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Administrador de insolvência aguarda plano de Luís Delgado para dona da Visão

Carla Borges Ferreira,

André Correia Pais dirá ao tribunal que a empresa deve avançar para liquidação se não conseguir pagar os ordenados em dezembro. Aguarda interlocutores do lado dos credores e plano de Delgado.

Os próximos dias são decisivos para a Trust in News, dona da Visão, da Exame, do Jorna de Letras e de mais de uma dezena de outras marcas de media. André Correia Pais, nomeado no dia 4 de dezembro administrador de insolvência da empresa, confirma ao +M a intenção de comunicar ao tribunal que em sua opinião a empresa deve entrar em liquidação se não conseguir pagar os ordenados deste mês. “Não teria ‘cara’ de manter a empresa em laboração se não pagar os ordenados. Em consciência, é o que posso fazer”, resume.

Até hoje, dia 20, foram feitas as transferências de 1/12 avos dos subsídios de Natal a todos os trabalhadores, o montante que diz respeito ao período pelo qual já é responsável. Quanto ao montante necessário para pagar os ordenados, e a 11 dias corridos do fim do mês, não há garantias, em nenhum dos sentidos. “Ainda não descarto a possibilidade de conseguir resolver a questão”, refere.

André Correia Pais chama a atenção, no entanto, para dois pontos. Por um lado, comunicar ao tribunal que em sua opinião a empresa não tem condições para continuar a laborar não significa que a empresa entre em liquidação nesse momento, sendo a decisão do tribunal e dos credores.

Depois, ao dar o seu parecer, alertará também para a existência de um plano de reestruturação, que Luís Delgado se comprometeu a entregar em tribunal até dia 27 de dezembro.

Delgado, recorde-se, ouvido esta quarta-feira na Comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, avançou que iria apresentar uma proposta de reestruturação, nem que seja “para memória futura”.

Este plano, com medidas diretas específicas, vai ser apresentado no dia 27 de dezembro junto do tribunal e, previamente a isso, junto do administrador de insolvência que, tanto quanto nos disse a nós, diretamente, não tem nenhum plano”, acrescentou. “Também acho que não está muito interessado em conhecer os planos de reestruturação, mas ser-lhe-á mostrado na altura”, continuou Luís Delgado.

Não sei como vai acabar a empresa, até pode acontecer como já ouvi, que o administrador de insolvência, se não tiver dinheiro para pagar os ordenados, irá imediatamente para liquidação”, referiu. Ou seja, “liquidada imediatamente a empresa e eu não posso fazer nada”, enfatizou o desde 2018 dono da editora.

Ora, André Correia Pais reconhece que não terá condições para manter a empresa a trabalhar se não cumprir com o pagamento dos ordenados, mas assegura que está disponível e tem todo o interesse em conhecer o plano de restruturação. “É com agrado que oiço que será apresentado um plano. Poderá ser uma solução. Podem contar comigo, com o meu o apoio e colaboração“, frisa em conversa com o +M.

Com apenas duas semanas de funções, o atual responsável pela TiN reconhece que ainda não teve tempo para elaborar uma proposta com vista a uma solução de fundo para a empresa. “Em termos do conhecimento que há da empresa, o plano [apresentado por quem conheça bem a estrutura e negócio] será mais profícuo“, aponta, explicando que nestas primeiras duas semanas, mais do que a desenhar planos de futuro, esteve a conhecer a empresa e gerir o dia-a-dia, de forma a que os títulos continuassem todos a sair para as bancas.

“Espero que esse plano resolva os problemas da empresa e que os credores o possam aprovar. Estou interessado em conhecer esse plano, e todas outras contribuições que possam surgir”, prossegue.

Entretanto, e a funcionar como possível entrave a qualquer decisão, está o facto de não haver uma comissão de credores instalada. Ou seja, do lado dos credores – logo à cabeça, o Estado –, André Correia Pais ainda não tem interlocutores. “Não estou confortável para tomar decisões de fundo, sem os credores se manifestarem“. Do lado dos trabalhadores, que também são credores, o responsável diz que “encontrou vontade de trabalhar e de ‘dar a volta'”. “Devia haver uma comissão de credores instalada, para que pudessem ser tomadas decisões de estruturais”, aponta.

A assembleia de credores está marcada para dia 29 de janeiro.

 

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