CDU quer recuperar seis deputados perdidos nas legislativas de 2022
O secretário-geral do PCP quer "recuperar o deputado perdido em Évora, em Santarém, recuperar os deputados perdidos em Lisboa, Setúbal e no Porto".
O secretário-geral do PCP afirmou esta segunda-feira que a CDU pretende recuperar os seis deputados que perdeu nas legislativas de 2022 e mostrou-se convicto de que a Aliança Democrática não irá ganhar as eleições.
“Nós não colocamos nenhum objetivo eleitoral concreto. Agora, há uma coisa que afirmamos – já afirmei e voltarei a afirmar – é que nós temos como referência recuperar os deputados perdidos em 2022″, disse Paulo Raimundo em declarações aos jornalistas na estação ferroviária de Algés, concelho de Oeiras.
Para o líder comunista, isso significa “recuperar o deputado perdido em Évora, em Santarém, recuperar os deputados perdidos em Lisboa, Setúbal e no Porto”, mas também ter “expectativas de ir mais longe”. Nas últimas eleições legislativas, em 2022, a CDU elegeu seis deputados – um mínimo histórico, que fez com que o Partido Ecologista Os Verdes (PEV) perdesse a representação parlamentar –, em comparação com as legislativas de 2019, em que tinha eleito 12 representantes (10 do PCP e dois do PEV).
Nestas declarações aos jornalistas, Paulo Raimundo foi ainda questionado se o PCP está disponível para um compromisso à esquerda no pós-legislativas, tendo respondido que a história demonstra que a CDU nunca faltou “para tudo o que fosse positivo, não só com propostas, com iniciativa, mas também em convergência”.
Questionado, contudo, se irá seguir o conselho de Jerónimo de Sousa – que disse que o PCP “não está virado” para uma nova ‘geringonça’ –, Paulo Raimundo respondeu que a ‘geringonça’ “teve a ver com um momento concreto da vida, com objetivos concretos daquela altura”.
“Ora, nós não estamos perante uma situação em que temos de tirar o PSD e o CDS do Governo, como aconteceu em 2015”, referiu. Interrogado, contudo, se, caso a Aliança Democrática (AD) venha a vencer as eleições, estaria disponível para uma ‘geringonça’, o secretário-geral do PCP respondeu: “Eu acho que isso é um cenário que não vai acontecer e, como diz o nosso povo, ‘enquanto o pau vai e vem, folgam as costas'”.
“Isso não vai acontecer, não se vai colocar. Não é isso que se sente nas ruas, não é isso que se ouve. Isso nem sequer se vai colocar. Aquilo que nós precisamos de nos concentrar é: quais são as soluções para a vida das pessoas?”, afirmou.
Já questionado se seria necessário um acordo escrito para uma convergência à esquerda, o secretário-geral do PCP respondeu que o que a convergência implica é “aumentar salários, pensões, apostar no Serviço Nacional de Saúde, valorizar os seus profissionais, responder a um problema cada vez mais gritante, que é a dificuldade de acesso à habitação”.
“Isso é que é preciso responder e não estarmos a perder tempo com papéis para aqui, papéis para ali. Ainda falta tinta nas canetas e depois é um problema”, ironizou. Depois de ter estado a distribuir folhetos a utentes da linha ferroviária de Cascais, Paulo Raimundo referiu que a CDU se compromete a reduzir o passe de transportes públicos para 20 euros, tal como o PCP tinha proposto no Orçamento do Estado para 2024.
O líder comunista criticou a “chuva de promessas” dos restantes partidos, considerando que não contribuem “para a credibilização da política” ao fazer hoje promessas e, depois, “com o poder nas mãos, fazerem tudo menos aquilo que prometeram”. Em contraponto, Paulo Raimundo referiu que a CDU tem um historial, nas autarquias locais, de cumprir as suas promessas e assegurou que as suas propostas estão todas calculadas, dando o exemplo do aumento em pelo menos 70 euros de todas as pensões.
“Essa medida tinha um acréscimo, face ao que o Governo aumentou, no valor de 1.600 milhões de euros. É muito dinheiro, só que curiosamente é exatamente o mesmo valor que o Governo decidiu entregar em benefícios fiscais aos grupos económicos. Não é um problema de haver recursos – que existem –, mas também é um problema de fazer opções”, disse.
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