Farmacêutica Lxbio investe quatro milhões em centro de investigação em Lisboa

Hub na Faculdade de Farmácia será inaugurado em abril, avançou o CEO da empresa portuguesa. Além do financiamento do PRR e Explorer, decorrem negociações com investidores estrangeiros.

A farmacêutica portuguesa Lxbio fez um investimento de quatro milhões de euros para abrir um centro de investigação e desenvolvimento (I&D) de medicamentos biológicos em Portugal. O hub de inovação na saúde vai ser inaugurado no próximo mês de abril e localiza-se na Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, avançou ao ECO o CEO da empresa, Carlos Paula.

“Prestará serviços para a própria Lxbio e para outras farmacêuticas, bem como universidades e hospitais que trabalham em investigação, contribuindo assim para a economia através das exportações. Está dotada das tecnologias mais avançadas nesta área e empregará profissionais diferenciados”, afirmou Carlos Paula.

Será um berço de medicamentos que servirão para tratamentos de doenças oncológicas, autoimunes e infecciosas. O espaço irá produzir produtos farmacêuticos (anticorpos e células CAR-T) tanto para uso interno como para outras farmacêuticas que tenham necessidade de melhorar o pipeline, caso um dos seus produtos tenha perdido a patente e precise de ser substituído ou queira entrar noutras áreas terapêuticas, por exemplo.

Como? “Chegam à unidade da Lxbio, dizem que querem um anticorpo para uma doença oncológica específica e nós desenvolvemos. Será essencialmente para empresas internacionais”, prevê. O objetivo é exportar, apesar das crescentes ameaças tarifárias vindas de um dos mercados mais importantes, os Estados Unidos. “Mais de 70% dos novos produtos em desenvolvimento ou adquiridos pelas grandes farmacêuticas ou são anticorpos monoclonais. A procura é grande e a oferta nem tanto. Daí a aposta”, esclarece.

O ‘comprimido’ que tem permitido avançar com estas infraestruturas e desenvolver os fármacos chama-se capital – e é preciso tomar uma dose maior. A farmacêutica biotecnológica recebeu 8,2 milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e mais seis milhões de euros da Explorer Investments, mas está em negociações com investidores para o próximo financiamento, que permitirá arrancar a Fase 3 de testes clínicos do fármaco de bacteriófagos (infeção do pé diabético), atualmente em Fase 2B nos Estados Unidos e na Índia. “Uma Fase 3 pode ultrapassar os 40 milhões de euros”, assinala.

Em 2021, a Lxbio Pharmaceuticals — joint venture entre a TechnoPhage e a Innovation Bio Ventures – anunciou que iria abrir em Oeiras uma fábrica de medicamentos biológicos com um investimento de 60 milhões de euros. Questionado sobre se o plano ficou na gaveta, o CEO garantiu que unidade de Oeiras se mantém nos planos e servirá para fazer um upgrade (atualização) na tecnologia e escala do centro de inovação lisboeta, que em breve abrirá portas. Um dos travões foi a execução do PRR.

“É diferente. Essa fábrica, dentro da agenda do PRR, seria para produzir quantidades deste novo produto para infeção do pé diabético (bacteriófagos), mas por questões ligadas ao PRR, infelizmente, nem tudo corre de forma tão linear. Estrategicamente, como o desenvolvimento de um produto de A a Z demora uns oito anos a chegar ao mercado, temos de ter outras tecnologias e decidimos investir nesta unidade de I&D”, esclareceu.

Ou seja, não há uma substituição de projetos, mas o centro de I&D em Lisboa é uma espécie de estágio para a fábrica de produção em Oeiras, que demora mais tempo a estar operacional, algo que não é compatível com os prazos do PRR, que exigem que todos os investimentos estejam concluídos até junho de 2026. A expectativa é que nos próximos dois ou três anos as máquinas estejam a todo o vapor, até porque já foi investido meio milhão de euros em equipamentos de engenharia.

“Não é uma em vez da outra. Ficaremos com as duas para aumentar as nossas capacidades de produção”, reitera o gestor. Para este projeto no curto prazo, a biotecnológica ainda está a contratar dois cientistas e mais um coordenador da equipa.

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