BRANDS' ECO “Os engenheiros gostam de seguir aquilo que a ciência diz”

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A PROFORUM discute a engenharia nacional há 30 anos. Em relação à transição energética, o presidente da associação, António Martins da Costa, diz que há soluções e é preciso aceitar a ciência.

Atrair mais jovens para o estudo da engenharia, refletir sobre as grandes transformações no setor e pensar sobre a transição energética são três das preocupações de António Martins da Costa, presidente da PROFORUM, Associação para o Desenvolvimento da Engenharia Portuguesa. Nesta conversa, o professor catedrático convidado e assessor do Conselho de Administração da EDP explica algumas das implicações que as novas tecnologias poderão ter no mundo laboral, no clima ou na competitividade nacional, entre outros temas.

A PROFORUM foi criada em 1995 por 28 empresas que procuravam promover discussões e refletir sobre o setor da engenharia. No início, a associação estava centrada nas áreas mais tradicionais da construção de infraestruturas ou da mecânica. Ao concluir 30 anos, a organização tem agora um âmbito muito vasto e também mais associados, nomeadamente da área financeira, consultores e escritórios de advogados. As novas preocupações incluem a transição digital e a questão energética, mas também a retenção de talento.

“Há ramos de engenharia que deixaram de ter a atratividade que tiveram no passado”, explica António Martins da Costa. “A engenharia civil era a aspiração de muito jovens, mas estes viram-se mais para o domínio digital, para as novas tecnologias”. Segundo diz o Presidente da PROFORUM, Portugal tem escolas de engenharia muito boas e o ramo encontra-se em expansão, o problema está na retenção dos novos engenheiros no País. “A Europa tem maior capacidade para contratar estes jovens”, considera Martins da Costa, que alerta para “a falta de competitividade do tecido empresarial português”, nomeadamente nos salários. Na sua opinião, também é preciso fazer um trabalho nas escolas secundárias para estimular o interesse dos jovens nas áreas da ciência, tecnologia, engenharia e matemática.

Novas tecnologias

Uma das áreas de reflexão da Associação dirigida por António Martins da Costa é a transição digital, onde as transformações estão a ocorrer a grande velocidade, havendo mudanças demasiado recentes para serem inteiramente compreendidas, por exemplo o anúncio do investimento de 500 mil milhões de dólares no projeto americano de inteligência artificial Stargate ou o inesperado aparecimento da DeepSeek chinesa. “Este mundo está a mudar permanentemente e ainda não conseguimos avaliar todas as implicações”, diz o presidente da PROFORUM, que lembra os avisos do relatório de Mario Draghi sobre a União Europeia, segundo o qual existe um atraso europeu na inovação e produtividade face aos EUA, além de excesso de burocracia.

"Não há dúvida de que a inteligência artificial vai levar a novos métodos de trabalho e de comunicação. Haverá uma recomposição do tecido laboral, tal como o conhecemos”

António Martins da Costa, presidente da PROFORUM

“Não há dúvida de que a inteligência artificial vai levar a novos métodos de trabalho e de comunicação”, explica Martins da Costa, nesta entrevista. “Haverá uma recomposição do tecido laboral, tal como o conhecemos”. Na sua análise, haverá funções a desaparecer, outras serão difíceis de substituir, nomeadamente aquelas que envolvem contacto humano.

A questão climática

Em relação à transição climática, o presidente da PROFORUM considera que a “engenharia tem soluções”, diz que a “eletrificação vai avançar” e também sublinha que será necessário “produzir eletricidade de fontes limpas”. Segundo explica, “os engenheiros gostam de seguir aquilo que a ciência diz”, ou seja, as alterações climáticas estão a ser provocadas por gases com efeito de estufa e o aumento destes gases está ligado à atividade humana, nomeadamente uso de combustíveis fósseis.

"São as empresas que criam a riqueza. O Estado não é criador de riqueza, cria os incentivos para que ela apareça”

António Martins da Costa, presidente da PROFORUM

Além destes temas, a PROFORUM tem debatido problemas ligados a projetos nacionais de engenharia, como o novo aeroporto, a rede ferroviária ou a gestão hídrica. A ideia é discutir como poderá a engenharia contribuir para criar mais riqueza. Há pobreza e problemas de redistribuição, também é preciso que os salários subam, “especialmente para as novas gerações qualificadas”, afirma António Martins da Costa. A associação procura estudar todos estes assuntos e ajudar a sociedade a fazer boas escolhas. “São as empresas que criam a riqueza. O Estado não é criador de riqueza, cria os incentivos para que ela apareça”.

Assista à conversa completa aqui:

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