Canadianos investem 1,4 milhões em nova rede social de compras que espera “ser unicórnio”
'Private equity' Monarque Funds apostou na tecnológica portuguesa Bloop. Cansado de não saber se a opinião dos influenciadores é verdadeira? Lá a avaliação é só de quem compra (e paga-se).
A opinião que tem sobre um produto que comprou pode valer tanto que, quando alguém fizer a mesma compra, recebe dinheiro. É uma lógica de marketing antiga, mas em breve será alargada às lojas online e redes sociais – made in Portugal. A tecnológica Bloop está prestes a lançar-se no mercado, em meados de março, com uma “rede social de compras” depois de o fundo de private equity canadiano Monarque Funds e a mediadora de seguros Insure Broker terem feito um investimento de cerca de 1,4 milhões de euros na empresa.
O financiamento privado pré-seed (fase inicial) inclui ainda 410 mil euros vindos de uma campanha de crowdfunding (angariação de fundos online) que envolveu 126 investidores. O capital permite à startup portuguesa entrar no mercado do comércio eletrónico (e-commerce) com uma proposta de valor que acredita ser diferenciadora, uma vez que é um marketplace (loja digital) misturado com rede social em que é a opinião do utilizador que conta. Se a avaliação dos produtos der frutos, esse mesmo utilizador recebe créditos para comprar na loja, mantendo o dinheiro a circular dentro do sistema.
“O objetivo é aumentar a autenticidade das compras. Nós somos todos influencers no nosso dia a dia. Agora estamos aqui neste restaurante e se gostar amanhã digo a alguém e vêm”, exemplifica o fundador e CEO da Bloop, Francisco Rodrigues. O racional é o mesmo, mas online. “Não há barreiras à entrada porque toda a gente pode remunerar o seu poder de influência. Esperamos ser unicórnio”, diz o empreendedor, num encontro com a imprensa, em Lisboa.
"Toda a gente pode remunerar o seu poder de influência”
A empresa foi formalmente criada em 2022, mas esteve nos últimos anos em compasso de espera para levantar capital, porque queria ser “capaz de abranger várias geografias europeias e, depois, fora da Europa”. O plano é começar em Portugal e Espanha (2026), seguindo-se França, Alemanha e outros países europeus. A partir de 2027, o foco é os Estados Unidos da América.
Escalabilidade do negócio é o conceito-chave para esta injeção de capital. Os fundadores garantem que nunca pensaram em manter a Bloop apenas em território nacional. Aos investidores deverá ter também agradado a experiência e currículo dos rostos por detrás da tecnológica, tendo em conta que vêm de concorrentes de outra liga, como Amazon, Microsoft, Farfetch, Uber e Worten. Quem também chega da Microsoft e está no conselho de administração da Bloop é Francisco Espanã, atual diretor-executivo de Startups e Nativos Digitais da Microsoft Portugal.
A Bloop tem atualmente 20 vendedores e um milhão de produtos. Até 2026, a startup tem a meta de chegar a mais de 2 milhões de clientes ativos, movimentar um volume de vendas superior a 300 milhões de euros e atingir receitas de mais de 40 milhões de euros.
Bloop contrata na Amazon e Farfetch e procura mais 50 pessoas
No curto prazo, pretende reunir 500 vendedores na oferta de produtos e experiências na sua plataforma digital e voltar a financiar-se numa outra ronda de financiamento de capital de risco (venture capital) para a internacionalização, bem como contratar meia centena de pessoas. A equipa é composta por 14 trabalhadores – mais três administradores – e, a cumprir-se este desígnio, chegará aos 65. “Estamos a falar com fundos internacionais, venture capital europeus (…). Em Portugal não há cultura de capital de risco. Não se investe até ter vendas”, disse Francisco Rodrigues aos jornalistas.
Onde está a inovação desta rede social de compras? O marketplace tem um modelo de incentivos que permite aos utilizadores ganharem até 10% do valor da compra que fizeram (em créditos na carteira Bloop) ao fazerem uma publicação a recomendar o produto X ou Y. Caso se materialize numa venda, ganham até 5%. A ideia é recompensar os utilizadores por partilharem experiências reais e honestas sobre os produtos, contrariando a tendência de mercado em que os consumidores seguem as opiniões dos chamados influenciadores digitais com milhares de utilizadores.
O problema deste modelo de negócio é que, como a plataforma também viverá de publicidade, os utilizadores ditos imparciais, correm o risco de se autopublicitar e tornarem-se também influencers a uma escala mais pequena.
A gestão garante estar consciente desses riscos e ter mecanismos na Bloop que contrariem esses fenómenos e tentativas de “falcatrua” ao sistema. Por exemplo, o cliente tem 30 dias para avaliar um produto depois de o comprar e o valor associado às devoluções só entra no cofre 14 dias depois para evitar batota nas trocas.
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