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Google ameaça parar de partilhar notícias na Nova Zelândia

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Depois da Austrália e Canadá, também a Nova Zelândia quer forçar as grandes empresas de tecnologia a "reembolsarem" os media. A Google diz que a abordagem "não é a correta".

A Google ameaçou deixar de partilhar notícias na Nova Zelândia e terminar as parcerias que tem com redações no país caso o governo neozelandês decida realmente avançar com o “Fair Digital News Bargaining Bill“, um projeto de lei que visa forçar as grandes empresas tecnológicas a pagar aos jornais pelos seus conteúdos.

“Enquanto importante apoiante de longa data da indústria dos media da Nova Zelândia, estamos profundamente preocupados com o Fair Digital News Bargaining Bill. Este projeto de lei propõe um ‘imposto de link’, que exigiria que a Google pagasse por links para artigos de notícias. Embora a Google apoie os esforços para promover um futuro sustentável para as notícias da Nova Zelândia, este projeto de lei não é a abordagem correta“, refere Caroline Rainsford, diretora da Google na Nova Zelândia, citada em comunicado.

A responsável diz que a sua empresa foi “transparente” com o governo neozelandês e que já sublinhou que seria forçada a deixar de partilhar conteúdos de notícias nas pesquisas no seu motor de busca e no Google News, bem como descontinuar os atuais acordos comerciais com organizações de media da Nova Zelândia, caso o governo prossiga com a sua intenção.

Acreditamos que há um caminho sensato a seguir e propusemos alternativas razoáveis ​​ao governo que não prejudiquem editoras menores, locais ou regionais e mantenham os princípios da web aberta, em linha com acordos recentes que fechamos noutros lugares“, refere Caroline Rainsford, adiantando que os diversos programas da Google no país abrangem mais de 95% dos media digitais da Nova Zelândia e resultam em pagamentos de “milhões de dólares” anualmente a quase 50 publicações locais.

O governo começou por se opor a este projeto de lei em 2023, quando foi apresentado pela administração anterior, mas parece ter reconsiderado a sua posição tendo em conta a perda de mais de 200 empregos no setor no início deste ano, refere a ABC.

Paul Goldsmith, ministro com a pasta dos media, disse que o projeto de lei ainda estava sob consulta, revela o mesmo jornal. Em julho, o responsável adiantou que a intenção passava por aprovar a lei até o final do ano.

No ano passado aconteceu uma situação similar, mas entre a Meta – empresa detentora do Facebook, Instagram e Whatsapp – e o Canadá. Neste caso, a Meta também ameaçou bloquear as notícias nas suas plataformas no país norte-americano caso o governo canadiano aprovasse a lei Online News Act, que pretendia estabelecer regras de forma a fazer com que as plataformas tecnológicas negociassem acordos comerciais e repartissem dividendos com os meios de comunicação canadianos pelos seus conteúdos.

No final de novembro do ano passado, depois de meses de negociações, Otava e o gigante californiano anunciaram um “acordo histórico”, no âmbito do qual a Google pagaria aos meios de comunicação social canadianos 100 milhões de dólares (cerca de 92 milhões de euros) por ano como compensação pela perda de receitas publicitárias.

Ainda antes disso, a Austrália foi o primeiro país a tentar forçar as grandes empresas de tecnologia a “reembolsarem” os media, com a aprovação da The News Media Bargaining Code, lei desenhada para que as grandes plataformas presentes no país fossem obrigadas a pagar aos meios de comunicação locais pelos seus conteúdos. Esta ação levou a que a Meta banisse por completo das suas plataformas os meios de comunicação australianos, de forma a não ter de pagar pelos conteúdos. O boicote durou uma semana.

A Meta forçou assim uma renegociação dos termos da lei. Mais tarde, já com as negociações fechadas, o governo australiano considerou a lei um sucesso, apontando os cerca de 30 acordos comercias estabelecidos entre a Google e a Meta e os meios de comunicação australianos. Atualmente são distribuídos anualmente cerca de 200 milhões de dólares (perto de 125 milhões de euros) pelos meios de comunicação locais.

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