CTT têm 120 milhões disponíveis para fusões e aquisições, indicam analistas
Após a compra da Cacesa e da aliança com DHL, os analistas do JB Capital estimam que os CTT ainda têm poder de fogo para continuar a expandir a sua operação além fronteiras com mais negócios.
Os CTT CTT 2,80% são, até agora, a estrela da bolsa portuguesa em 2025. As ações dos Correios acumulam uma valorização de 25% desde janeiro, e esta sexta-feira fecharam a subir 2,80 para 6,97 euros, tendo estado ao longo da sessão de bolsa a negociar sob o efeito de uma nota de research da JB Capital que reviu em alta o preço-alvo das ações dos CTT para 8,50 euros, conferindo assim um potencial de subida de 26% face à cotação de fecho dos títulos desta sexta-feira.
A nota de research da JB Capital, a que o ECO teve acesso, destaca que os CTT estão a posicionar-se para capturar o forte crescimento do comércio eletrónico transfronteiriço, que representa 19% das encomendas na Europa, impulsionado por plataformas asiáticas como Shein ou Temu. A chave está na aquisição da Cacesa, especializada em desalfandegamento, fechada por 91 milhões de euros em dezembro por parte da equipa liderada por João Bento, CEO dos CTT.
“A Cacesa foi adquirida a múltiplos altamente atrativos: 4,5 vezes o EV/EBITDA, versus os 10 vezes a que os CTT negociam atualmente”, sublinham os analistas Joaquín García-Quirós e Maksym Mishyn.
A operação permite aos CTT controlar toda a cadeia logística, desde a saída das encomendas da China até à entrega em Portugal e Espanha. Com margens brutas de 67% no desalfandegamento, os analistas da JB Capital estimam que a Cacesa deverá gerar sinergias de 5 milhões de euros até 2028, acelerando o tempo de entrega em um dia.
Ações dos CTT seguem em alta no arranque de 2025
Mas o movimento mais ambicioso dos Correios foi a joint-venture celebrada com a gigante alemã DHL no final do ano passado. Em troca de 25% da CTT Expresso (valorizada em 482 milhões de euros), os CTT recebem 100% da DHL Portugal, 25% da DHL Espanha e 69 milhões em dinheiro. A aliança cria um player ibérico com capacidade diária para um milhão de envios e 29 centros logísticos. “O grupo combinado tornará um dos maiores players num mercado fragmentado”, escrevem os analistas, antevendo sinergias de 16 milhões de euros até 2030.
Com uma dívida líquida/EBITDA projetada de 1,1 vezes para este ano, os analistas Joaquín García-Quirós e Maksym Mishyn consideram que os CTT mantêm “capacidade de fogo” para reforçar ainda mais a expansão das suas operações.
A JB Capital calcula que os Correios detenham cerca de 120 milhões de euros disponíveis para promover operações de fusões e aquisições, além de qualquer montante adicional que possa advir de uma venda (parcial ou total) do Banco CTT, como João Bento revelou recentemente em entrevista ao ECO, notando inclusive que depois dos negócios ibéricos com a DHL e com a espanhola Cacesa, os CTT admitem entrar noutros mercados.
“Acreditamos que os CTT estão confortáveis com um rácio de 2 vezes da dívida líquida face ao EBITDA, o que deverá proporcionar cerca de 120 milhões de euros de poder de fogo. Se for necessário mais dinheiro, acreditamos que os CTT considerariam vender parte ou a totalidade do Banco CTT“, destacam os analistas do JB Capital.
Apesar do otimismo, a JB Capital alerta para o “cenário difícil” do correio tradicional, onde os volumes caíram 8% em 2024. Os analistas referem que a divisão representa 57% das receitas, mas a dependência diminuiu face aos 76% de 2015. A aposta na logística – que já vale 36% do EBIT – é, assim, um salto vital para garantir relevância num setor em metamorfose.
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