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“Yalla Vamos 2030”: está apresentada a candidatura ibero-marroquina ao Mundial 2030

Rafael Ascensão,

O Mundial 2030 é realizado em três continentes e seis países e Portugal é qualificado de forma automática. A assinatura e campanha é da VML, a BCW tem as RP e a Mindshare é a agência de meios.

Numa cerimónia na Cidade do Futebol esta terça-feira, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) desvendou o logótipo, o vídeo, a visão e os pilares da candidatura ao Campeonato de Futebol do Mundo 2030, competição que vai ser organizada pela primeira vez por Portugal, em conjunto com Espanha e Marrocos.

Foi com um espírito de união e paixão que se chegou a “Yalla Vamos 2030” enquanto mote e assinatura da candidatura conjunta dos três países à organização do Mundial 2030, explicou António Laranjo, coordenador da candidatura de Portugal e Espanha à organização do Mundial de 2030, que colocou como objetivo a realização do melhor Campeonato do Mundo “de sempre” e “sem igual”. A assinatura e campanha é da VML, a agência de relações públicas da candidatura é a BCW e a agência de meios é a Mindshare.

O logótipo, assinado pela agência marroquina Klem, representa elementos-chave da localização geográfica dos três países. Neste âmbito, o Sol surge no sentido de ser o “elemento fundamental” que faz com que os três países sejam dos principais destinos turísticos a nível mundial.

Por outro lado, o mar – que celebra as linhas costeiras – estabelece a ligação entre as três nações e a sua ligação o mundo enquanto a bola de futebol simboliza a “paixão comum no coração dos nossos povos”, explicou o coordenador da candidatura de Portugal e Espanha à organização do Mundial de 2030.

Juntos, estes elementos representam algumas das principais forças com as quais nos apresentamos para organizar o mundial em 2030“, afirmou António Laranjo.

Este é, para António Laranjo, um logótipo “cheio de força, de cor e de elementos que são comuns aos três países”, disse ao +M à margem do evento, acrescentando que o mesmo “é um logótipo em que todos nós nos revemos e que, quanto a nós, tem muita força para aquilo que nós queremos transmitir, que é um excelente mundial em 2030”.

Mas por detrás desta ambição “há uma enorme exigência e trabalho cuidadosamente preparado. Combinando os nossos pontos fortes, estamos comprometidos em realizar o melhor campeonato do mundo de sempre, um evento verdadeiramente sem igual”, disse o coordenador da candidatura conjunto.

o vídeo promocional da candidatura – produzido pela VML e disponível no site da candidatura“é a expressão mais clara e genuína do que pretendemos, dos pilares e da visão que nos vão guiar até 2030”, disse Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol, na cerimónia.

No vídeo, resultado de uma “estreita” colaboração entre os três países organizadores, “promovemos o que de melhor temos, porque juntos somos ainda melhores, proclamamos valores e inovamos”, acrescentou.

António Laranjo explicou também que o pretendido é organizar um torneio que promova a inclusão e diversidade e onde os adeptos sejam “o centro da competição”, em três países que contam com uma hospitalidade “reconhecida por todos” e com excelentes infraestruturas turísticas pelo que “todos serão bem-vindos a uma verdadeira celebração do futebol”.

E mesmo para os que não podem viajar “estamos no fuso horário ideal” para que a competição possa ser acompanhada nos diversos pontos do mundo, acrescentou.

Segundo António Laranjo, os três países estão empenhados em deixar um “verdadeiro legado” com esta organização, que perdure mesmo para lá de 2030. Mais que um mundial, o objetivo passa por promover um evento que “tenha verdadeiramente impacto”.

Para alcançar esse “legado”, o trabalho da organização vai estar focado em quatro pilares fundamentais: sustentabilidade, inovação, investimento e impacto social.

Em termos de sustentabilidade, “estamos focados em criar as condições sociais e económicas para que o campeonato seja o primeiro na história a ter um impacto positivo no ambiente, na água e na biodiversidade, e que as suas práticas prevaleçam no futuro da competição”, explicou António Laranjo.

O coordenador da candidatura de Portugal e Espanha à organização do Mundial de 2030 acrescentou que para isso a organização está a trabalhar com entidades especialistas, para que a competição esteja alinhada com os objetivos de neutralidade carbónica. Além disso vai trabalhar em prol da mobilidade sustentável, promovendo o transporte de adeptos e seleções em transportes amigos do ambiente.

Em matéria de inovação, a proposta passa por promover uma parceria entre o setor tecnológico e o mundo do futebol, sendo que em 2030 o objetivo passa por permitir que todos os adeptos vivam a atmosfera do campeonato de uma forma imersiva “nunca antes imaginada”.

Os três países contam já com infraestruturas públicas e privadas com condições privilegiadas para a organização do campeonato, pelo que a organização está empenhada em contribuir para que os investimentos a serem feitos sejam “criteriosos, racionais e sustentáveis”, assegurando que a melhoria das infraestruturas irá também promover o desenvolvimento das populações.

Dentro desta matéria de investimentos, António Laranjo clarificou que Portugal não vai fazer investimentos para aumentar a capacidade dos estádios, pelo que o país que não vai receber a final, mas é candidato a acolher uma meia-final, visto que a nação que acolher a final deve “deixar” as meias-finais para serem disputadas nos outros dois países.

Já no âmbito social, “acreditamos que o futebol tem o poder de tornar o mundo um lugar melhor, e não há melhor oportunidade que um campeonato mundial para promover mudanças sociais“, disse Laranjo. Será assim promovida uma “verdadeira celebração da diversidade e inclusão”, envolvendo todos, incluindo os mais desfavorecidos e vulneráveis, fomentando iniciativas para apoiar a igualdade de oportunidades e a luta contra a discriminação.

A candidatura conta também com diversos embaixadores ligados ao mundo do futebol, como os portugueses Cristiano Ronaldo e Luís Figo ou os espanhóis Andrés Iniesta e Álvaro Morata. Noureddine Naybet, Ghizlane Chebbak, Achraf Hakimi, Yassine Bounou, Dolores Silva, Irene Paredes e Emmanuel Adebayor completam a lista de figuras promotoras da candidatura ibero-marroquina.

Estando em vista a projeção de um Campeonato do Mundo “para os adeptos, e pelos adeptos”, conforme se lê no site da candidatura, a organização convida ainda os adeptos a contribuírem com as suas opiniões. A primeira questão dirigida aos fãs do futebol e da competição já está lançada: “Qual seria a experiência perfeita para a Fan Zone durante o Campeonato do Mundo da FIFA em 2030?”

Na verdade, o objetivo da estratégia de comunicação da candidatura de Portugal e Espanha à organização do Mundial, que está a ser trabalhada há vários meses com a VML, “é que todos os cidadãos de todos os países possam viver esta candidatura, viver este Mundial, ao longo de todo o tempo que vai até 2030 e que possam participar”, explicou ainda António Laranjo à margem do evento.

Temos essa experiência de 2004, fizemos com que as pessoas vivessem o Europeu, e nós agora queremos que elas se sintam parte desse Mundial, e isso passa também por uma estratégia de comunicação, que é a que estamos a implementar“, acrescentou ao +M.

O Mundial 2030 vai assim ter lugar em Portugal, Espanha e Marrocos mas, além disso, e de forma a assinalar o centenário do Campeonato do Mundo, a FIFA decidiu organizar uma cerimónia em Montevideu (Uruguai), onde se realizou a primeira edição do evento. Vão ainda ser realizados três jogos no Uruguai, Argentina e Paraguai, pelo que o Mundial 2030 se vai realizar em três continentes e seis países.

Pertencendo à organização, Portugal é qualificado de forma automática para a prova.

Em outubro de 2023, no dia em que foi divulgado que Portugal – juntamente com Espanha e Marrocos – ia acolher a fase final do Mundial em 2030, Ana Catarina Mendes, ministra dos Assuntos Parlamentares com a tutela da secretaria de Estado da Juventude e do Desporto, destacou-o como “um dia histórico” e de “alegria e celebração”, que demonstra que “o desporto é também de inclusão, integração e diversidade de culturas”.

Ana Catarina Mendes aproveitou ainda para “felicitar” a Federação Portuguesa de Futebol pelo “empenho” na candidatura e pelo “trabalho conjunto” com o Governo português. O primeiro-ministro António Costa também felicitou a FPF pelo “empenho e trabalho desenvolvido”.

Recorde-se, no entanto, que organizar o Mundial não costuma ser um negócio lucrativo, tendo em conta o que mostram os números do estudo “O défice estrutural dos Jogos Olímpicos e dos Mundiais”, da autoria de Martin Müller, David Gogishvili e Sven Daniel Wolfe, do Departamento de Geografia e Sustentabilidade da Universidade de Lausanne, na Suíça.

Desde o Mundial de Inglaterra em 1966, apenas uma edição da competição gerou mais receitas do que despesas: o Rússia 2018 pode reclamar o título de único Mundial com um saldo final positivo, na ordem dos 240 milhões de dólares. Por outro lado, e sem contar com o megalómano Mundial catari, que depois dos pesados investimentos das autoridades será considerado o torneio mais caro de sempre, o Mundial Japão/Coreia do Sul 2002 foi o que deu o maior prejuízo: 4,8 mil milhões de dólares.

É também digno de nota que, segundo as regras da FIFA, apenas os estádios que tenham capacidade para mais de 40 mil pessoas possam receber os jogos. Em Portugal, atualmente, apenas o Estádio José de Alvalade, o Estádio da Luz e o Estádio do Dragão têm essa lotação.

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