Pasta e papel fazem lucro da Semapa cair 28% para 167 milhões de euros até setembro

O resultados líquidos dos primeiros nove meses do ano da holding que controla a Navigator e a Secil ficaram aquém dos 231 milhões registados no período homólogo de 2022.

A Semapa lucrou 167,2 milhões de euros entre janeiro e setembro, uma quebra de 27,7% face aos resultados de 231,4 milhões registados no período homólogo do ano passado. Esta redução é sobretudo explicada pela redução do volume de negócios do segmento pasta e papel, de acordo com a informação enviada esta sexta-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Na mesma linha descendente, o volume de negócios do grupo que controla a Navigator e a Secil recuou 12,6% para 2.021,9 milhões de euros face aos 2.312,3 milhões de euros do mesmo período do ano passado. Para esta variação, contribuiu essencialmente a faturação da fileira do papel, ligada à Navigator, que caiu 19,9% para 1.460,6 milhões de euros.

“Após o ano extraordinário de 2022, a normalização das condições de mercado condicionou fortemente o setor da pasta e papel nos primeiros nove meses de 2023, tendo-se assistido ao longo do primeiro semestre de 2023 à redução dos stocks de papel de impressão e de embalagem acumulados em toda a cadeia de distribuição a um ritmo mais lento do que esperado, observando-se no terceiro trimestre uma ligeira melhoria”, justifica o grupo liderado por Ricardo Pires.

Apesar da tendência de queda ao longo dos primeiros nove meses do ano, “o índice de preços de referência para o papel tem sido resiliente”, com o preço médio a situar-se 6% acima do verificado no período homólogo, ressalva a Semapa, acrescentando que “o segmento de papel tissue manteve um desempenho bastante mais positivo”.

Já o volume de negócios do cimento, ligado à Secil, cresceu 15,7% para 518,8 milhões de euros. Esta variação “reflete essencialmente a evolução positiva em Portugal, Tunísia e Líbano”, de acordo com o mesmo comunicado. A rubrica “outros negócios” subiu 3,9% para 42,9 milhões de euros.

As exportações são das principais fontes de receita do grupo. Entre janeiro e setembro, as vendas para o exterior ascenderam a 1.484,5 milhões de euros, o que representa 73,4% do volume de negócios da empresa, assinala a nota enviada à CMVM.

O grupo Semapa refere que, entre janeiro e setembro, prosseguiu a sua estratégia de diversificação, tendo investido 487 milhões de euros, dos quais 295 milhões a aquisição de novas participadas.

A 31 de março, foi concluída a aquisição por parte da Navigator da Gomà-Camps Consumer, em Espanha, com vista a reforçar a sua presença no segmento At Home. “A integração desta nova fábrica permitirá à Navigator posicionar-se como o segundo maior produtor ibérico de tissue”, ou seja, de lenços de papel e papel higiénico, indica a companhia. No final do segundo trimestre, a Semapa comprou 100% do capital da Triangle’s Cycling Equipments, em Portugal, “uma referência mundial na produção de quadros para e-bikes”, indica o grupo.

O valor dos investimentos em ativos fixos atingiu os 192,2 milhões de euros, valor muito acima do verificado no mesmo período do ano passado (121,1 milhões de euros). “Destacou-se a Navigator com 142 milhões de euros face aos 65 milhões de euros, no período homólogo, dos quais 61% são investimento ESG de cariz sustentável”, realça a holding.

“A Secil realizou investimentos no valor de 41 milhões de euros, dos quais 13 milhões de euros são relativos ao projeto CCL – Clean Cement Line na fábrica de cimento do Outão, mantendo-se o empenho do grupo na progressiva descarbonização das suas unidades de negócio”, acrescenta a empresa.

O EBITDA – lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização – dos primeiros nove meses do ano totalizou 507,3 milhões de euros, um recuo de 24,6% face aos 673,2 milhões de euros do período homólogo: 376,5 milhões de euros foram gerados na pasta e papel, cujo EBITDA caiu 31,8%; 117,5 milhões de euros vieram do negócio do cimento, um aumento de 10,7%; e 13,4 milhões de euros de outros negócios, que recuaram 11,0%.

A redução do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização “foi principalmente justificada pela evolução verificada no segmento da pasta e papel”, explica a Semapa.

A dívida líquida remunerada consolidada atingiu os 1.080,0 milhões de euros, um aumento de 285,8 milhões de euros ou de 36% face a 2022 o que, com o pagamento de dividendos de 136 milhões de euros e o montante de investimento de 487,3 milhões de euros, “demonstra a capacidade de geração de cash flow do grupo”, sublinha a companhia, destacando que “a 30 de setembro de 2023, o grupo dispõe de uma confortável posição de liquidez assegurada por disponibilidades (248,1 milhões de euros) e por um conjunto de linhas contratadas e não utilizadas”.

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