• Entrevista por:
  • Ana Petronilho

Preços “podem subir por agravamento de custos na operação hoteleira” com a guerra em Israel

Rebelo de Almeida vê no horizonte uma nova subida de preços na hotelaria, à boleia do aumento dos custos com a guerra e Israel. Grupo estuda dois novos projetos, um em Vila Viçosa e outro na Golegã.

Desde o início da guerra na Ucrânia que os preços têm subido de forma generalizada, afetando, também, a hotelaria. Em média, o preço por noite subiu cerca de 30%. Com o novo conflito em Israel, o presidente e fundador do Vila Galé, não tem dúvidas que o turismo vai ser novamente afetado prevendo que os preços “podem subir por agravamento de custos na operação hoteleira”. Mas também podem descer. Num cenário em que se instale “uma crise global podemos ter de baixar”, diz Jorge Rebelo de Almeida.

Em entrevista ao ECO, à margem da inauguração do hotel Vila Galé Collection Tomar, Jorge Rebelo de Almeida desvenda ainda que o segundo maior grupo hoteleiro do país está a estudar dois novos projetos. Um é o Convento de São Francisco em Vila Viçosa e o outro é a Quinta da Cardiga, na Golegã, onde pode nascer um Vila Galé “com o máximo de 50 quartos”. No Brasil, já arrancaram as obras no Sunset Cumbuco Beach Resort, na zona de Fortaleza, que será o primeiro da linha collection (premium) do grupo no Brasil. No final de outubro, começam as intervenções em Ouro Preto.

Em Portugal tem seis projetos em carteira. E no Brasil?

No Brasil temos dois novos projetos, um dos quais já começou a obra. É em Cumbuco [na região de Fortaleza] onde estamos a construir o Sunset Cumbuco Beach Resort que vai ser o primeiro hotel da linha collection no Brasil. É uma subida da fasquia com um produto mais sofisticado, topo de gama.

Quantos quartos vai ter?

Vai ter 130 quartos, num edifício baixo e num terreno grande que fica à beira da praia e da lagoa de Caucaia. A zona é o sonho dos kite surfistas.

E qual é o outro projeto?

É o de Ouro Preto, em Minas Gerais, que também será collection, e está a andar a grande velocidade. Vamos arrancar com as obras no final deste mês.

Quando vão abrir estes dois projetos? Já em 2024?

Ainda não tenho data. Tenho de ver como corre o arranque e só depois consigo marcar uma data.

Qual é o investimento previsto para os dois novos projetos no Brasil?

Neste momento é difícil avançar com números. Mas podemos estar a falar de 600 mil reais por quarto, é um padrão elevado. Podemos chegar a 80 milhões de reais, cerca de 16 milhões de euros.

O projeto para Vila Viçosa como está?

A câmara de Vila Viçosa abordou-nos para irmos lá fazer um projeto no Convento de São Francisco. O edifício é muito pequeno e está completamente estragado, mas tem uma igrejinha que tem um recheio muito bonito e está muito bem arranjada. Mas a parte do convento está completamente detonada. Este projeto ainda não está decidido porque a Direção Geral do Património Cultural está a pôr alguns entraves.

Já assinou contrato para a concessão do Paço Real de Caxias?

O secretário de Estado disse informalmente que o resultado está para sair. Depois é assinar o contrato e desenhar o projeto.

Há mais algum edifício do Revive que lhe desperte interesse?

Há o Convento de São José, em Évora. Mas para esse ainda não abriram o concurso.

Estão ainda a estudar uma quinta na Golegã, não é?

É a Quinta da Cardiga. Mas é uma quinta pequena e seria para fazer um projeto com um máximo de 50 quartos. É uma quinta templária com dois edifícios em muito mau estado.

Este mês arrancam ainda as obras para o Casas de Elvas. Qual é o investimento previsto?

Entre cinco a seis milhões de euros. São 42 casinhas no centro da cidade, é um projeto pequeno.

Com os custos dos materiais a subir e com todos os problemas que surgem com as obras, ainda compensa comprar os edifícios e reabilitar? Nunca pensou em seguir só pelo caminho da concessão dos imóveis?

Ainda compensa. Mas estes dois que vamos arrancar agora, o da Figueira da Foz e o da Isla Canela [com abertura prevista para 1 de maio de 2024] vão ser com contratos de arrendamento.

Ainda há espaço para investir em Portugal, sobretudo no interior. Há muito património para recuperar.

Já tem um portfólio de 41 hotéis em Portugal e no Brasil, vai entrar agora em Cuba e no próximo ano em Espanha. Vai continuar a apostar em Portugal ou vai reforçar o investimento no estrangeiro?

Ainda há espaço para investir em Portugal, sobretudo no interior. Há muito património para recuperar.

E há procura dos turistas? Os turistas estão a sair mais de Lisboa e do Porto?

É preciso empurrá-los. É preciso ir buscá-los. Sem oferta não vêm de certeza, mas havendo oferta há que promovê-la. No Douro Vineyards, por exemplo, tivemos uma procura que disparou para visitas à adega e para provas de vinhos. Ficou muito acima do que esperávamos.

Como correu a operação no verão com a subida dos preços?

O verão correu bem. Na ocupação não crescemos muito mas como subimos o preço, ficamos acima do ano passado que, por sua vez, já ficamos acima de 2019.

E quanto subiu este ano?

Ainda não temos o ano fechado, mas as previsões que temos é que subimos por volta dos 9%.

Caiu a procura do mercado interno, mas por outro lado aumento a externa. Um compensa o outro.

Sentem alguma alteração na procura, estadias mais curtas, por exemplo?

Sentimos, sim. Temos clientes muito diversificados. Caiu a procura do mercado interno, mas por outro lado aumento a externa. Um compensa o outro.

A guerra em Israel vai provocar efeitos no turismo?

Vai afetar. Qualquer convulsão destas afeta. Podemos pensar que está longe mas hoje tudo é perto. E depois quando começa uma guerra nunca sabemos quando acaba. Confiemos no bom senso para evitar ou mitigar mais uma catástrofe.

Os preços podem subir mais?

Podem subir por agravamento de custos na operação hoteleira, mas se se instalar uma crise global podemos ter de baixar. Mas, repito, acredito que o bom senso vai imperar.

Como está a correr a operação para o Natal e fim de ano? O nível de reservas está em linha com os anos anteriores?

As reservas estão ligeiramente acima do ano passado. Muitas brasileiras.

  • Ana Petronilho
  • Jornalista

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