Canadá vai taxar os mais ricos para financiar habitação
"Um carpinteiro ou uma enfermeira podem pagar impostos numa percentagem ligeiramente mais elevada que um multimilionário. Isto não é justo. Isto tem de mudar e vai mudar", diz ministra do Orçamento.
O Governo do Canadá vai avançar com novos impostos sobre os mais ricos para financiar a habitação e tentar atrair o voto dos mais jovens, afetados pelo aumento do custo de vida. No orçamento federal, o Executivo de Justin Trudeau espera um abrandamento da economia em 2024, mas acredita que pode evitar a recessão, apesar das taxas de juro relativamente elevadas que pesam sobre a economia.
Mais de 10 pontos atrás do principal rival nas sondagens, o líder conservador Pierre Poilievre, o primeiro-ministro liberal Justin Trudeau precisa de reconquistar o apoio dos eleitores mais jovens do Canadá, que o levaram ao poder em 2015, para vencer as eleições marcadas para daqui a pouco mais de um ano.
“Hoje, um carpinteiro ou uma enfermeira podem pagar impostos numa percentagem ligeiramente mais elevada do que um multimilionário. Isto não é justo. Isto tem de mudar e vai mudar”, frisou Madi Chrystia Freeland, ministra do Orçamento.
Freeland prometeu também “justiça para todas as gerações”. “Para muitos jovens canadianos, especialmente os Millennials e a Geração Z, parece que o seu trabalho árduo não está a compensar”, vincou. “Eles não beneficiam das mesmas condições que os seus pais e avós”, acrescentou.
Sendo o aumento do custo de vida uma grande preocupação para a maioria dos canadianos, o orçamento de Freeland apresenta uma série de novos gastos. O Governo também se comprometeu, no contexto da crise imobiliária, a construir 3,87 milhões de casas adicionais até 2031 “a um ritmo e numa escala nunca vistos desde o pós-Segunda Guerra Mundial”, sublinhou a ministra.
Para isso, Otava abrirá terrenos públicos para habitação, converterá gabinetes federais em apartamentos e tributará propriedades vagas. Os preços das casas novas caíram ligeiramente em março, mas não o suficiente para compensar o aumento dos custos dos juros que mantiveram muitos novos compradores afastados. A inflação tem estado abaixo dos 3% desde janeiro, mas de momento sem conduzir a uma redução das taxas de juro fixadas pelo Banco do Canadá.
O orçamento também fornece fundos para um programa que permite a contraceção gratuita, fortalece o combater à interferência estrangeira e aos incêndios florestais, antecipando uma temporada de fogos catastrófica.
Os economistas consultados pelo governo reviram as previsões em alta, contando agora com um crescimento de 0,7% este ano, em comparação com 0,5% anunciado no relatório económico de novembro.
Freeland indicou que a dívida nacional aumentará ligeiramente no ano fiscal de 2024-2025 para atingir um novo recorde de 1.300 milhões de dólares canadianos (885 mil milhões de euros, à taxa de câmbio atual).
Quanto ao défice, deverá ficar um pouco abaixo do esperado, em 39,8 mil milhões de dólares canadianos (27,2 mil milhões de euros), e permanecer estável antes de começar a diminuir em 2026-2027.
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