Portugal avança com emissão de dívida sindicada de 3 mil milhões de euros a 15 anos

O IGCP vai lançar uma nova linha de dívida a 15 anos através de um sindicato de seis bancos internacionais, com o intuito de financiar-se, para já, em 3 mil milhões de euros.

A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública prepara-se para avançar com uma operação de emissão de dívida sindicada a 15 anos no valor de 3 mil milhões de euros, que se traduz numa linha com maturidade em 2040.

A informação é avançada pela plataforma International Financing Review (IFR) e será conduzida por um sindicato de seis bancos internacionais – BBVA, Deutsche Bank, Goldman Sachs, JPMorgan, Novo Banco e Santander.

Esta operação marca a segunda de três emissões sindicadas previstas pelo IGCP para 2025, num ano em que as necessidades de financiamento do Estado atingem os 18 mil milhões de euros.

Ao contrário dos tradicionais leilões de dívida, onde o Estado coloca títulos diretamente no mercado e os investidores apresentam as suas ordens, numa emissão sindicada o IGCP contrata um grupo restrito de bancos para aferir previamente o interesse dos grandes investidores institucionais.

Estes bancos fazem um trabalho de “marketing” junto de fundos, seguradoras e outros investidores, recolhendo intenções de compra e ajudando a definir as condições finais da operação. Este método permite captar montantes mais elevados de financiamento e reduzir o risco de insucesso, já que o Estado avança apenas quando existe uma noção clara da procura e do preço que os investidores estão dispostos a pagar.

A operação agora preparada segue-se à emissão sindicada realizada pelo Tesouro no início de 2025, quando Portugal colocou 4 mil milhões de euros em obrigações a 10 anos. Nessa ocasião, a procura dos investidores superou os 25 mil milhões de euros — 6,4 vezes acima da oferta –, num sinal claro da confiança internacional na dívida portuguesa.

O preço final dessa emissão fixou-se nos 3,074%, refletindo condições de financiamento favoráveis face ao contexto europeu. A maioria dos títulos foi adquirida por gestores de fundos internacionais, com destaque para investidores do Reino Unido, França, Itália, Espanha e Portugal.

A emissão sindicada a 15 anos vai criar uma nova referência (“benchmark”) para a dívida portuguesa com vencimento em 2040, já que atualmente não existe nenhuma linha com esta maturidade. O benchmark a 15 anos negoceia atualmente com uma yield de 3,362%.

Com esta operação, o IGCP reforça a estratégia de diversificação de prazos e de alargamento da base de investidores, procurando garantir condições de financiamento estáveis num ano em que as necessidades do Estado aumentam devido à aquisição líquida de ativos e ao financiamento do défice.

A aposta nas emissões sindicadas tem permitido a Portugal captar financiamento em condições competitivas e com forte procura internacional, reforçando a confiança dos mercados na dívida nacional. A operação a 15 anos, agora em preparação, será mais um teste à atratividade da República junto dos grandes investidores globais e à capacidade do IGCP em gerir de forma prudente e eficiente o financiamento do Estado português.

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