“UE trata-nos muito mal”, diz Trump
O presidente dos EUA fez críticas à União Europeia e recordou os anos em que esteve fora da política e enfrentava burocracia e processos de licenciamento europeu a demorarem “cinco ou seis anos".
O presidente norte-americano aproveitou o discurso em Davos, esta quinta-feira, para lançar duras críticas à União Europeia (UE), sobretudo na fiscalidade e burocracia associada ao investimento estrangeiro.
“Do ponto de vista dos Estados Unidos, a UE trata-nos muito mal. Têm impostos altos”, afirmou Donald Trump, no Fórum Económico Mundial, através de videoconferência a partir de Washington D.C. “Amo a Europa. Amo os países da Europa, mas tratam-nos de forma injusta”, criticou.
Donald Trump recordou os anos de empresário, quando ainda não estava envolvido na política, para criticar a burocracia e os processos de licenciamento que enfrentaram os seus projetos privados na UE, onde a aprovação demorava “cinco ou seis anos”.
“Têm de acelerar os processos”, alertou. Em contrapartida, disse que os EUA vão iniciar cortes de impostos para cidadãos e empresas locais e instou as organizações mundiais a produzirem na maior economia do mundo.
“A minha mensagem para todos os negócios no mundo é muito simples: venham fazer o vosso produto na América e nós vamos dar-vos dos impostos mais baixos de qualquer país na Terra. Mas, se não fizerem o vosso produto na América terá de pagar uma tarifa – diferentes montantes, mas uma tarifa. Vão entrar milhares de milhares de milhões e até biliões de dólares no nosso Tesouro, que reforçarão a nossa economia e pagarão dívida”, referiu.
No mesmo contexto, acusou a administração Biden de causar um “caos” que resultou na “maior crise inflacionária do mundo moderno”. “O preço dos alimentos e de quase tudo disparou” com as “políticas ruinosas” dos democratas, na sua opinião. “O dinheiro estava a ser gasto em coisas desnecessárias”, condenou.
Petróleo reage a promessa dos EUA
Donald Trump considera que a sua vitória nas eleições presidenciais de novembro “vai tornar o país melhor” e o Planeta “mais pacífico”. Desde logo, porque acredita que o conflito entre a Rússia e a Ucrânia chegará ao fim assim que conseguir negociar com os sauditas e a OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo.
“Vou pedir à Arábia Saudita para descer o preço do petróleo. Têm de baixar. Enquanto o preço estiver assim alto, a guerra vai continuar”, advertiu à audiência que está nos Alpes suíços ou a acompanhar por streaming. Cerca de meia hora após terminar o discurso, por volta das 17h15, a cotação do Brent recuava cerca de 0,60% para 78,24 dólares por barril. O WTI caía 0,85% para 74,89 dólares por barril.
"Começámos a maior campanha de desregulação da história (…). Estamos a trabalhar mais há quatro dias do que a anterior administração em quatro anos. E estamos apenas a começar”
E enumerou uma série de medidas que implementou nestes primeiros dias: o reforço do controlo da imigração ilegal e da criminalidade, a criação de um novo departamento de eficiência governamental, liderado por Elon Musk, o fim do Green New Deal – o pacote de medidas de transição energética e equidade económica, que caracterizar como “green new scam” (“o grande esquema verde”) – ou o ponto final aos incentivos à compra de automóveis elétricos. “Vamos deixar que as pessoas comprem o carro que quiserem”, declarou.
A intenção, já adiantada esta semana, é tributar o México e o Canadá em 25%, a partir de 1 de fevereiro, mas nem a China (10%) nem mesmo a União Europeia estão livres de tarifas. É um tema que a própria presidente do BCE comentou em Davos, onde admitiu que a Europa deve estar preparada para os eventuais impactos.
A 55ª edição do Fórum Económico Mundial, que decorre entre os dias 20 e 24 de janeiro, está subordinada ao tema “Collaboration for the Intelligent Age” (“Colaboração para a Era da Inteligência”) e recebe cerca de três mil líderes mundiais de 130 países, entre os quais 60 chefes de governo e 900 CEO ou presidentes de empresas. Donald Trump interveio por vídeo no penúltimo dia desta grande conferência com um espaço de conversa de 45 minutos, cuja moderação esteve a cargo dos fundador e CEO do Fórum Económico Mundial, Klaus Schwab e Børge Brende.
Donald Trump admitiu que gostava de ter estado fisicamente presente em Davos, mas a tomada de posse foi esta semana e achou que fosse um intervalo curto de tempo para viajar para este lado do Atlântico. No final, recebeu um convite para ir 2026 – ao qual não respondeu, embora tenha agradecido.
(Notícia atualizada às 17h17 com mais informação e cotações do petróleo)
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