EDP Renováveis sai da Colômbia e antecipa perdas potenciais de 700 milhões de euros
A empresa decidiu abandonar os projetos que tinha no país após "atrasos significativos" no processo de licenciamento ambiental. Diz que vai tomar ações legais para defender os seus interesses.
A EDP Renováveis decidiu abandonar os seus projetos na Colômbia, citando atrasos significativos no processo de licenciamento ambiental para a linha de transmissão. A empresa calcula “perdas potenciais” de 700 milhões de euros, no entanto, diz que estes prejuízos não irão afetar os resultados, nem a política de dividendos.
“Após uma revisão detalhada dos projetos, e dado tudo o que foi já mencionado, a EDPR considera que estes projetos não cumprem os critérios de investimento e perfil de risco da empresa, e, portanto, decidiu não avançar com os investimentos restantes necessários para construir os parques eólicos”, adiantou a empresa em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), destacando que “continuará a tomar todas as ações legais necessárias para proteger os interesses da EDPR na Colômbia.”
A companhia liderada por Miguel Stilwell de Andrade “estima perdas potenciais associadas a estes projetos de até 0,7 mil milhões de euros, incluindo a imparidade total dos projetos e 0,2 mil milhões de euros relativos a garantias e passivos estimados potencialmente a pagar no futuro (apenas os 0,2 mil milhões de euros são incrementais à dívida líquida além de 2024)”.
A empresa informa ainda que “estes montantes serão tratados como eventos não recorrentes, não tendo impacto nem no lucro líquido recorrente nem na política de dividendos da empresa”.
A EDPR entrou no mercado colombiano, em 2019, através de dois projetos, Alpha e Beta, com uma capacidade total de 0,5 GW, localizados na região de La Guajira. Segundo o mesmo comunicado, os dois projetos eólicos obtiveram licenças ambientais em agosto de 2019, sendo que no leilão promovido em outubro de 2019 pelo governo da Colômbia, a EDPR contratou PPAs para 1,7 TWh/ano de energia renovável durante um período de 15 anos a partir de 2022, juntamente com as responsabilidades e garantias associadas aos PPAs.
A empresa adianta ainda que contratou uma parte substancial do capex, nomeadamente 90 turbinas Vestas V162-5.6MW e BOP, para cumprir as suas obrigações ao abrigo dos PPAs e “estes compromissos correspondem a uma grande parte do investimento e responsabilidades que a EDPR tem ao dia de hoje”.
Contudo, durante os confinamentos impostos pelas autoridades na pandemia da covid-19, “o processo de licenciamento ambiental para a linha de transmissão de 81 km sofreu atrasos significativos“. Para tentar minimizar o impacto destes atrasos, em meados de 2021, “as turbinas designadas para os dois projetos foram transportadas e armazenadas numa infraestrutura portuária em La Guajira”.
Já na parte final de 2022, continua a empresa, “após uma mudança de Governo, foram solicitados ajustes substanciais para a licença ambiental da linha de interligação, criando um atraso material no processo de desenvolvimento, incluindo o aumento do número de comunidades indígenas locais envolvidas (de 56 para 113)”.
Perante mais este revés, a EDPR “desenvolveu várias iniciativas com o novo Governo eleito e o Regulador, destacando a urgência de medidas necessárias para reequilibrar a economia dos projetos”. O Governo respondeu, em agosto de 2023, com um decreto que acabou por ser anulado judicialmente, em outubro do mesmo ano.
A EDPR afiança que tomou várias medidas para tentar desbloquear a situação e alcançou a renegociação bilateral de 80,7% dos volumes totais de energia dos PPAs, com a consequente suspensão da entrega de energia por mais de dois anos. “Entretanto, a licença ambiental para a linha de interligação foi submetida à Autoridade Nacional de Licenciamento Ambiental (ANLA) e espera-se que seja concedida em fevereiro de 2025”, explica.
“Até hoje, não foi alcançada visibilidade sobre a melhoria do quadro de receitas reguladas, como as reformas do mecanismo “cargo por confiabilidade” e outras medidas potenciais, que a EDPR e a associação de energias renováveis da Colômbia defenderam como cruciais para permitir a construção de projetos eólicos”, conclui a empresa, no mesmo comunicado.
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