Turismo europeu nos EUA afunda 7,8% com Trump no primeiro trimestre
O número de visitantes europeus que viajou para os EUA nos primeiros três meses registou uma queda homóloga de 7,8%. Trata-se da maior contração desde 2009, excluindo os anos da pandemia.
A política de Donald Trump está a afastar os turistas europeus dos EUA. No primeiro trimestre de 2025, o número de visitantes da União Europeia caiu 7,8% face ao período homólogo, representando a maior correção desde 2009, excluindo os anos da pandemia. Portugal também não escapou a esta fuga de visitantes, ao registar uma redução homóloga de 4,4%, passando de 41 mil visitantes no primeiro trimestre de 2024 para pouco mais de 39 mil no mesmo período deste ano.
O cenário atual evoca 2009, quando a crise da subprime provocou uma quebra de 11,4% nos visitantes europeus. Desta vez, porém, as causas são políticas: tarifas sobre produtos europeus, alinhamento com a Rússia na guerra da Ucrânia e relatos de detenções arbitrárias em fronteiras estão a minar a atratividade dos EUA. “É um erro não forçado, que está a custar mil milhões em receitas”, resume Adam Sacks, presidente da Tourism Economics, em declarações ao Financial Times.
A retração no turismo europeu para os EUA não é apenas um problema americano. Afeta diretamente economias e companhias aéreas europeias, como a portuguesa TAP.
A correção foi particularmente severa em março, com os números mais recentes da Administração do Comércio Internacional dos EUA (ITA) a revelarem uma correção homóloga de 16,5% do número de turistas europeus que passaram pelo menos uma noite nos EUA, com destaque para a queda de 28,2% dos visitantes alemães (principal origem dos europeus que viajam para os EUA) e para a contração de 33,9% da Irlanda.
Portugal também não escapou a esta dinâmica, contabilizando uma redução homóloga de 18,6% do número de visitantes, sendo o nono país da União Europeia com maior queda nesse mês.
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A retração no turismo europeu para os EUA não é apenas um problema americano. Afeta diretamente economias e companhias aéreas europeias. A TAP, que tem no mercado dos EUA um dos seus pilares estratégicos — a América do Norte foi responsável por 19,4% das receitas de 4.231 milhões conseguidas pela companhia aérea no ano passado –, poderá enfrentar dificuldades adicionais neste cenário.
A redução no número de passageiros não só ameaça as margens operacionais como também pode obrigar a ajustes na capacidade ou até na frequência das rotas, desde logo por a TAP ter em vista o lançamento de três novas rotas para os EUA — Lisboa/Los Angeles, Porto/Boston e Terceira/São Francisco — nos próximos três meses.
Por outro lado, há fatores positivos que podem mitigar parte dos impactos negativos. A recente valorização do euro face ao dólar reduz os custos operacionais denominados em moeda americana, como leasing de aeronaves. Além disso, a queda no preço do petróleo tem beneficiado o setor da aviação ao diminuir os custos com combustível.
Para a TAP e outras companhias aéreas europeias com forte presença nos voos transatlânticos, o desafio será equilibrar a oferta com a procura num cenário volátil. A capacidade de adaptação será crucial para enfrentar este período turbulento sem comprometer a sustentabilidade financeira das operações.
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