Rui Rocha critica “irresponsabilidade” da gestão de Montenegro. Líder do PSD fala em “montenegrização” do pensamento político
Em debate com Luís Montenegro, o líder da Iniciativa Liberal acusou o primeiro-ministro de irresponsabilidade, mas não fechou a porta a possíveis entendimentos nas eleições legislativas de 18 de maio.
Rui Rocha disse que Luís Montenegro “geriu com irresponsabilidade” a crise política que ditou a queda do seu governo. A ideia foi defendida num frente a frente entre os dois líderes partidários, transmitido na RTP1 no âmbito das eleições legislativas de 18 de maio, onde o presidente da Iniciativa Liberal (IL) assegurou que o seu partido está comprometido e com sentido de responsabilidade com o objetivo de assegurar estabilidade, mudança e reformas e na recuperação da dignidade das instituições.
“Se estamos aqui é porque Luís Montenegro geriu com irresponsabilidade”, deixando que “a situação se avolumasse e quando não deu explicações atempadas”, apontou Rui Rocha. Sobre possíveis coligações ou entendimentos após 18 de maio, Rui Rocha diz que depende de Luís Montenegro mostrar “capacidade de estar à altura” do “compromisso absoluto com a responsabilidade e estabilidade do país” da Iniciativa Liberal.
Depois de observar que tem assistido a uma “grande aproximação” de todos os partidos às propostas e à moderação da AD – a que apelidou de “montenegrização” –, Luís Montenegro apontou que a AD tem “boa convivência em várias matérias” com a IL mas também divergências.
Segundo o primeiro-ministro, a AD não é socialista nem liberal. “Não somos socialistas porque não queremos ter um país demasiado estatizado” mas, no entanto, “somos defensores de que o Estado tem de cumprir as suas funções soberanas e garantir os serviços essenciais aos que têm maior vulnerabilidade”, em contraste com a IL que “pensa que o mercado resolve tudo”, disse Luís Montenegro.
A saúde, por exemplo, é um campo que separa as duas forças políticas, segundo Luís Montenegro. “Nós não abdicamos que o nosso sistema de saúde tenha no seu epicentro o serviço nacional de saúde”, disse.
Quanto à eventual manutenção da ministra da saúde no cargo, o primeiro-ministro diz que Ana Paula Martins é um “quadro qualificadíssimo” e que continuará na equipa “logo se vê em que funções”.
“Em princípio será eleita deputada e, a partir daí, quando tivermos de formar Governo, tomaremos as nossas opções”, acrescentou.
Rui Rocha apontou também uma “diferença de velocidades” entre os dois partidos, observando que o slogan da AD é “Portugal não pode parar”, mas que a IL quer é “acelerar Portugal”.
“A preocupação da IL é dar resposta por via da racionalização do Estado e do crescimento económico ao conjunto de pessoas e aos jovens do país que não podem continuar à espera anos a fio de uma velocidade baixa que a AD também apresentou”, afirmou.
Montenegro disse ainda confiar na economia portuguesa, defendendo que Portugal “é hoje um país atrativo para o investimento”, que tem “fatores de competitividade que fazem gerar oportunidades mesmo num plano conturbado a nível externo”.
Mas se a AD confia nos portugueses, “a Iniciativa Liberal confia ainda mais”, respondeu Rui Rocha, acrescentando que numa legislatura a quatro anos é possível “fazer os ajustamentos necessários para acomodar alguma perturbação que venha [do exterior]”.
O líder da IL disse também não criticar que tenham sido feitos ajustamentos na função pública, mas sim a forma como isso foi realizado. “Foi feito sem nenhum critério reformista. Parecia que um determinado grupo fazia barulho e o Governo passava o cheque. A seguir vinha outro e o Governo passava o cheque. E isto não teve subjacente uma reforma da administração pública, a tal racionalização que nós desejamos, e também não teve presente o critério de mérito. E portanto parece às vezes atirar dinheiro para os problemas sem resolver as coisas na base”, afirmou.
Este ciclo de debates televisivos, que vão colocar frente a frente os candidatos às eleições legislativas de 18 de maio, prolonga-se até 28 de abril, dia em que se enfrentam os líderes dos dois principais partidos – Luís Montenegro (AD) e Pedro Nuno Santos (PS) – numa transmissão que será feita em simultâneo na TVI, RTP e SIC a partir das 21h00.
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