BRANDS' ECO “O biometano é uma enorme vantagem para a cerâmica e a cristalaria”
Apesar da vantagem competitiva para a indústria, Paulo Almeida, da Primus Ceramics, avisa que a União Europeia deve apertar as regras para produtores terceiros que não cumprem as mesmas normas.
Paulo Almeida, da Primus Ceramics, não tem dúvidas sobre o potencial transformador do biometano para a indústria energeticamente intensiva. Porém, avisa que é preciso que a União Europeia crie condições para que produtores de países terceiros não representem concorrência desleal para produtores do mercado interno. O especialista falou ao ECO à margem da conferência “Qualificar Portugal para uma Economia do Biometano”, organizada esta semana pela Goldenergy e Axpo Iberia.
Do ponto de vista da indústria, qual é a grande vantagem do biometano e por que razão não é ainda uma solução mais massificada?
O biometano é uma solução viável, pois não exige qualquer tipo de alteração em termos de investimento produtivo. As soluções tecnológicas existentes hoje podem transitar para o biometano naturalmente, o que é uma enorme vantagem para sectores como o da cerâmica e da cristalaria. No entanto, o avanço do biometano foi inicialmente ofuscado pela força dada ao hidrogênio. Agora, está a ganhar algum espaço, mas ainda há desafios burocráticos e falta de informação sobre as garantias de origem, o que deixa a indústria num terreno incerto. Para avançar, seria essencial definir claramente os requisitos formais para a aquisição do biometano e as suas garantias de origem.
Do ponto de vista do preço, o biometano é uma grande vantagem para a indústria nesta fase de descarbonização?
Atualmente, a alternativa energética disponível é o hidrogénio, e nesse contexto, o biometano tem vantagens comparativas. No entanto, as empresas devem estar conscientes de que pagarão mais pela energia descarbonizada. Mesmo o biometano representa um custo superior ao do gás natural.
Existe alguma perspetiva de redução dessa diferença de custo ou é um aumento permanente?
Devemos assumir que a União Europeia se mobilize para que esse custo adicional represente uma vantagem competitiva para as empresas que operam no mercado europeu. Caso contrário, corremos o risco de enfrentar concorrência desleal de países que não cumprem nem pretendem cumprir regulamentações ambientais.
O setor cerâmico tem mantido conversas com o Governo para tentar eliminar alguns dos obstáculos a uma maior adoção?
Sim, temos feito esforços nesse sentido há quatro anos. A cerâmica uniu-se em torno da agenda do PRR, denominada Ecocerâmica e Cristalaria de Portugal, o que fortaleceu nossa posição junto ao Governo. No entanto, as mudanças no Governo dificultam avanços. Algumas promessas feitas há um ano ainda não tiveram resposta, o que atrasa o processo.
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