Encomendas dos EUA às empresas agroalimentares já estão a “desacelerar” por causa das tarifas de Trump
Setor está a sentir que o envio de contentores por parte dos compradores norte-americanos é mais "comedido". Portugal exporta cerca de 250 milhões de euros de produtos agroalimentares para o país.
A indústria agroalimentar portuguesa já está a sentir o amargo das tarifas de Trump com as empresas norte-americanas a “desacelerar as encomendas”, face à incerteza do impacto real da transação dos vários produtos. As vendas do setor para os EUA valem 250 milhões de euros.
“Algumas empresas portuguesas estão a sentir que o envio de contentores por parte dos compradores norte-americanos é mais comedido devido a este período de grande cautela e incerteza“, afirma ao ECO Deolinda Silva, diretora executiva da PortugalFoods, salvaguardando que “ainda não se fala em cortes de contratos”.
A porta-voz da PortugalFoods antecipa ainda que a “política global de tarifas, em particular o impacto na União Europeia (UE), pode atingir primeiro os produtos premium, como vinhos e bebidas espirituosas”, ao mesmo tempo que “espera também impacto nos queijos e azeite”.
A política global de tarifas, em particular o impacto na UE, pode atingir primeiro os produtos premium, como vinhos e bebidas espirituosas, espera-se também impacto nos queijos e azeite.
Por outro lado, sinaliza que “prevendo-se uma redução das exportações para este país, as empresas devem continuar a diversificar mercados, procurar cadeias de abastecimento mais curtas e de confiança”. A indústria agroalimentar portuguesa exporta para 186 mercados, sendo Espanha, França, Itália, Países Baixos e Brasil os principais destinos, responsáveis por dois terços de todas as exportações.
Dos 250 milhões de euros de exportações para os EUA, o vinho representa cerca de 41% (102 milhões de euros), os produtos de padaria, de pastelaria ou da indústria de bolachas e biscoitos representam cerca de 11% (23 milhões de euros) e o azeite representa cerca 10% (21 milhões de euros). Seguem-se os peixes frescos, congelados, secos e moluscos com cerca de 20 milhões de euros de exportações e as azeitonas (16,7 milhões). Os restantes 20% são compostos por um cabaz de produtos variados como conservas de peixe (sobretudo sardinhas e atum), queijos, café e chocolate.

O primeiro-ministro anunciou na quinta-feira um pacote de medidas de apoio às empresas para mitigar o impacto das tarifas norte-americanas no valor de dez mil milhões de euros. Entre as medidas estão garantias bancárias, linhas de crédito, seguros de crédito à exportação, unificação das apólices e reforço do apoio aos projetos de internacionalização.
O anúncio de Donald Trump de 20% em tarifas recíprocas ao bloco comunitário deu origem a acentuadas tensões comerciais. As taxas aduaneiras foram entretanto suspensas por 90 dias.
A União Europeia também suspendeu durante o mesmo período, as tarifas de 25% a produtos norte-americanos em resposta às aplicadas pelos Estados Unidos ao aço e alumínio europeus. Estão, ainda assim, em vigor tarifas recíprocas norte-americanas de 10% à UE.
Portugal continua a atrair investimento estrangeiro
Nos últimos anos Portugal tem atraído investidores estrangeiros. O ano passado, o investimento direto estrangeiro (IDE) em Portugal atingiu níveis históricos, com um aumento de 19% face ao ano anterior, totalizando 13,2 mil milhões de euros.
A diretora executiva do PortugalFoods realça que “seja no setor do leite e laticínios, nas conservas de pescado, no chocolate ou na pastelaria e panificação, tem sido crescente a entrada de capital estrangeiro na indústria”.
Seja no setor do leite e laticínios, nas conservas de pescado, no chocolate ou na pastelaria e panificação, tem sido crescente a entrada de capital estrangeiro na indústria.
Deolinda Silva considera que os incentivos fiscais e financeiros, o custo de mão-de-obra, competência e qualificação dos recursos humanos são os principais fatores para Portugal continuar a consolidar a sua posição como destino atrativo para capital estrangeiro. Sem esquecer, o avanço tecnológico da indústria, que “está ao nível do melhor que existe a nível mundial”.
No setor primário, a porta-voz da associação nota que o “investimento direto estrangeiro tem sido crescente, fruto das condições edafoclimáticas do país para culturas como a amêndoa, a noz, o olival e os pequenos frutos, que aliadas a uma modernização da nossa produção ao nível das mais avançadas do mundo, o torna altamente atrativo”.
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