“Precisamos que os 16 mil milhões do PRR sejam mesmo usados”. Marcelo deixa agenda ao Governo

  • ECO
  • 1 Janeiro 2025

No ano em que Portugal assinalou os 50 anos do 25 de Abril, o presidente da República instou ao combate das desigualdades sociais.

Precisamos que os 16 mil milhões do PRR que temos para gastar nos próximos dois anos sejam mesmo usados“, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da República esta noite, na mensagem de Ano Novo, no Palácio de Belém.

No ano em que Portugal assinalou os 50 anos do 25 de abril, o presidente da República referiu que “invocar Abril é olhar para o futuro, não é repetir o passado”, sendo necessário combater as desigualdades. “Precisamos de menos pobreza. A pobreza de mais de dois milhões de portugueses é um problema de fundo que a Democracia não conseguiu resolver. Precisamos de mais igualdade social e territorial, precisamos ainda mais educação, de melhor saúde, de melhor habitação”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.

“Para isso precisamos de qualificar mais os recursos humanos, inovar mais, obter mais produtividade, continuar a antecipar, e bem, no domínio da energia limpa, no domínio do digital, da tecnologia de ponta, mas não deixar que se aprofunde o fosso, a distância, entre os jovens que avançam e os que não o podem fazer“, instou o PR. “Entre os jovens que avançam e aqueles com mais de 55 anos, 60 ou 65 anos que, cada vez mais, entram em becos com poucas ou nenhumas saídas”, reforçou.

“Numa palavra: uma economia que cresça e que possa pagar melhor e aumentar os rendimentos dos portugueses, assim corrigindo também, as suas desigualdades”, apontou.

“Precisamos que os números económicos e financeiros vindos do passado próximo naquilo que tiverem, e têm, e positivo e confirmados no presente se consolidem e acentuem“, frisou.

“Precisamos que Portugal fique mais preparado para enfrentar as aceleradas mudanças na Europa e no mundo”, disse.

O chefe de Estado falou ainda na relação com o Governo. “Precisamos que o bom senso que nos levou a reforçar a relação institucional e até a cooperação estratégica entre órgãos de soberania, nomeadamente, entre presidente da República e primeiro-ministro, prossiga”, disse. “E que nos levou também a aprovar os OE de 2024 e 2025 continue a garantir estabilidade, previsibilidade e respeito cá dentro e lá fora”, diz no seu primeiro discurso de Ano Novo já com Luís Montenegro à frente do Executivo.

Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou ainda a necessidade de “renovar a nossa democracia, não a deixar envelhecer”. “Em juventude, no papel da mulher, no combate à corrupção, na construção da tolerância e do diálogo, na recusa da violência pessoal, doméstica, familiar e social. Na capacidade das forças políticas, económicas e sociais, mas também do sistema de justiça, mas também da administração pública, para se virarem para o futuro para melhor servirem a comunidade”, disse ainda.

“Ser português é ser universal. Isto é decisivo na nossa identidade nacional”, reforçou o presidente da República num momento em que no país se discute o papel da imigração.

“Aprendemos com tudo e com todos. Não temos o monopólio da verdade e não deitamos nada fora, guardamos para a nossa memória coletiva”, disse ainda.

Em ano de eleições autárquicas, chefe de Estado frisou que acredita que “a vontade experiente e determinada do povo português” irá prevalecer, lembrando a vitória dos moderados no 25 de Abril.

Vitória de Trump é o “regresso a 2016”

Apesar do foco na realidade nacional, o discurso de Marcelo Rebelo de Sousa iniciou com os desafios que a Europa (e o mundo) enfrenta com os resultados das eleições norte-americanas em novembro que deram a vitória a Donald Trump.

As eleições norte-americanas deram o regresso a 2016, permitindo ao vencedor definir sobre a paz que quer, na Ucrânia como no Médio Oriente. Uma paz justa, duradoura, respeitadora do direito internacional e do direito humanitário, e por isso, da dignidade das pessoas? [Ou] uma paz injusta, precária, ignorando o direito e o respeito das pessoas e da sua situação humanitária? E para isso, tendo de escolher entre colaborar com a UE ou dela querer afastar-se. Com a Federação Russa e a China a ganhar mais ou menos consoante as posições americanas”, alertou.

Em termos muito simples: mais aliança entre EUA e UE na economia, na política, na Ucrânia, no Médio Oriente é melhor para a Europa e é pior para a Federação Russa e para a China, menos aliança é melhor para a Federação Russa e para a China”, sintetizou.

A UE tem como principal desafio “tudo fazer pela Aliança” com os EUA, mas não só. Deve manter-se unida, “não deixar cair alianças, nem aliados, preparar-se para uma situação complexa a Leste, ganhar peso militar próprio, recuperar economicamente, corrigir ao atraso no investimento no conhecimento, no saber, em que tem perdido pontos com os EUA e com a Ásia”, aponta.

E, “finalmente, reformar os seus fragilizados sistemas económicos, políticos e sociais. Tudo ao mesmo tempo”, para que a UE se possa “afirmar como uma potência mundial no mundo”.

(Última atualização às 21h14)

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