Isabel Jonet: “Uma pessoa que nasce numa família pobre tem muitos mais desafios pela frente”
A Presidente do Banco Alimentar Contra a Fome, Isabel Jonet fala sobre justiça social, compaixão e a urgência de partilhar — mais do que bens, humanidade.
Aos 12 anos, Isabel Jonet já passava os verões no Hospital de Santana da Parede, a entreter crianças em recuperação. A motivação? “Com 12 anos não se tem esse desassossego de se querer ser voluntário. São os pais que nos empurram nesse caminho.” Mas o impulso permaneceu. “Pessoas desassossegadas não têm vidas sossegadas”, diz. E o seu desassossego interior, movido pela recusa da injustiça e do desperdício, acabou por se tornar um projeto de vida.
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Para se lutar contra as injustiças é preciso uma enorme dose de sensibilidade e de compaixão. A Presidente do Banco Alimentar Contra a Fome, acredita que “é preciso pôr-se ao mesmo nível destas pessoas e não achar que se está a ajudar de uma maneira paternalista.”
Ao longo da conversa, Isabel Jonet denuncia também as condições indignas dos imigrantes em Portugal, muitos deles com contratos precários e expostos à exploração. “São mal tratados por nós. Nós acolhemos mal estes imigrantes”, explica.

Questionada sobre se uma pessoa que nasce numa família pobre pode ter condições de ter sucesso, Isabel Jonet diz que sim, mas se tiver, por um lado, ambição e, por outro, se for bem enquadrada naquilo que é a sua escolaridade. No entanto, diz que “uma pessoa que nasce numa família pobre tem muitos mais desafios pela frente”.
Contra o desperdício e o consumo desenfreado, apela à consciência coletiva: “estamos a fazer um impacto ambiental enorme”, mas também a perpetuar injustiças sociais. E lembra: “quando uma pessoa nunca está satisfeita com aquilo que tem, vai procurar fora de si coisas que pensa que a vão fazer feliz”.
"Vejo que hoje o mundo está pior do que aquele onde eu nasci”
A Presidente do Banco Alimentar considera que atualmente só se fala do valor económico, social e ambiental que se gera e diz que gostava “que se começasse a ter noção do valor humano”.
Afinal, tudo se resumo a algo essencial: “O valor humano que se gera é o amor que se dá. É a atenção que se dá aos outros”, diz. Mesmo quando um simples gesto — como doar uma lata de atum — representa “uma dose de amor de uma família que partilhou para outra família que desconhece.”
Com sete netos, Isabel Jonet diz querer deixar-lhes um mundo melhor do que aquele onde nasceu. “Vejo que hoje o mundo está pior do que aquele onde eu nasci.” Mas não desiste. Porque, como lembra, “se fizermos mais e melhor, podemos estar a construir uma sociedade melhor.”
Este podcast está disponível no Spotify e na Apple Podcasts. Uma iniciativa do ECO, na qual Diogo Agostinho, COO do ECO, procura trazer histórias que inspirem pessoas a arriscar, a terem a coragem de tomar decisões e acreditarem nas suas capacidades. Com o apoio do Doutor Finanças e da Nissan.
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