publicidade”. O EBITDA é de 2,6 milhões, uma redução de 3,1%.

No segmento de imprensa, as receitas operacionais do dono do Correio da Manhã, Sábado ou Jornal de Negócios situaram-se nos 25,9 milhões de euros, o que representa uma quebra de 7,1% face ao período homólogo. A circulação caiu 8,7% (para os 13,4 milhões), as receitas dos produtos de marketing alternativo desceram 15,4% (para 4,4 milhões) e as receitas de publicidade situaram-se nos 8 milhões de euros, um crescimento de 1,3%.

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