À imagem do que sucede na Europa, o património dos portugueses está fortemente concentrado no setor imobiliário. Na componente financeira, são os depósitos que recolhem as preferências das famílias.
Os portugueses continuam a ter uma fixação por betão. Os últimos dados do Banco Central Europeu (BCE) revelam que, no segundo trimestre de 2023, mais de dois terços da riqueza líquida das famílias estava concentrada em ativos imobiliários, com particular destaque para o imóvel onde residem.
Isto significa que dos 271 mil euros de património líquido médio dos agregados familiares em Portugal, no final de junho do ano passado, 66,3% estava concentrado em imóveis.
É preciso recuar mais de uma década, até ao quarto trimestre de 2012, para encontrar um peso tão significativo do betão na composição da riqueza das famílias portuguesas.
Segundo dados do BCE, a exposição média de cada agregado familiar português a ativos imobiliários era de 179 mil euros no final do segundo trimestre do ano passado, cerca de 1,7 vezes mais do que dez anos antes.
Entre os ativos que compõem a riqueza das famílias nacionais, apenas a exposição a fundos de investimento registou um crescimento maior que os imóveis na última década. No entanto, o montante médio aplicado pelos atuais 4,1 milhões de agregados familiares nestes produtos traduz-se em apenas 3,5% da exposição das famílias per capita a ativos imobiliários.
Apesar do montante histórico de dinheiro aplicado em depósitos pelas famílias portuguesas em junho de 2023, é equivalente a apenas 30% do valor total da exposição em ativos imobiliários que as famílias apresentavam no final do segundo trimestre de 2023.
Mas a preferência por casas não é uma particularidade dos portugueses. É comum a praticamente todos os países da Zona Euro: segundo cálculos do ECO, com base nos dados do BCE, 66,3% (a mesma percentagem de Portugal) do património líquido das famílias do espaço da moeda única está alocado em ativos imobiliários.
Entre os europeus com maior “queda” pelo betão estão as famílias eslovacas e holandesas, com mais de 80% da sua riqueza líquida a estar concentrada em ativos imobiliários.
No canto oposto está a Itália e a Letónia, com os agregados familiares destes países a concentrarem 54% e 45%, respetivamente, do seu património em imóveis.
Riqueza nacional continua longe da Europa
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Mais de dois terços da riqueza das famílias é feita de betão
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