Montenegro defende “PRR para a área da defesa”
Luís Montenegro defende modelo semelhante ao que esteve em cima da mesa durante a pandemia e a capacidade da Europa ter um processo de financiamento comum.
O primeiro-ministro defendeu esta segunda-feira um financiamento comum para a defesa europeia, inspirado no modelo do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Luís Montenegro apontou a emissão de dívida comum como eventual solução.
“Defendemos a capacidade da Europa ter um processo de financiamento comum, porque o projeto também é comum”, afirmou em declarações aos jornalistas, transmitidas pela RTP3, no fim do primeiro retiro informal de líderes da União Europeia, em Bruxelas.
O Chefe do Executivo português adiantou que transmitiu aos restantes Estados-Membros que “o Governo defende um PRR para a área da defesa“, que “possa evoluir num modelo semelhante ao que esteve em cima da mesa durante a pandemia” e que “pode passar, eventualmente, por dívida comum que possa servir como o alicerce” para ser “efetivamente consequentes, porque senão daqui a dois ou três anos” ainda se está “a discutir as mesmas coisas”.
Em entrevista ao ECO, o ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, já tinha defendido essa solução. “Não existindo novos recursos próprios, não ficarei muito surpreendido que a solução para a defesa pudesse vir a ser, por exemplo, um PRR. Uma dívida comum para financiar a defesa. Mas também para reconstruir a Ucrânia”, disse José Manuel Fernandes no ECO dos Fundos, o podcast quinzenal do ECO sobre fundos europeus.
Luís Montenegro explicou que todos os países avançaram a sua posição durante o encontro, embora ainda não haja consenso sobre o reforço da defesa. Porém, defende a urgência do tema.
“Temos de estar cientes que este [o reforço da defesa] é um objetivo que está nas prioridades de cada um de nós. Temos uma guerra em território europeu, temos a nossa segurança e defesa ameaçadas em vários domínios“, disse, acrescentando que na zona marítima portuguesa passam “vários dos cabos marinhos que ligam, do ponto de vista das comunicações, a Europa com o continente americano e não só”.
Para Luís Montenegro é essencial que a União Europeia aumente a capacidade de produção na defesa, para consumo próprio e para exportação. “Se tivermos necessidades para satisfazer amanhã, no próximo ano não temos a capacidade de produzir, temos de comprar no mercado. Se ficarmos sempre a olhar para esse figurino não vamos no médio prazo ter a nossa própria capacidade. Este é um projeto que integra este objetivo de defesa com objetivo económico, de relançamento da Europa, de capacitação do nosso tecido económico“, considerou.
“A Europa está a investir grande parte do seu capital noutras geografias, particularmente nos EUA. Isto é um absurdo: a Europa coloca o seu capital e dinheiro nos EUA, que por sua vez promovem a área de produção de muitos dos bens que depois vamos comprar, deixando toda a mais-valia do lado de lá“, argumentou.
Um dos pontos da agenda do retiro convocado pelo presidente do Conselho Europeu, António Costa, foi precisamente a defesa. O objetivo passou por ajudar a preparar os próximos passos e orientar a Comissão e o Alto Representante na preparação de propostas sobre o futuro da defesa europeia.
Por seu lado, o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), Mark Rutte, apelou a uma maior aposta no setor. “Foi bom ter participado hoje no Conselho Europeu informal. À medida que trabalhamos para aumentar a nossa resiliência e reforçar a nossa defesa, temos de investir mais e produzir mais”, escreveu numa publicação no X, após o encontro.
Luís Montenegro indicou ainda aos jornalistas que as taxas alfandegárias anunciadas pelo presidente norte-americano também estiveram em cima da mesa, e insistiu na “capacidade de argumentação” para fazer face às ameaças de Donald Trump.
(Notícia atualizada às 19h38)
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