Pera rocha vale exportações de 85 milhões e 10 mil empregos em Portugal

No ano passado, os cerca de 2.500 produtores nacionais exportaram pera rocha para um total de 20 mercados. Associação do setor destaca lugar no pódio dos frutos mais vendidos no estrangeiro.

Mais de 200 produtores nacionais e internacionais reúnem-se esta quinta e sexta-feira na Vila de Óbidos para o Interpera, o maior congresso internacional dedicado à pera. A Associação Nacional de Produtores de Pera Rocha (ANP) atesta quePortugal é o maior produtor de pera rocha na Europa, com 2.500 produtores e uma área de 11.297 hectares”.

No ano passado, os produtores nacionais de pera rocha exportaram 85 milhões de euros para 20 países, com Europa (50%), Marrocos (20%) e Brasil (20%) a ocuparem o pódio.

“A pera é um dos frutos mais exportados em Portugal, está no top três“, sublinha Filipe Ribeiro, presidente da associação, em declarações ao ECO/Local Online, calculando que o setor emprega diretamente cerca de dez mil pessoas em Portugal.

Nos últimos 12 anos, a produção média foi de 174.286 toneladas anuais, das quais 60% são destinadas à exportação. O presidente da Associação Nacional de Produtores de Pera Rocha recorda que os “dois últimos anos foram maus a nível de produção”, mas prevê que este ano a produção esteja acima do ano passado e ultrapasse as 115 mil toneladas.

No ano passado, a colheita dos associados da Associação Nacional de Produtores de Pera Rocha rondou as 107 mil toneladas, evidenciando uma quebra de 13% na produção relativamente a 2022, quando foram colhidas mais 16,5 toneladas do fruto. Os associados são responsáveis por 90% do total da produção nacional.

“Até ao lavar dos cestos ainda é vindima. Não conseguimos descortinar o valor concreto porque não sabemos se vão existir quebras até a altura da colheita, que decorre entre agosto e setembro. Há uma doença que ataca perto da colheita e não sabemos se vai ter uma incidência muito grande ou muito pequena”, realça Filipe Ribeiro.

Estes dados vão ser discutidos a partir desta quarta-feira no Interpera em Óbidos, no distrito de Leiria. O encontro, que acontece pela segunda vez em Portugal, realiza-se poucas semanas antes da colheita e “é o local onde produtores de vários países partilham as expectativas para a campanha desse ano a nível nacional e internacional”, explica Filipe Ribeiro, sublinhando a importância do fórum em que “se discutem as problemáticas, desafios e oportunidades inerentes à produção de pera com diferentes players do setor a nível mundial”.

Organizado pela Assembleia das Regiões Europeias Produtoras de Frutas, Legumes e Hortaliças (AREFLH) e pela ANP o evento, que se realiza desde 2008, será ainda marcado por visitas técnicas a pomares, centrais de distribuição e centros de investigação da região Oeste, e por debates e mesas redondas com especialistas nacionais e internacionais em agricultura. Em 2023, o Intepera foi realizado em Lérida (Espanha).

Os pomares de Pera Rocha estendem-se por cerca de 10.000 hectares, abrangendo 29 concelhos com Denominação de Origem Protegida (DOP). Em 2003, a Denominação de Origem Protegida “Pera Rocha do Oeste” foi formalmente reconhecida pela Comissão Europeia, reforçando a identidade única deste produto. O líder da associação nacional explica que 84% das pereiras estão concentrados no Oeste, abrangendo 2.158 explorações agrícolas.

Produção penalizada pela alterações climáticas

As condições climáticas adversas dos últimos anos resultaram em quebras de produção acentuadas. O presidente da ANP explica que há dois fatores a ter em conta: os “invernos estão cada vez mais amenos” e “o período de floração é altamente instável ora com temperaturas muito altas, ora com temperaturas muito baixas”. Esta instabilidade climática provoca alterações no calibre. Filipe Ribeiro realça ainda os “acidentes fisiológicos, as doenças e a incidência do escaldão solar que não era habitual no Oeste”.

A Associação Nacional de Produtores de Pera Rocha tem vindo a trabalhar com investigadores nacionais com vista ao melhoramento genético da Pera Rocha, visando adaptá-la às mudanças climáticas e aumentar sua resistência a doenças, sem perder suas características distintivas.

O líder da associação salienta que esta quebra é transversal a toda a Europa e dá inclusive o exemplo de Itália, que, calcula, “há dez anos produzia 800 mil toneladas de pera por ano e neste momento produz 150 mil”.

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