Subida de preços não dá tréguas no próximo ano. O que fica mais caro em 2025?
Em 2025, com aumento dos salários e pensões sobem também os alimentos, medicamentos, transportes e serviços. Saiba o que fica mais caro no ano novo.
Se 2024 foi sinónimo de aumento de preços para muitas famílias, o ano de 2025 deverá acompanhar a tendência, algo que para muitas famílias vai significar mais um aperto no cinto. Laticínios, café ou pão são alguns dos alimentos na lista de compras que vão ficar mais caros no próximo ano. Mas não só: as faturas mensais da água e luz também prometem aumentos, à semelhança de serviços e transportes. Irá a subida do salário mínimo, dos salários na função pública e das pensões conseguir compensar estes agravamentos?
Alimentação
- Laticínios
O preço do leite e dos produtos lácteos registou um aumento ao longo 2024 e no próximo ano a trajetória devera manter-se. Pelo menos, essa é a projeção da Federação Nacional das Cooperativas de Produtores de Leite (Fenelac) partilhada com a Lusa. Segundo a associação, as subidas “têm a ver com a lei da oferta e da procura”. Além do leite, esperam-se aumentos também no queijo, manteiga e natas.
De acordo com a análise da Deco Proteste, o queijo curado e o queijo flamengo verificaram um aumento de preços de cerca de 7% e 10%, respetivamente, entre janeiro e novembro de 2024. Os ovos, no final deste ano, estavam 7% mais caros face a janeiro e o preço dos iogurtes variaram entre 4% e 20%.
- Pão
O preço do pão deverá voltar a subir em 2023, em função do aumento dos custos das matérias-primas e da energia, mas também impactado pela atualização do salário mínimo nacional, segundo as perspetivas da Associação do Comércio e da Indústria da Panificação (ACIP), em resposta à Lusa.
De acordo com a associação, apenas uma parte dos aumentos tem sido refletida no preço pago pelo consumidor, o restante tem sido suportado pelos produtores que, por sua vez, registam uma quebra nas margens de lucro. À RTP, a ACIP estima que o aumento seja de, pelo menos, 5%.
Em 2024, a Deco Proteste não acompanhou a evolução do preço de pão vendido em pasteleiras, mas no caso do pão de forma sem côdea a variação de preços foi de 22,29%, entre janeiro e novembro de 2024.
- Bacalhau
Este ano, o preço do bacalhau para o comércio, sobretudo tradicional, voltou a subir por força da guerra na Ucrânia, disrupções nas cadeias de abastecimento e os acréscimos nos custos de transporte e energia. Mas também devido à redução das quotas de pesca no mar do Norte, que no próximo ano, deverá voltar a reduzir-se. Os operadores de importação e tratamento de bacalhau falam de aumentos na casa dos 25%.
Entre janeiro e novembro de 2024, o preço do bacalhau graúdo também sofreu alterações, mas pouco expressivas. Se no início do ano o preço deste alimento era de 13,34 euros o quilo, no final o seu preço já se situava nos 13,95 euros o quilo, ou seja, uma variação de 4,58% naquele período, segundo os dados da Deco Proteste.
- Café
O café será outro dos produtos que vai aumentar no próximo ano.
Depois de o preço do grão ter atingido o nível mais alto de sempre nos mercados internacionais, este ano, as marcas de café estão a considerar aumentar os preços em 2025. Os motivos são variados. Sejam ambientais – a falta de chuva tem prejudicado as produções no Brasil e no Vietname – ou legislativas – a União Europeia adotou novas regras de combate à desflorestação, a nível mundial –, o mais certo será que os consumidores sintam um acréscimo nos preços, seja nos estabelecimentos comerciais ou nos supermercados.
- Carne
Se sentiu que a ida ao talho este ano foi ficando mais cara, então prepare a carteira: para o ano a tendência deverá manter-se. Sobretudo no que toca à carne de novilho.
“Tudo indica que os preços irão subir face ao aumento dos fatores de produção”, indica fonte oficial da APIC ao ECO, acrescentando que “os preços no mercado são o resultado da lei da procura e oferta, e também dos aumentos sofridos na produção”. No caso do novilho, “um dos produtos que tem estado a subir” em 2024 a trajetória manter-se-á também em 2025.
Rendas
A partir do dia 1 de janeiro de 2025, os senhorios vão ter a liberdade de aumentar as rendas em 2,16%. Apesar do novo aumento, trata-se de um abrandamento significativamente em relação aos últimos dois anos, em que a escalada da inflação levou mesmo o Governo a impor travões.
Mas com o fim dos travões, as subidas podem subir até 11% em 2025. Assim, no próximo ano, embora as rendas possam aumentar até 2,16%, se o senhorio não tiver atualizado a renda nos últimos três anos, pode aplicar os coeficientes de atualização desses anos resultando num aumento de 11,1%.
Portagens
Viajar nas autoestradas nacionais também vai ficar mais caro no próximo ano. As taxas das portagens vão subir 2,21% a 1 de janeiro de 2025. O valor é apurado pela taxa inflação – excluindo a parcela da habitação – referente ao mês de outubro para o continente que se fixou em 2,11%, a que se soma 0,1% de compensação às concessionárias.
Por exemplo, a Brisa anunciou que a partir de 1 de janeiro de 2025 vai entrar em vigor o novo tarifário de portagem nas autoestradas. Isto significa que “52 das 93 taxas de portagem aplicadas na classe 1 (66% do total) serão atualizadas”.
No caso do percurso Lisboa-Porto pela A1, o preço das portagens para a classe 1 sobe 70 cêntimos e passa a custar 24,60 euros. Já o percurso Lisboa-Algarve, pela A2, vai custar mais 60 cêntimos, para 23,30 euros. No percurso Marateca-CaiaA2/A6a atualização será de 35 cêntimos para 15,05 euros.
Não obstante, entrará em vigor em 2025 o fim da cobrança de portagens nas antigas vias sem custo para o utilizador (SCUT). A partir de 1 de janeiro acaba a cobrança de portagens na A4 – Transmontana e Túnel do Marão, A13 e A13-1, A22, A23, A24, A25 e nos lanços da A28 entre Esposende e Antas e entre Neiva e Darque.
Telecomunicações
A dona da Meo vai aumentar preços em janeiro de 2025, confirmou fonte oficial ao ECO. “A Altice Portugal vai proceder à atualização de preços em 2025, conforme contratualmente previsto e já divulgado, com exceção dos serviços da marca digital Uzo e da marca para o segmento jovem, Moche, que não vão ser atualizados”, respondeu a empresa.
Em sentido contrário, a Nos promete não mexer na tabela de preços em 2025.
Transportes públicos
Em 2025, a taxa de atualização tarifária (TAT) para o serviço público de transporte de passageiros vai aumentar. Isto é, o preço dos títulos de transporte ocasionais, ou seja, aqueles que são válidos apenas para uma viagem ou para um período curto, vai aumentar 2,02%, a partir de 1 de janeiro.
Contudo, este aumento não se vai refletir nos passes mensais, seja do Metro de Lisboa, Navegantes ou Metropolitano de Lisboa. Esses deverão ver os preços congelados.
Caso contrário serão os dos títulos ocasionais. O bilhete Carris Metro vai passar a custar 1,85 euros, à semelhança do bilhete Viva Go. Já o bilhete Zapping passará a custar 1,66 euros.
Relativamente aos bilhetes diários com a duração de 24 horas, o bilhete Carris/Metro custará sete euros, o título diário Carris/Metro/Transtejo (Cacilhas) passará a ter um custo de 10 euros e o bilhete da Carris/Metro/CP fica um euro mais caro, para um total de 11 euros.
Medicamentos
Os medicamentos com preço de venda ao público (PVP) até aos 16 euros poderão sofrer aumentos de 2,6% em 2025, segundo a portaria para revisão anual dos preços publicada em Diário da República. Autorização para o aumento de preço é explicada com a tentativa de “evitar a erosão dos medicamentos com preços mais baixos”, ou seja, para impedir ruturas.
Luz e gás
2025 chega com boas perspetivas, mas apenas quanto à conta da luz. Embora a maioria dos comercializadores ainda não tenham revelado as suas ofertas, a indicação dada pelo regulador é de descida no preço. Os preços no mercado regulado vão aliviar entre 0,85 e 0,91 euros no início de 2025, e a EDP já confirmou que vai seguir a tendência, e os seus clientes deverão sentir, em média, uma redução de 7% nas suas contas da luz.
Já no gás natural, o movimento é oposto: o preço regulado subiu e os restantes operadores seguiram a batuta, ainda em outubro, quando são normalmente atualizados os preços desta energia. No início de 2025, apenas a EDP deu a indicação de que deverá manter os preços, depois de em outubro os ter elevado, na sequência de o regulador ter ditado o encarecimento de uma das componentes do preço. Em outubro, Goldenergy e Endesa também passaram aos clientes o custo mais elevado desta componente, enquanto a Galp anunciou uma subida média de 16% nos preços.
Água e resíduos
Na água e nos resíduos, a tendência é mesmo de subida, embora os tarifários ainda não estejam finalizados. Espera-se que aumentos no abastecimento de água, em média, se situem entre os 2,1% (entidades municipais) e 4,4% (concessões), enquanto no saneamento estarão entre os 5,9% (concessões) e os 6,4% (entidades municipais), consoante o tipo de entidade gestora (de gestão municipal ou em regime de concessão).
Na gestão dos resíduos urbanos, que está integrada na conta da água, as subidas devem posicionar-se entre os 4,8% e os 11,4%, novamente dependendo da entidade gestora em questão – nos regimes de concessão, o aumento é mais baixo.
Enquanto no caso das entidades com concessão, os preços respeitam uma fórmula, e portanto é certo que assim evoluam os preços, nos casos municipais esta é apenas uma estimativa de acordo com as propostas que já pediram parecer do regulador. Contudo, ainda não foram entregues todas as propostas e, em última instância, a decisão final é dos municípios.
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