PS vai chumbar candidata do PSD ao Tribunal Constitucional por causa das posições sobre aborto
Maria João Vaz Tomé foi indicada pelo PSD para substituir no Tribunal Constitucional José Teles Pereira, que terminou o seu mandato em julho passado.
O PS vai chumbar na sexta-feira a candidata proposta pelo PSD, Maria João Vaz Tomé, para juíza do Tribunal Constitucional (TC) por causa das suas posições sobre aborto, disse esta quinta-feira à Lusa fonte oficial da bancada socialista.
“Já foi dada indicação aos deputados socialistas para que não votem nessa candidatura”, declarou um membro da direção do Grupo Parlamentar do PS sobre a eleição na Assembleia da República da nova juíza do TC. Uma eleição que requer uma maioria de dois terços dos deputados, o que, na prática, implica um acordo entre o PSD e o PS.
Juíza conselheira do Supremo Tribunal de Justiça desde 2018 e com longa carreira na Faculdade de Direito da Universidade Católica do Porto, Maria João Vaz Tomé foi indicada pelo PSD para substituir no TC José Teles Pereira, que terminou o seu mandato em julho passado. Na audição desta quinta, em sede de Comissão de Assuntos Constitucionais, a candidata proposta pelo PSD foi questionada pelo líder parlamentar do Bloco de Esquerda, Fabian Figueiredo, e pela deputada socialista Isabel Moreira sobre a questão do aborto em Portugal.
Na parte final da audição, a juíza conselheira do Supremo admitiu que um eventual alargamento do atual prazo de dez semanas para a prática da interrupção voluntária da gravidez possa ser objeto de apreciação por parte do TC. O PS quer alargar o prazo para as 12 semanas e o Bloco de Esquerda para as 14 semanas.
A candidata ao TC referiu-se a estes dois projetos sobre interrupção voluntária da gravidez dizendo que, tal como na questão da eutanásia, se está perante um tema que continua a não ser pacífico na sociedade portuguesa. “Na minha perspetiva, há um conflito entre a vida intrauterina e o direito da mulher, desde logo, a dispor do seu corpo. Portanto, reconheço a vida intrauterina e acho que há um conflito com essa vida. Acredito que se for para a frente essa extensão do período em que se não seja punida a interrupção voluntária da gravidez, isto regresse ao TC”, declarou.
Logo a seguir à audição, o líder parlamentar do Bloco de Esquerda escreveu na rede social X (antigo Twitter) que, para Maria João Vaz Tomé, “o aborto é uma questão polémica e divisiva, dando por certo que voltará a ser apreciada pelo Tribunal”. “A eleição é amanhã [sexta-feira]. Todos quantos defendemos a autodeterminação das mulheres devemos rejeitar a sua eleição”, escreveu Fabian Figueiredo.
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Também a deputada do Bloco de Esquerda Joana Mortágua, pôs um vídeo na rede social Instagram em que pede o voto contra a eleição de Maria João Vaz Tomé pelas suas posições em matéria de aborto.
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