Tarifas: TMG Automotive paga mais para equipar nova fábrica nos Estados Unidos
Fornecedora de têxteis para a indústria automóvel está a construir uma nova fábrica nos EUA, estimando um custo entre 25 e 30 milhões de euros em máquinas. Um preço que poderá subir com as tarifas.
A construção da nova unidade da TMG Automotive nos Estados Unidos poderá sair mais cara devido à imposição de tarifas. Com a nova administração norte-americana a impor novas taxas aduaneiras sobre as importações que chegam ao país, o administrador do grupo TMG admite que, em vez de um investimento estimado entre 25 e 30 milhões em máquinas para equipar a fábrica, a empresa poderá ter que pagar mais devido às tarifas, antecipando um impacto “muito grande” na folha de encargos.
A TMG Automotive, do grupo TMG, anunciou no início deste ano a construção de uma nova fábrica no Sul dos EUA, através de uma joint venture com a americana Haartz, com quem já tem uma parceria industrial na China. Trata-se da segunda unidade industrial da fornecedora de têxteis para a indústria automóvel fora do país, um investimento decidido há cerca de dois anos, “muito antes de Trump” e do tema das tarifas, segundo explicou Vítor Fernandes, administrador do Grupo TMG.
Apesar de referir que as tarifas diretas têm um impacto “muito limitado” — vendas para os EUA representam 4 ou 5% da produção “e para o México quase outros tantos” –, este tema poderá ter um impacto significativo naquilo que são os custos associados à construção da nova fábrica em Massachusetts.
“O tema das tarifas tem, sim, um impacto, que é neste investimento que estamos a fazer, sobretudo em nível de equipamentos — e a parte de equipamentos é muito pesada”, admitiu Vítor Fernandes, administrador do Grupo TMG, na conferência Risco País da Coface, que decorreu no dia 3 de junho, na Fundação António Cupertino de Miranda, no Porto.
“Um set de base para uma fábrica como a que temos, só em equipamentos custa entre 25 e 30 milhões de euros. Aí as tarifas podem ter um impacto muito grande“, explicou o responsável da empresa de Vila Nova de Famalicão.
Um set de base para uma fábrica como a que temos, só em equipamentos custa entre 25 e 30 milhões de euros. Aí as tarifas podem ter um impacto muito grande.
Apesar de admitir este aumento nos custos, o administrador do grupo TMG salvaguardou que, “por um lado, tem havido alguma sensibilidade do ponto de vista da diplomacia económica do lado dos EUA, de perceberem que este tipo de investimento nos EUA é algo que eles não têm, porque só existe um player nos EUA a fazer o que nós fazemos”. “Por outro lado, é um investimento que já tínhamos anunciado antes das tarifas”, acrescentou.
Mesmo com o impacto das tarifas, Vítor Fernandes reconhece que “olhando para equipamentos semelhantes produzidos nos EUA e os produzidos na Europa, que é aquilo que são os nossos, mesmo com as tarifas em cima, eles saem muito mais baratos colocados lá do que comprados localmente”.
O administrador do grupo famalicense alerta ainda para o impacto indireto das tarifas no que diz respeito à procura. “Obviamente que nos preocupa o impacto indireto, que é quebra da procura, porque se os carros vão ficar mais caros, certamente a procura vai começar a abrandar”, avisa.
Para já, “ainda não o notamos”, diz. “Notamos algum maior conservadorismo dos nossos principais clientes. Os contratos ainda estão lá, estão ativos, mas há aqui algum roll over em termos de entregas, mas acho que mais cedo ou mais tarde é inevitável” uma quebra na procura, reconhece.
Obviamente que nos preocupa o impacto indireto, que é quebra da procura, porque se os carros vão ficar mais caros, certamente a procura vai começar a abrandar. Ainda não o notamos, notamos algum maior conservadorismo dos nossos principais clientes. Os contratos ainda estão lá, estão ativos, mas há aqui algum roll over em termos de entregas, mas acho que mais cedo ou mais tarde é inevitável.
“Hoje já se nota, que é algo que já se sentia em 2008/2009, pré-grande crise do setor automóvel, que é que as grandes marcas mundiais estavam a produzir muito mais do que estavam a vender, estavam a fazer stock e a uma dada altura estourou. Já se nota que isto está a acontecer, mas acredito que vão ser mais cautelosos nesta gestão de stocks“, conclui.
Sobre a entrada de novos fabricantes chineses na Europa, Vítor Fernandes refere que, no que diz respeito à Automotive, “enquanto os carros tiverem bancos, estaremos lá para fornecer sejam europeus, chineses ou americanos“.
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