Faturação das maiores imobiliárias dispara 26,6% para valores recorde

Remax, Century 21, Era, Keller Williams e Zome tiveram um ano histórico, contabilizando aumentos significativos em volume de negócios, número de transações e faturação.

O mercado da habitação continua a fervilhar. Em 2024, segundo os dados mais recentes da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), não só os preços subiram 12% como o número de casas vendidas cresceu 13,1%. Nas contas das mediadoras imobiliárias, estes números traduziram-se em mais um ano de crescimento e de recordes.

Isso é visível nas contas das maiores redes de mediação imobiliária a operar do país, com a Remax, ERA, Century 21 Keller Williams (KW) e Zome a registarem aumentos significativos em volume de negócios, número de transações e faturação, superando em muitos casos os seus melhores resultados históricos. E as perspetivas para 2025 são igualmente otimistas, com os responsáveis das empresas a preverem a continuação deste crescimento, embora a um ritmo mais moderado.

De acordo com dados recolhidos pelo ECO, as cinco maiores redes imobiliárias a operar no país registaram um aumento médio de 26,6% da sua faturação, intermediando um volume de negócios superior a 18 mil milhões de euros através de mais de 130 mil transações. A Remax, líder do mercado com uma rede de 412 agências e mais de 10,8 mil consultores, promoveu negócios de 7,12 mil milhões de euros, um aumento de 24,51% face aos números de 2023, através de 69 mil transações (vendas e arrendamento), mais 12,8% face ao ano anterior.

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“2024 foi um ano em que superámos os recordes do mercado, na verdade, os nossos próprios recordes”, refere Manuel Alvarez, presidente da Remax Portugal ao ECO, que depois de registar um crescimento de 18,4% da faturação, antecipa um crescimento de “dois dígitos” este ano, “tanto que começámos já em janeiro com um crescimento de 30,4%”, diz.

A mesma dinâmica de crescimento foi registada pela Century 21, que em 2024 intermediou um volume de negócios de 4,31 mil milhões de euros, mais 17,9% face a 2023. A sua rede de 220 agências espalhadas de norte a sul e ilhas realizou 25.927 transações, um aumento de 14,6% face ao ano anterior, fazendo com que a sua faturação disparasse 30,76% para 117 milhões de euros.

“Estes resultados refletem o empenho da rede em compreender as dinâmicas do mercado e em oferecer soluções acessíveis e ajustadas às necessidades dos portugueses”, refere Ricardo Sousa, CEO da Century 21 Portugal, ao ECO, sublinhando ainda objetivo de este ano “consolidar o crescimento registado no último ano” e reforçar a “presença em segmentos estratégicos.”

Apesar de 2023 não ter sido o melhor dos anos para todo o setor e, consequentemente, também para nós, a verdade é que em 2024 nos conseguimos superar a todos os níveis e crescer acima do setor.

Rui Torgal

CEO da Era Portugal

A ERA Portugal também teve um 2024 muito positivo, com a faturação da empresa a ultrapassar pela primeira vez a fasquia dos 100 milhões de euros, que se traduziu num crescimento de 21,4% face a 2023. O número de transações aumentou 11,93% para 12.200, enquanto o valor global dos negócios transacionados cresceu cerca de 13% para 2 mil milhões de euros.

“Apesar de 2023 não ter sido o melhor dos anos para todo o setor e, consequentemente, também para nós, a verdade é que em 2024 nos conseguimos superar a todos os níveis e crescer acima do setor”, refere Rui Torgal, CEO da Era Portugal, que opera no país desde 1998.

A KW Portugal, que no ano passado faturou 72 milhões de euros, mais 33% que em 2023, revela em comunicado que 2024 “ficou para a história da companhia como o melhor de sempre em território português”, com Marco Tairum, CEO da empresa, a sublinhar ainda que “mais de 72% das comissões cobradas a clientes foram entregues aos consultores.”

A Zome, que nasceu em 2019 na sequência da fusão de duas empresas da rede KW Portugal, não só acompanhou a dinâmica dos seus pares como contabilizou o maior crescimento entre as principais redes mediadoras. Não só o número de transações aumentou quase 40% para mais de 10 mil operações por via da intermediação de um valor global de negócios de 1,8 mil milhões de euros, como a faturação da empresa disparou 33% para 40 milhões de euros.

E para este ano, a ambição é ainda maior. “Prevemos ultrapassar os 60 milhões de euros em faturação”, refere Carlos Santos, CEO da Zome, mostrando com isso a meta de aumentar 50% face aos números de 2024 e duplicar os números face a 2022.

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Mercado residencial deverá manter-se “aquecido”

O desempenho das redes imobiliárias reflete o dinamismo do mercado residencial português em 2024. Os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam que nos primeiros nove meses de 2024 foram realizadas mais de 111 mil transações de alojamentos familiares num volume de negócios de 23,7 mil milhões de euros. Trata-se de um crescimento de 13,6% do número de transações e de um aumento de 8,5% do volume de negócios face ao período homólogo de 2023.

As medidas lançadas pelo atual Executivo de incentivo à compra de casa por parte das gerações mais jovens veio trazer uma dinâmica muito importante ao mercado, sobretudo no segundo semestre, sustentada também por um contexto macroeconómico mais favorável devido, principalmente, à redução das taxas de juro”, revela Rui Torgal, no comunicado da Era com os resultados obtidos no ano passado.

Os principais desafios estão ligados ao aumento da oferta, sobretudo de cariz habitacional. A escassez de habitações no mercado é o principal desafio, sobretudo a oferta a preços acessíveis à maioria da população.

Manuel Alvarez

Presidente da Remax Portugal

Apesar da vivacidade do mercado em 2024, a dinâmica não foi homogénea ao longo do ano. Depois de em 2023 o número de transações de alojamentos familiares ter caído 18,7% e começado 2024 em queda (o primeiro trimestre teve uma contração homóloga de 4,1%), as vendas de casas dispararam 10% no segundo trimestre e 20% no segundo.

“Os últimos dados revelam que, nos últimos três meses até novembro, o mercado residencial estava a transacionar 26% acima dos valores registados no final de 2023 no que respeita ao número de aquisições, resultado de uma forte aceleração da procura desde o período do verão”, refere a JLL num comunicado de imprensa.

Para este ano, as perspetivas são igualmente positivas. Os responsáveis das principais redes imobiliárias contactados pelo ECO mostram-se otimistas quanto às perspetivas para 2025, antecipando a continuação do crescimento, embora possivelmente a um ritmo mais moderado, ao mesmo tempo que identificam um conjunto de desafios no horizonte.

É expectável um crescimento dos preços para 2025, mas a um ritmo mais calmo do que foi registado em anos anteriores. Os nossos estudos indicam que 2025 terá um aumento de 2% a 3% no valor médio das casas em Portugal.

Carlos Santos

CEO da Zome

A escassez de oferta continua a ser uma preocupação central do setor. “Os principais desafios estão ligados ao aumento da oferta, sobretudo de cariz habitacional. A escassez de habitações no mercado é o principal desafio, sobretudo a oferta a preços acessíveis à maioria da população”, refere Manuel Alvarez.

Além da oferta habitacional limitada, Ricardo Sousa, da Century 21, aponta ainda dois grandes desafios para o setor este ano: forte procura, “especialmente entre jovens e famílias que procuram comprar casa pela primeira vez”, e uma maior abertura no acesso ao crédito à habitação, com “os bancos a desempenharem um papel fundamental na facilitação do financiamento.”

A evolução dos preços é outro tema central no dinamismo do mercado. “Nós vemos um continuar do aumento dos preços [em 2025], porque não vemos que vá haver oferta” suficiente para a procura, referiu Paulo Macedo, presidente da Caixa Geral de Depósitos na sessão de abertura da conferência “Encontro Fora da Caixa” que se realizou em Faro, no final de outubro.

No entanto, Carlos Santos antecipa um abrandamento no ritmo de crescimento dos preços: “É expectável um crescimento dos preços para 2025, mas a um ritmo mais calmo do que foi registado em anos anteriores. Os nossos estudos indicam que 2025 terá um aumento de 2% a 3% no valor médio das casas em Portugal, diz o líder da Zome ao ECO.

No mercado de arrendamento, a tendência poderá ser de manutenção ou ligeiro aumento das rendas, especialmente nos centros urbanos onde a procura continua a superar a oferta disponível.

Ricardo Sousa

CEO da Century 21 Portugal

O setor da habitação residencial demonstrou uma capacidade de resiliência e dinamismo em 2024, com as principais redes mediadoras a registarem resultados recorde no ano passado.

Para 2025, as perspetivas são globalmente positivas, embora a oferta habitacional e a evolução dos preços continuem a revelar-se como grandes desafios.

“A evolução dos preços das casas dependerá da conjugação entre a procura e a oferta disponível. No cenário atual, antecipamos uma estabilização dos preços médios das transações, com oscilações pouco significativas a nível nacional“, refere Ricardo Sousa, antecipando ainda que “no mercado de arrendamento, a tendência poderá ser de manutenção ou ligeiro aumento das rendas, especialmente nos centros urbanos onde a procura continua a superar a oferta disponível.”

(Texto atualizado às 21h22 com dados da faturação da Keller Williams em Portugal e às 23h58 com os restantes dados da operação. As nossas desculpas aos leitores e aos visados)

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