Tarifas. Bruxelas pede “nível adicional de compromisso por parte dos EUA para manter a bola a rolar”
Comissão Europeia fala em "reunião muito concentrada e produtiva" entre os dois blocos transatlânticos, mas pede "uma ideia mais clara sobre quais são os resultados preferidos" dos norte-americanos.
A Comissão Europeia pediu esta terça-feira, um dia após uma primeira reunião, o envolvimento dos Estados Unidos nas negociações com a União Europeia (UE) sobre o comércio transatlântico, após anúncios norte-americanos de pesadas tarifas, admitindo alargar a oferta comunitária.
“Estamos dispostos a analisar uma série de outras áreas também [para a oferta de tarifas zero sobre bens industriais], mas precisaríamos de um nível adicional de compromisso por parte dos Estados Unidos para manter a bola a rolar”, disse o porta-voz do executivo comunitário para a área do Comércio, Olof Gill.
O responsável falava na conferência de imprensa diária da instituição, em Bruxelas, um dia após uma “reunião muito concentrada e produtiva” entre os dois blocos transatlânticos, na qual a UE esteve representada pelo comissário europeu do Comércio, Maros Sefcovic, e os Estados Unidos pelo Secretário do Comércio norte-americano, Howard Lutnick.
“Precisamos de ouvir mais da parte dos americanos. […] Precisamos de ter uma ideia mais clara sobre quais são os seus resultados preferidos nestas negociações”, insistiu o porta-voz.
Da parte europeia, “a oferta continua claramente em cima da mesa”, assentando em tarifas zero sobre produtos industriais, incluindo automóveis, e poderá ser alargada, adiantou Olof Gill sem especificar.
As contramedidas anunciadas pela UE para responder às tarifas aduaneiras impostas pelos Estados Unidos ao aço e alumínio comunitários estão suspensas até 14 de julho para permitir negociações, oficializou na segunda-feira a Comissão Europeia.
A UE prefere dialogar com o seu parceiro transatlântico e, por isso, o comissário europeu do Comércio, Maros Sefcovic, esteve na segunda-feira em Washington para reuniões com os seus homólogos norte-americanos a fim de explorar o terreno para uma solução negociada.
A reunião aconteceu num momento de acentuadas tensões comerciais depois dos anúncios do Presidente norte-americano, Donald Trump, de imposição de taxas de 25% para o aço, o alumínio e os automóveis europeus e de 20% em tarifas recíprocas ao bloco comunitário, estas últimas entretanto suspensas por 90 dias.
Esta suspensão acalmou os mercados, que têm vindo a registar graves perdas, e foi saudada e secundada pela UE, que suspendeu, durante o mesmo período, as tarifas de 25% a produtos norte-americanos que havia aprovado na quarta-feira em resposta às aplicadas pelos Estados Unidos ao aço e alumínio europeus.
“Transparência e justiça” no comércio global
Também esta terça-feira, a presidente da Comissão Europeia insistiu na “importância da previsibilidade, transparência e justiça” do sistema global de comércio e no aprofundamento da cooperação transpacífica.
Em comunicado, a Comissão Europeia indicou que Ursula von der Leyen conversou com primeiro-ministro de Singapura, Lawrence Wong.
Durante a conversa, a presidente do executivo comunitário alertou para a “importância da previsibilidade, transparência e justiça do sistema global de comércio”, considerando ser a “única maneira de o sistema funcionar, crescer e beneficiar todos”.
“A presidente [da Comissão Europeia] discutiu a possibilidade de uma cooperação mais estreita” entre a União Europeia e os parceiros transpacíficos. Sobre este tópico foi anunciado um contacto esta semana com o primeiro-ministro da Nova Zelândia, Christopher Luxon.
As conversas que Ursula von der Leyen tem mantido com os líderes de outros países fazem parte da estratégia da União Europeia de expandir a sua esfera comercial e de parceiros para diminuir as dependências, por exemplo, aos Estados Unidos da América.
Cálculos da Comissão Europeia dão conta de que os novos direitos aduaneiros norte-americanos podem implicar perdas de 0,8% a 1,4% no Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA até 2027, sendo esta percentagem de 0,2% do PIB no caso da UE.
No pior cenário, isto é, se os direitos aduaneiros forem permanentes ou se houver outras contramedidas, as consequências económicas serão mais negativas, de até 3,1% a 3,3% para os Estados Unidos e de 0,5% a 0,6% para a UE.
Em termos globais, o executivo comunitário estima uma perda de 1,2% no PIB mundial e uma queda de 7,7% no comércio mundial em três anos.
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