Estratégia de internacionalização do setor agroalimentar reforça aposta nos EUA

O plano para 2025-2030, que será apresentado até ao final deste primeiro trimestre, prevê uma subida ligeira das exportações para o mercado norte-americano, apesar da “entrada a pés juntos” de Trump.

Os Estados Unidos (EUA) vão manter-se como um mercado estratégico — e inclusive ter maior peso nas vendas — na próxima estratégia de internacionalização do setor agroalimentar, que será apresentada até ao final deste primeiro trimestre, disse ao ECO a diretora executiva da Associação para a Internacionalização e Inovação Agroalimentar (Portugal Foods).

A revisão do plano para 2025-2030, que está em curso e ficará pronta até março, prevê uma subida ligeira das exportações para o mercado norte-americano este ano, apesar da “entrada a pés juntos” de Donald Trump, segundo a responsável da Portugal Foods.

“As tarifas e a entrada a pés juntos, bastante violenta, de Donald Trump é um estilo conhecido e que levanta preocupação, porque mexe com a estratégia de abordagem aos mercados. As empresas estarão apreensivas e com cautelas, mas não deixarão de continuar a trabalhar os EUA da mesma forma — e até a incrementar as suas exportações, pelo que temos percebido”, afirma Deolinda Silva.

A diretora executiva da Portugal Foods diz que os EUA têm vindo a afirmar-se como um mercado prioritário, sobretudo no pós-pandemia, quando as empresas agroalimentares portuguesas começaram a perceber que havia “potencial” do outro lado do Atlântico, incluindo Canadá e também no Japão e na Coreia do Sul. Hoje, os EUA estão no Top 10. “Este ano ainda iremos crescer um pouco as exportações de produtos alimentares e bebidas para este mercado. Temos até um assessor in loco que nos está ajudar a preparar todas as ações de promoção e a apoiar nas dúvidas das empresas sobre a entrada no mercado”, afirma ao ECO.

No primeiro mandato de Donald Trump na Casa Branca, houve aumentos de tarifas ao vinho francês e alemão, às azeitonas espanholas ou ao Parmesão de Itália. Questionada sobre o impacto de medidas da mesma natureza, referiu que “não impediram de continuar e aumentar as exportações”, portanto antecipa o mesmo.

No ano passado, as exportações neste setor foram de aproximadamente dez mil milhões de euros (9,98 mil milhões de euros), de acordo com os dados do INE divulgados esta segunda-feira, excluindo animais vivos e flores. Para os Estados Unidos, Portugal exportou 250 milhões de euros no acumulado de 2024. “Percebemos que ainda há muita margem de manobra, apesar de todas estas dificuldades. Portugal, além da qualidade da indústria, tem flexibilidade”, garante a diretora executiva da Portugal Foods.

A Portugal Foods dinamiza uma agenda mobilizadora do PRR e é uma das entidades que integra a nova comissão consultiva setorial para a internacionalização do setor agroalimentar (CCS-ISA), criada pelo Governo na semana passada para reduzir o défice da balança comercial com o aumento das exportações. O grupo é coordenado pelo gabinete de planeamento, políticas e administração geral, ao qual cada membro terá de entregar o nome do seu representante no prazo de cinco dias.

A comissão envolve a Aicep, a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), o Instituto da Vinha e do Vinho (IVV), o Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP), a Direção-Geral dos Recursos Marítimos (DGRM), a Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR), a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), a Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal (Confagri), a Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares (FIPA), a Associação para a Promoção das Frutas, Legumes e Flores de Portugal (Portugal Fresh), a Associação do Azeite de Portugal (Casa do Azeite), a Associação Interprofissional da Fileira da Carne de Porco (FILPORC) e a Associação Interprofissional do Vinho (ViniPortugal).

É a solução “mais adequada para promover uma melhor integração e coordenação entre o setor, o Ministério da Agricultura e Pescas e as restantes entidades públicas com competências na área da internacionalização ou federações e associações representativas do setor especialmente orientadas para a exportação, no sentido de promover a internacionalização do setor agroalimentar”, de acordo com o despacho publicado em Diário da República.

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