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‘Dark traffic’ já representa 18% de todo o tráfego web, bloqueando anúncios e ocultando atividade online

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A utilização de bloqueadores de anúncios está a crescer a um ritmo acelerado e, com ela, o chamado dark traffic, que mina as receitas publicitárias e levanta novos desafios aos media digitais.

Há cada vez mais pessoas a usarem bloqueadores de anúncios, alguns dos quais, além de bloquearem publicidade, começam também a ocultar a atividade dos utilizadores, conduzindo ao chamado “dark traffic“, ou seja utilizadores que navegam na internet sem deixar rasto visível para os sites que visitam.

Atualmente, são 976 milhões os utilizadores cuja atividade na web é considerada dark traffic, o que representa 18% de todo o tráfego na web, estima a Ad-Shield no seu relatório anual. Este número representa um crescimento de 49% em três anos, sendo que em 2026 deve ser atingida a marca de 1,1 mil milhões de utilizadores em dark traffic.

A análise observa também que 79% do tráfego de utilizadores que usam bloqueadores de anúncios já se trata de dark traffic, o que prejudica em larga medida a monetização das visitas a sites, levantando novos desafios para os media digitais.

Em termos de categoria, a taxa de utilização de dark traffic é superior em sites de jogos e tecnologia, com taxas médias de 34% e 30%, respetivamente. Isto alinha-se com a tendência histórica de a adoção de bloqueadores de anúncios acontecer de forma mais recorrente junto de públicos mais jovens e com maior conhecimento técnico. Entre as restantes categorias com maiores percentagens surge a de desporto (21%), entretenimento (19%) e notícias (15%).

Apesar deste desequilíbrio, é digno de nota que a maior parte do dark traffic não decorre de uma escolha consciente do utilizador, pelo que as diferenças de categoria não são significativas e “não refletem exatamente” a demografia subjacente dos utilizadores, aponta-se no relatório.

Na verdade, a Ad-Shield destaca que mais de metade (57%) dos utilizadores com bloqueadores de anúncios não escolheram ativamente a sua utilização, tendo o mesmo sido ativado através de terceiros, como por departamentos tecnológicos dos locais de trabalho dos utilizadores ou softwares de segurança.

Por outro lado, 23% dos utilizadores que utilizam bloqueadores de anúncios indicam fazê-lo por “preferirem não ver anúncios”, o que não significa que “tenham tolerância zero para todos os anúncios em todos os contextos”, indica-se no estudo. Já 6% indicam utilizar estas ferramentas para “remover os anúncios mais chatos”, com a mesma percentagem a indicar questões de privacidade e de não quererem a sua atividade rastreada.

A maioria do dark traffic, ainda que por uma reduzida margem, existe através do uso de bloqueadores de anúncios em dispositivos móveis (53%), sendo que 47% é associada a computadores.

Entre os principais impulsionadores do crescimento do dark traffic encontra-se a opção (e download) por browsers que por definição bloqueiam anúncios, como o Brave (que foi transferido mais de 100 milhões de vezes) ou o DuckDuckGo (transferido mais de 50 milhões de vezes). A contribuir para o dark traffic está também o uso de extensões, aplicações e VPNs (Virtual Private Network) que bloqueiam anúncios.

Ironicamente, entre os utilizadores que se lembram como começaram a utilizar estes bloqueadores de anúncios que também bloqueiam o rastreamento da atividade online, 34% diz que o começou a fazer por, precisamente, tê-lo visto num anúncio. Já 16% descobriu esta funcionalidade através das redes sociais e 12% através da recomendação de alguém.

A análise da Ad-Shield aponta ainda alguns países onde se destaca o uso deste bloqueadores de anúncios, como a Alemanha, onde 34% dos utilizadores optam pelo uso deste tipo de funcionalidades, seguida de perto pela França (32%). O relatório destaca ainda o Reino Unido (23%), Canadá (23%) e os Estados Unidos (21%).

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