BCE “sempre pronto” para atuar e estabilizar preços na zona euro
Lagarde garante que a o BCE "está a acompanhar e está sempre pronto a utilizar os instrumentos que dispõe - para garantir a estabilidade dos preços e, claro, a estabilidade financeira".
A presidente do Banco Central Europeu (BCE) disse esta sexta-feira que a instituição financeira está “sempre pronta” para, se necessário, atuar para garantir a estabilidade dos preços na zona euro face à ‘guerra’ tarifária iniciada pelos Estados Unidos.
“O BCE está a acompanhar e está sempre pronto a utilizar os instrumentos de que dispõe – e que, no passado, apresentou os instrumentos e ferramentas adequados que eram necessários – para garantir a estabilidade dos preços e, claro, a estabilidade financeira, porque uma coisa não passa sem a outra”, disse Christine Lagarde.
Falando no final da reunião informal dos ministros das Finanças do euro, em Varsóvia, a presidente do BCE escusou-se a especificar se isso implicaria continuar a flexibilizar a política monetária ou evitar o choque inflacionista que tais direitos aduaneiros podem desencadear, numa altura em que temem os impactos nas economias da área da moeda única e nos mercados pelas novas políticas protecionistas norte-americanas.
Certo é que, nos últimos meses, o banco central tem vindo a reduzir as taxas de juro pelas melhorias na inflação, que atingiu valores recorde após a crise energética acentuada pelos efeitos da guerra da Ucrânia.
Também esta sexta-feira, a Comissão Europeia estimou um impacto económico de até 0,6% no Produto Interno Bruto (PIB) da União Europeia por novos direitos aduaneiros norte-americanos permanentes, que seria cinco vezes pior nos Estados Unidos pela ‘guerra’ tarifária iniciada pelo país.
“De acordo com as nossas últimas simulações de modelos sobre o impacto dos direitos aduaneiros nos Estados Unidos, o PIB norte-americano seria reduzido entre 0,8 a 1,4% até 2027, enquanto o impacto negativo na UE seria menor, de cerca de 0,2% do PIB”, começou por dizer o comissário europeu da Economia, Valdis Dombrovskis.
Também final no final da reunião do Eurogrupo, o responsável acrescentou: “Se os direitos aduaneiros forem considerados permanentes ou se forem tomadas novas contramedidas, as consequências económicas seriam mais negativas, podendo atingir 3,1% a 3,3% para os Estados Unidos e 0,5% a 0,6% para a UE e 1,2% para o PIB mundial”.
Ao mesmo tempo, “o comércio mundial diminuiria 7,7% em três anos“, destacou ainda Valdis Dombrovskis, numa das primeiras previsões de Bruxelas sobre as atuais tensões comerciais transatlânticas, baseadas na taxa de 25%.
Os ministros das Finanças da zona euro discutiram hoje o impacto económico das novas tarifas aduaneiras dos Estados Unidos, num contexto de alívio após o anúncio norte-americano de suspensão temporária, pausa também adotada pelo bloco comunitário.
As previsões macroeconómicas estão a ser influenciadas pelas políticas protecionistas dos Estados Unidos devido à imposição de tarifas elevadas a vários blocos, incluindo à UE, o que tem desencadeado tensões comerciais e instabilidade nos mercados financeiros e receios de desaceleração económica e inflação persistente.
Realizada em Varsóvia pela presidência do Conselho da UE assumida pela Polónia, a reunião informal acontece num momento de acentuadas tensões comerciais após anúncios de Donald Trump, de taxas de 25% ao aço, alumínio e automóveis europeus e de 20% em tarifas recíprocas ao bloco comunitário, estas últimas entretanto suspensas por 90 dias.
A suspensão acalmou os mercados, que têm vindo a registar graves perdas, e foi saudada e secundada pela UE, que suspendeu, durante o mesmo período, as tarifas de 25% a produtos norte-americanos que havia aprovado na quarta-feira em resposta às aplicadas pelos Estados Unidos ao aço e alumínio europeus.
Estão, ainda assim, em vigor tarifas recíprocas norte-americanas de 10% à UE.
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