Inflação nos EUA sobe 2,5% e reforça política restritiva da Fed
Os dados mais recentes do índice PCE mostram uma inflação resistente nos EUA, sustentando a política monetária cautelosa de Jerome Powell, travando cortes nas taxas de juros nos EUA.
Os dados mais recentes do índice de preços das despesas de consumo pessoal (PCE), divulgados esta sexta-feira pelo Bureau of Economic Analysis, mostram que a inflação nos EUA continua acima da meta de 2% definida pela Reserva Federal (Fed).
Em fevereiro, o índice PCE registou uma subida homóloga de 2,5%, enquanto o aumento mensal foi de 0,3%, ambos em linha com as expectativas dos analistas. Os números confirmaram assim as previsões destes especialistas, que antecipavam uma inflação moderada, mas resistente.
No entanto, o núcleo do PCE, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, subiu 0,4% no mês e 2,8% no ano, superando as projeções dos analistas de 0,3% e 2,7%, respetivamente.
O índice PCE é o indicador preferido da Fed para medir a inflação, devido à sua abrangência e capacidade de refletir alterações nos padrões de consumo.
Ao contrário do Índice de Preços ao Consumidor (CPI), o PCE ajusta os pesos dos bens e serviços consumidos pelos norte-americanos e inclui despesas pagas por terceiros, como seguros de saúde. Estas características tornam o PCE um indicador mais dinâmico e alinhado às necessidades da política monetária norte-americana.
Os preços gerais do PCE mantiveram-se estáveis relativamente ao crescimento anual registado nos meses anteriores, mas o núcleo do PCE apresentou uma aceleração mensal significativa (0,4%), marcando o maior aumento desde janeiro de 2024.
Desde 2012 que a Fed utiliza o PCE como referência principal para as suas decisões de política monetária. A meta oficial de inflação do banco central é de 2%, tanto para o índice geral quanto para o núcleo do PCE. Contudo, os dados mais recentes mostram que a inflação permanece acima desse objetivo, sugerindo um cenário económico ainda pressionado por custos elevados.
Em fevereiro, os preços gerais do PCE mantiveram-se estáveis relativamente ao crescimento anual registado nos meses anteriores. Já o núcleo do PCE apresentou aceleração mensal significativa (0,4%), marcando o maior aumento desde janeiro de 2024. Este comportamento reflete pressões inflacionárias persistentes em setores-chave da maior economia do mundo.
Impacto do PCE na política monetária dos EUA
A mediana das projeções para o núcleo do PCE em 2025 foi recentemente revista em alta pela própria Fed, passando de 2,5% para 2,8%, enquanto a previsão para a inflação geral manteve-se em 2,5%. Estes ajustes indicam que os responsáveis pela política monetária nos EUA estão cientes da dificuldade em alcançar a meta de longo prazo.
Apesar dos números ainda elevados do núcleo do PCE, a Fed optou por manter inalteradas as Fed Funds na última reunião de março. A faixa atual situa-se entre 4,25% e 4,50% ao ano. O banco central dos EUA, liderado por Jerome Powell, tem adotado uma postura cautelosa quanto a novos aumentos nas taxas de juros, devido à possibilidade de desaceleração natural das pressões inflacionárias nos próximos meses.
No entanto, os dados divulgados esta sexta-feira podem reforçar a posição mais conservadora da Fed relativamente aos cortes nas taxas previstas para este ano. A inflação “sticky” (resistente) no núcleo do PCE pode levar os decisores a prolongar o atual ciclo monetário ou adotar medidas adicionais para conter as pressões inflacionárias.
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