Raimundo pede política que vá ao encontro das necessidades dos pequenos agricultores
"A agricultura familiar precisa de ser valorizada pela qualidade dos produtos e pela dimensão que tem", disse o secretário-geral do PCP.
O secretário-geral do PCP defendeu esta quarta-feira que o país precisa de uma política agrícola e de um governo que vá ao encontro das necessidades dos agricultores, em particular da pequena agricultura. Paulo Raimundo falava aos jornalistas depois de visitar uma exploração agrícola de cariz familiar, na Fonte do Feto, em Santo António da Charneca, no concelho do Barreiro, distrito de Setúbal.
“É preciso que se olhe para esta gente para construir um país diferente, uma solução e uma vida melhor para cada um. A agricultura familiar precisa de ser valorizada pela qualidade dos produtos e pela dimensão que tem”, disse. O secretário-geral do PCP criticou o Governo socialista, acusando-o de ter desmantelado todas as estruturas de apoio aos agricultores no Ministério da Agricultura, e defendeu que as opções de fundo do “velho e do novo PS” são iguais.
A título de exemplo referiu que o atual PS é o mesmo “que deixou de fora os pequenos e médios agricultores no que respeita aos apoios à seca”. “A única esperança para haver uma inversão de política, que apoie a agricultura familiar é o PCP e a CDU porque conhecem o nosso trabalho e a nossa intervenção”, frisou.
Na visita, Paulo Raimundo esteve acompanhado pelo dirigente da Confederação Nacional da Agricultura Joaquim Lopes e por Edgar Pereira, da Associação de Agricultores do Distrito de Setúbal (AADS). Joaquim Lopes e Edgar Pereira acusaram o Ministério da Agricultura de lançar medidas de apoio à seca deixando de fora os pequenos agricultores e defenderam que a agricultura familiar deve ser protegida.
“É preciso alterar a legislação da contratação pública. Não faz sentido que um agricultor como o João (dono da exploração que visitaram) seja obrigado a concorrer com um importador de produtos hortícolas. Não tem hipótese. É preciso vender diretamente com uma condição básica é que ele contribui para o desenvolvimento económico local, os outros não”, disse Joaquim Lopes.
O dirigente da CNA considerou necessário criar condições para que o interior seja povoado através do apoio aos agricultores uma vez que estes produzem duas coisas que considera importantes: alimentos de qualidade e mão de obra especializada. “É fundamental para criar condições para a fixação de pessoas. Não é a grande agroindústria agrícola espalhada nos perímetros de rega que resolve o problema. Esta transfere riqueza líquida, os agricultores é que são o cerne da questão”, frisou.
Edgar Pereira, por seu turno, alertou que há um setor no distrito de Setúbal “que está com a corda na garganta” por causa da seca, o da cultura do arroz carolino do Sado, que ficou de fora dos apoios anunciados pelo Ministério da Agricultura. “O arroz ficou de fora e a micro e pequena agricultura não tem acesso. Se continuarmos assim não tarda não há arroz carolino no Sado, não há arroz carolino no Mondego”, frisou.
João Luciano, dono da exploração agrícola da Fonte do Feno, disse que os pequenos agricultores “estão no esquecimento”, e confrontam-se com as grandes cadeias que importam de todo o mundo, ficando com mais dificuldades em escoar os seus produtos, obrigando-os a reduzir a produção.
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