Expo AgriTech 2024 encerra as suas portas com 7 829 profissionais e aponta o caminho para uma agricultura europeia de vanguarda
Andaluzia afirmou-se como o epicentro europeu da inovação agrícola, enquanto Málaga, a cidade anfitriã, confirmou mais uma vez o seu potencial para acolher grandes encontros tecnológicos.
A Feria del Campo 4.0-Expo AgriTech 2024, o maior evento agrícola dedicado a apresentar as últimas soluções tecnológicas para o setor, fechou as suas portas com a visita de 7.829 profissionais da cadeia de valor da indústria agroalimentar de mais de 15 países.
Desde a passada terça-feira, a Expo AgriTech 2024 reuniu 405 especialistas no seu congresso, que destacaram as oportunidades dos dados e das tecnologias avançadas – como a inteligência artificial generativa, os gémeos digitais, a cadeia de blocos, os drones e a robotização – para tornar as explorações agrícolas mais rentáveis e eficientes. No entanto, Hamza Qadoumi, fundador da empresa sueca de agritech Ecobloom, reconhecida pela Forbes como um dos empresários mais prestigiados pelos seus projetos de impacto social, e executivos da Trops, Treemond e Hispatec, entre outros, concordaram que é necessário desenvolver tecnologias práticas e funcionais para que os agricultores as possam incorporar facilmente.
Outro dos principais temas examinados foi a ascensão da agricultura regenerativa, que tem por objetivo resolver os problemas de saúde do solo na Europa – até 70% do solo está deteriorado – e estimular a biodiversidade. Paralelamente, o fórum abordou a aplicação de novas fontes de energia nas culturas, as ajudas da recente PAC e o desafio da falta de substituição de gerações, entre outras questões.
Um total de 566 inovações foram apresentadas na área de exposição do evento, que conta com o apoio da Consejería de Agricultura, Pesca, Água e Desenvolvimento Rural da Junta da Andaluzia e de fundos europeus do FEDER, e foram expostas por 171 empresas expositoras. Tratores inteligentes autónomos, robôs que colhem os produtos no momento ideal, drones que monitorizam as explorações agrícolas, câmaras de visão artificial que contam os frutos, um robô quadrúpede para analisar as explorações agrícolas e equipamentos eletrónicos que atraem e capturam pragas através da radiação luminosa foram apenas alguns exemplos.
GESTÃO DE RISCO
O terceiro dia da Expo AgriTech 2024 centrou-se nas tecnologias que ajudarão a melhorar a avaliação dos riscos e a otimizar a gestão das políticas, num contexto de particular relevância devido às intempéries como a recente DANA ou o impacto das recentes épocas de seca. Manuel Rodríguez, Diretor de Tecnologia e Processos da Agroseguro, sublinhou a importância de “sermos cada vez mais eficientes numa altura em que temos fenómenos climáticos mais recorrentes”.
Neste sentido, anunciou que “já efetuámos o primeiro pagamento da DANA menos de um mês após o evento. Utilizámos imagens de satélite do sistema Copernicus, porque não foi possível aceder a certas zonas, para ver o sistema danificado”. Destacou ainda o potencial de inovação, com a utilização de IA, visão artificial e machine learning, nos processos de deteção de fraudes, na organização de peritagens, no controlo das consequências da falta de água e no progresso do aumento da produção nos olivais.
Outra ferramenta digital que vai ser revolucionária para o campo são as nanobolhas. Juan Cirera, Business Development Manager da Moleaer, partilhou a sua experiência com esta ferramenta, que já é utilizada no Japão para uso doméstico e que trará grandes benefícios não só para a indústria agrícola, mas também para a medicina e outros setores. Trata-se de uma tecnologia certificada por organismos científicos e organizações de diferentes países, que utiliza bolhas de gás extremamente pequenas para tratar a água, poupando recursos hídricos, fornecendo nutrientes e melhorando a sua qualidade.
“A presença de nanobolhas ajuda a reduzir a tensão superficial da água até 30%”, o que, na sua opinião, será benéfico para aumentar a produtividade do campo. Também proporcionará “mais eficiência nos processos industriais, na redução do consumo de energia e no consumo de produtos químicos”, afirmou.
Por seu lado, Pablo Bielsa, diretor de Tecnologias de Agricultura de Precisão da Avanterra, sublinhou a importância de colocar estas tecnologias de precisão à disposição do agricultor para que o profissional possa tirar o máximo partido delas. “Os dados são a grande revolução, e estamos a falar não só de dados agronómicos, mas também de dados da própria máquina. Isto permite-nos ter a informação registada automaticamente no caderno de campo, para que o agricultor não tenha de fazer o trabalho administrativo e possa tomar melhores decisões”, observou.
No que diz respeito aos desafios futuros em termos de risco, Rodríguez citou a qualidade e a segurança dos dados como questões fundamentais, “porque com todos os avanços tecnológicos foram criadas muitas oportunidades de inovação, mas também muita vulnerabilidade a uma escala sem precedentes. Temos de encontrar um equilíbrio sem pôr em risco a continuidade das atividades”, afirmou. Por seu lado, e face ao aumento da população mundial e aos desafios ambientais, Bielsa sublinhou a importância da eficiência das soluções digitais, capazes de otimizar a informação e de serem mais sustentáveis.
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